Depois da abertura de investigação preliminar contra três vereadores na semana passada, o promotor Angelo Carvalhaes recebeu novas denúncias de rachadinha na Câmara Municipal de Campinas.
A prática pela qual o parlamentar fica com parte do salário do assessor atingiria agora nove gabinetes, de acordo com as novas denúncias anônimas que chegaram ao Ministério Público.
Desta vez, são acusados de ficar com parte do salário dos funcionários de gabinete, os vereadores José Carlos Silva (PSB) – que também é presidente da Câmara; Permínio Monteiro (PSB), Edison Ribeiro (PSL), Jorge Schneider (PL), Marcelo Silva (PSD) e Gustavo Petta (PCdoB).
Na semana passada, o MP já havia iniciado uma investigação preliminar contra os vereadores, Nelson Hossri (PSD), Otto Alejandro (PL) e Filipe Marchesi (PSB). O nome de Marchesi também aparece nas novas denúncias feitas esta semana.
As denúncias falam de casos em que o vereador fica com parte do salário não apenas de funcionários de gabinete, mas também com parte dos ganhos de funcionários que consegue colocar na Administração Municipal.
Há denúncias, por exemplo, que dizem que o vereador Edison Ribeiro ganharia de funcionários lotados na Sanasa, na AR (Administração Regional) – 13 e na sub-prefeitura do Campo Grande.
A Mesa Diretora da Câmara Municipal de Campinas divulgou uma nota oficial a respeito.
“A Câmara Municipal de Campinas é uma instituição que cria e fiscaliza a aplicação das leis, e como tal age estritamente dentro delas. Neste sentido, entende ser salutar a investigação do MP para que as denúncias, mesmo as anônimas e que carecem de provas e fundamentos, sejam investigadas com o objetivo de comprovar a lisura dos acusados ou confirmar qualquer eventual desvio individual para que seja corrigido dentro da lei.”
O que disseram os vereadores:
José Carlos Silva – Presidente da Câmara
O presidente da Câmara se pronunciou por meio de nota.
“Estou em meu quinto mandato e nunca meu nome esteve envolvido em qualquer tipo de falcatrua. Reitero minha integridade e repudio veementemente as denúncias veiculadas na mídia sobre meu suposto envolvimento na prática de “rachadinha”. Não há nem poderia haver provas e fundamentos nestas acusações, já que se trata de mentira.
Lamento o envolvimento do meu nome com esse tipo de conduta abominável e fico à disposição do Ministério Público para contribuir com eventual investigação, que com certeza mostrará a verdade e comprovará a falsidade das denúncias”, diz a nota.
Vereador Gustavo Petta
O vereador Gustavo Petta disse ter reagido com “indignação” à denúncia. “Trata-se de uma denúncia anônima; feita sem nenhuma prova, justamente num momento em que meu mandato se destaca na luta contra o fascismo na Câmara”, disse.
“É evidente que é uma tentativa de espalhar denúncias e jogar todo mundo na mesma vala; um denuncismo”, avalia. “Não recebi nenhuma informação oficial do MP sobre isso, mas estou disposto a colaborar com qualquer tipo de investigação”, concluiu Petta.
Vereador Marcelo Silva
O vereador Marcelo Silva se pronunciou por meio de nota.
“Lamento que, alguns dias após eu votar contra aumento de salários e benefícios na Câmara Municipal e denunciar possível prática de rachadinha, tentem criminosamente envolver meu nome nessa prática que repudio e combato veementemente.
Trata-se, claramente, de uma denúncia anônima sem nenhum indício factível com o uníco objetivo de me atingir politicamente.
Dito isso, reforço que as minhas contas e as contas do meu Gabinete estão abertos ao Ministério Público e à população de Campinas. Não vão me intimidar e não vou retroceder no combate à corrupção e aos privilégios em Campinas.”
Vereador Edison Ribeiro
O vereador Edison Ribeiro se pronunciou por meio do filho, And´re Ribeiro. “Não tem canimento uma coisa dessas. Trata-se de inverdades. Jamais meu pai se prestaria a um negócio desses”, disse André.
“Meu pai, que sempre foi um pequeno comerciante na região do Campo Grande, entrou na política para ajudar a região. Uma coisa dessas (denúncias) mancha a política”, avalia
“Cabe a quem acusa o ônus da prova e a pessoa que denunciou tem de provar. Mas estamos tranquilos, porque meu pai jamais trabalhou dessa maneira”, garantiu.
Vereador Permínio Monteiro
O vereador Permínio Monteiro disse que só está sabendo das denúncias pela imprensa, já que garante não ter sido notificado pelo Ministério Público. “Desconheço essas denuncias, mas ônus da prova cabe a quem acusa”, adverte ele.
Vereador Jorge Schneider
O vereador Jorge Schneider disse estar tranquilo. “Não tenho preocupação com esse assunto, pois nada devo. Coincidência ou não, esse fato vem após eu depor no caso de racismo”, disse ele. “Estão querendo intimidar e mudar o foco”, acrescentou o vereador.
O episódio envolvendo a suspeita de um caso de racismo citado por Schneider ocorreu na sessão do dia 8 de novembro, quando uma manifestante teria proferido ofensas racistas contra a vereador Paolla Miguel (PT).
Schneider reconheceu a agressora em depoimento na Polícia. A mulher acusada, estava na sessão para apoiar um requerimento do vereador Nelson Hossri que pedia o fim do passaporte da vacina.
Vereador Filipe Marchesi
O vereador Filipe Marchesi – que é o único que aparece nas denúncias da semana passada e desta semana, disse apenas que desconhece as denúncias.
Vereador Nelson Hossri
“Isso é mentira. Jamais peguei dinheiro dos meus assessores. Trata-se de uma denúncia feita por ex funcionário que foi exonerado quando a Câmara Municipal recebeu uma ordem judicial para exonerar dois servidores por gabinete. Ele nunca aceitou a demissão. Trata-se de uma vingança pessoal e perseguição por motivação política”, afirmou o vereador, na semana passada.
Todos os vereadores citados foram procurados pela reportagem: assim que eles responderem, o texto será atualizado.