Em meio a barulhos de serra elétrica, impactos de golpes de machado e quedas de troncos, a Lagoa do Taquaral passa por uma transformação. A paisagem começa, aos poucos, a ser desfigurada. O trabalho de remoção de 181 árvores dentro do espaço, que teve início nesta segunda-feira, se estenderá por, pelo menos, mais uma semana de acordo com a Prefeitura.
O corte é amparado por um laudo elaborado pela equipe técnica da Secretaria de Serviços Públicos, a pedido do Ministério Público. O documento não indica risco de queda iminente, mas a Prefeitura prefere “evitar qualquer perigo”, conforme publicação em seu site.
Confira fotos e vídeo nesta reportagem (por Leandro Ferreira)
A queda de um eucalipto no dia 24 de janeiro que matou a menina Isabela Firmino Tiburcio, de 7 anos, desencadeou o processo de remoção que atinge ainda árvores de outros locais de Campinas.
A paisagem de parte do Centro também foi alterada após a extração de 27 árvores no trecho entre as avenidas Francisco Glicério e Abolição.
No Taquaral, os troncos estão caídos em meio a uma área antes tomada por sombras projetadas pelas copas. A sensação é de vazio para quem se acostumou com o verde do local.
A Secretaria de Serviços Públicos promete a reestruturação da paisagem por meio de um estudo, mas trata-se de um trabalho a longo prazo. O plano, afirma a Administração, é iniciar o plantio de espécies nativas, adequadas à região.
“O objetivo é que o local abrigue várias espécies de árvores que possam, além de proporcionar ar puro, sombra, abrigo da pequena fauna urbana, entre outros benefícios, forneçam sementes para que sejam cultivadas no Viveiro Municipal e para pesquisas”, afirma a Prefeitura.
O processo atual de remoção não atinge os eucaliptos, que ainda passarão por uma avaliação por parte do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) do governo do Estado. A Prefeitura alega que a espécie é protegida por lei ambiental. No entanto, 55 já foram removidos ou podados após orientação do Instituto Biológico, segundo a Secretaria.
A Lagoa do Taquaral segue fechada ao público, assim como outros 16 parques da cidade – nove foram reabertos no último mês.
Após a remoção das 181 das árvores, a Prefeitura decidirá se a Lagoa será reaberta. Independentemente da decisão, é certo que o trecho dos eucaliptos seguirá interditado. A Prefeitura afirma ainda que a medida de fechar os parques quando o volume de chuva atingir 80mm em 72 horas está mantida.