Elementos da investigação do caso que resultou na morte dos jovens Heloise Magalhães Capatto, de 23 anos, e Leonardo Victor Cardozo, de 26, apontam falhas na segurança do show sertanejo realizado no Parque Unileste, em Piracicaba, no final de semana.
Testemunhas afirmam que a revista realizada na entrada do evento que contou com a apresentação da dupla sertaneja Hugo & Guilherme foi mal feita e há quem diga que nem chegou a passar por revista.
A falha nesse tipo de procedimento é comum, e pode resultar em casos de violência, principalmente nos eventos que reúnem um grande público. A tragédia no final de semana teve como causa disparos feitos por um policial militar na pista principal do show.
Caso comprove sua condição, um PM tem autorização por lei para portar arma em eventos públicos. Mas o depoimento de pessoas a respeito da má conduta dos seguranças em Piracicaba pressupõe a facilidade que existia para a entrada com armas no local.
Rose Nascimento, proprietária da Nasbet Serviços, empresa de Campinas especializada em segurança, critica a forma como o serviço de proteção é prestado nos eventos. Para ela, falta um melhor preparo dos agentes e mais responsabilidade de algumas empresas. Ela lembra que o prestador precisa ter o registro da Polícia Federal e seus seguranças estar em posse da Carteira Nacional de Vigilante para que o trabalho em grandes eventos seja executado de forma legal. A utilização de detector de metal é sugerida pela empresária.
“Muitas vezes, para obter a documentação necessária, as empresas enviam informações falsas aos órgãos responsáveis. Depois, na prática, o serviço prestado não corresponde àquele que foi informado”, diz, referindo-se a uma situação geral, sem associar seu comentário aos responsáveis pelo show de Piracicaba.
A empresária diz que foi a um evento de médio porte com o marido no domingo (20) e observou a falha na segurança. “Um dos que revistavam não tinha 18 anos. Além disso, olharam dentro da minha bolsa de forma bem rápida”, afirmou. “Também não revistaram as costas do meu marido, que é guarda municipal”, explicou Rose, acrescentando que guardas municipais costumam carregar arma nas costas.
A Burn19 Produções foi a empresa organizadora do show em Piracicaba. Segundo nota emitida pelos responsáveis, a festa contava com documentos legais e alvará para funcionamento.
Investigação
O autor dos disparos no show em Piracicaba teve a prisão temporária decretada nesta terça-feira (22). Ele é policial militar e se entregou na sede da Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) de Piracicaba, onde prestou depoimento.
Ele alega que um disparo foi acidental, após sua arma cair no chão durante um empurra-empurra. E depois, assustado, pegou a arma e atirou para se proteger. Pelo menos 4 mil pessoas estavam no local.
Leonardo Victor Cardozo foi sepultado em Piracicaba, e Heloise Magalhães Capatto, que era estudante de odontologia da Unicamp, em Elias Fausto. Outras duas pessoas ficaram feridas.