O material contendo pornografia infantil apreendido com o diretor da escola estadual Dona Castorina Cavalheiro, preso na segunda-feira (18) pelos policiais do 2º Distrito Policial (DP) Campinas, passará por uma análise minuciosa com objetivo de identificar uma possível rede de pessoas que produzia e compartilhava vídeos através de aplicativos.
Os peritos do Instituto de Criminalística (IC) farão a análise do conteúdo que estava em um celular, em dois computadores, um HD externo e em seis pen drives apreendidos tanto na escola como na residência de Adenilson Carlos da Costa, de 50 anos.
“Uma devassa mais completa desses dispositivos eletrônicos vai mostrar as pessoas com quem ele se relacionava e então seguimos a investigação instaurando outros procedimentos […] Certamente que esse material que foi apreendido vai dar um norte para essa investigação, para a gente buscar as pessoas que estão fornecendo esse material no mercado”, afirmou o delegado titular do 2º DP, Luiz Fernando Mariucci.
Nesta terça-feira (19) o diretor passou por audiência de custódia e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva. Adenilson foi preso em cumprimento a um mandado de busca e apreensão expedido pela 1ª Vara Criminal de Campinas.
Somente no celular do diretor os policiais constataram mais de uma centena de vídeos de pornografia infantil envolvendo bebês, crianças e adolescentes. Ele foi detido pelos agentes dentro da escola.
“Nós acreditamos que no computador pessoal possa ter outros dispositivos, e pelo o que nós pudemos apurar, ainda que superficialmente, é que esse material chegava até ele através de aplicativo, como Telegram, Whatsapp, e esse material era recebido e compartilhado por ele”, disse o delegado, durante coletiva de imprensa.
Denúncia anônima
Mariucci relatou que as investigações foram iniciadas há uma semana, após uma denúncia anônima que dava indícios do compartilhamento de um conteúdo pornográfico envolvendo crianças e adolescentes por parte do diretor.
“Através de alguns afastamentos de dados telemáticos, inclusive conseguimos observar indícios da prática do crime. Com isso foi instaurado inquérito policial, para então apresentar à Justiça pela busca e apreensão domiciliar e também pelo afastamento de sigilo de dados”, detalhou o policial.
A princípio, as apurações da polícia não dão indícios de que Adenilson fosse o produtor dos vídeos, ou que haveria a presença de crianças da escola estadual nos vídeos encontrados em seu celular. “Não foi flagrado em nenhum desses vídeos a pessoa dele. Então tudo indica, até agora, que ele é um consumidor desse material”.
“Agora o trabalho da investigação consiste em identificar quem são essas crianças, para saber se são da região de Campinas, se são brasileiras. Vamos esgotar nossas possibilidades, uma vez que essas crianças estão sendo vítimas de estupros, fato gravíssimo também”, explicou.
Apesar do mandado de busca e apreensão ter sido expedido para residência do suspeito, na Rua Barão de Jaguara, a ação teve que ser realizada no local de trabalho do diretor para evitar destruição de provas.
“Devido à natureza delicada do caso, uma equipe em campo identificou o suspeito na escola. Decidimos não esperar sua chegada em casa, optando por abordá-lo na instituição, visto que ele foi flagrado com o celular em mãos”.
Nota da Defesa
Em nota enviada à imprensa, a defesa de Costa informou que “apesar da prisão em flagrante, ainda não foram feitas as perícias técnicas nos materiais apreendidos, bem como não foram devidamente apuradas, quais foram as circunstâncias reais que ocorreram os fatos”.
“Neste sentido, não há como se fazer qualquer elucubração acerca da culpabilidade do investigado, sem que ao menos todas as provas sejam acostadas aos autos. Ressalta-se que o investigado ainda não foi ouvido, sendo leviano qualquer linchamento social do indivíduo, sem que ao menos lhe seja garantido o direito ao contraditório e à ampla defesa”, diz o texto.
A defesa afirma, ainda, que “será demonstrado, através que de provas, que o Sr. Adenilson não praticou os atos que a ele estão sendo imputados”.
A Secretaria Estadual de Educação também se manifestou, através do seguinte posicionamento:
“A Diretoria de Ensino Campinas Leste e o Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar – Conviva SP estão à disposição da polícia para colaborar nas investigações do citado diretor. Em paralelo, uma apuração preliminar sobre a conduta está sendo realizada. A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) repudia toda e qualquer forma de assédio dentro ou fora do ambiente escolar. O Conviva SP irá realizar ações de acolhimento aos estudantes, professores e equipe de gestão e, junto à DE e escola, está à disposição da comunidade escolar para esclarecimentos”.