A eliminação da Ponte Preta na primeira fase do Campeonato Paulista, sacramentada com a vitória da Ferroviária sobre o Ituano, na última quinta-feira (6), só não provocou sentimento mais amargo na torcida porque as circunstâncias jogaram a favor. Afinal, o gol fatal de Renato Cajá na Fonte Luminosa aconteceu apenas 24 horas depois da ainda quente vitória por 3 a 1 sobre o Guarani, pelo Dérbi 199, no Moisés Lucarelli.
Na mesma noite em que a Macaca foi matematicamente desclassificada, o Bugre garantiu vaga no mata-mata, também por conta de resultados paralelos, mas o destino dos rivais parecia até mesmo ter sido o contrário, tamanha a diferença de astral causada pelos acontecimentos frescos do Dérbi.
No entanto, basta deixar de lado a emoção para se dar conta de que a campanha da Ponte Preta no Paulistão ficou muito abaixo do esperado, com apenas quatro vitórias, um empate e seis derrotas. O número negativo representa mais da metade dos 11 jogos até agora disputados.
Apesar de ter somado apenas um ponto nas primeiras três rodadas do Paulistão, a Macaca até engatou duas vitórias logo na sequência, mas a melhor série da equipe em toda a competição acabou ofuscada pela enorme distância de 34 dias entre os dois triunfos em questão (Botafogo e Santos). No meio do caminho, muita coisa aconteceu: surto de Covid-19 que afetou 32 profissionais do clube, paralisação do Paulistão decorrente da Fase Emergencial decretada pelo governo paulista e a decepcionante eliminação da Copa do Brasil para o Criciúma, que pouco tempo depois foi rebaixado para Segunda Divisão catarinense.
Quando a equipe do técnico Fabinho Moreno parecia entrar nos eixos, veio o choque de realidade contra o Red Bull Bragantino e o martírio diante do São Caetano, que só não terminou como tropeço porque Moisés estava em campo. Sem o atacante, que marcou seis gols e participou de outros cinco na competição, a Macaca certamente viveria um repeteco da aflição do ano passado e chegaria à última rodada brigando contra o rebaixamento junto com Santos, São Bento e Santo André.
Apesar de enfrentar a adversidade de disputar cinco dos primeiros sete jogos fora de casa, a Macaca chegou às últimas rodadas em condição de igualdade com a Ferroviária. Faltando cinco jogos, ambas as equipes somavam 10 pontos. No entanto, a partir do momento em que o torcedor pontepretano imaginou um desempenho e resultados, a equipe fraquejou e jogou fora a classificação.
Entre a 8ª e a 10ª rodada, a Ponte Preta simplesmente não foi capaz de somar nenhum ponto contra Inter de Limeira e Mirassol, em casa, e Ituano, fora. Imperdoável. Para aumentar a frustração, o período coincidiu justamente com o pior momento da Ferroviária no Paulistão. Entre os dias 14 de abril e 2 de maio, a equipe de Araraquara não conquistou nenhuma vitória e ainda perdeu o técnico Pintado, que resolveu deixar a equipe para assumir o comando do Goiás. Após apenas dois pontos somados em quatro jogos, a equipe de Araraquara reagiu, venceu Mirassol e Ituano e ainda se dá o luxo de descartar o resultado contra o São Caetano, antes de desafiar o São Paulo, dono da melhor campanha, nas quartas de final.
À Ponte Preta, resta apenas a consolação de tentar provocar a eliminação do Palmeiras, dando o troco do ano passado, e buscar o tetracampeonato do Troféu do Interior.
Inicialmente, a tradicional competição reúne os quatro melhores times do Interior que não se classificarem, mas depois agrega as duas melhores equipes interioranas eliminadas nas quartas de final. É possível até um Dérbi 200 contra o Guarani valendo a taça. Já imaginou?