A partir do ano de 2019, a vida de Rafael Atkinson Carvalho começou a mudar. E para melhor, ou muito melhor. Sua capacidade de aprendizado foi ampliada, a memória teve ganho significativo e a autoestima elevou. “Ele tem 26 anos de idade e, em todo esse tempo de vida, nunca vi nada igual”, celebra o pai Maurício Cardoso Carvalho, que atribui a “incrível” melhora de comportamento do filho à atividade física proporcionada pelo projeto Futsal Down da Ponte Preta, do qual Rafael faz parte desde sua formação, há quatro anos. No Dia Mundial da Síndrome de Down, celebrado nesta terça-feira (21), o projeto, que tem mais de 80 participantes, ganha ainda mais importância com o anúncio do fortalecimento da parceria junto à Unicamp.
“A Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp iniciou agora em março um curso de extensão de Futsal Down”, celebra Carvalho, que, além de pai de Rafael, é coordenador do projeto da Ponte Preta, aberto para pessoas a partir dos 4 anos de idade. Para Carvalho, a aproximação do projeto com a Universidade de Campinas trará como principal benefício o avanço de pesquisas na área.
“Todas as pesquisas realizadas até hoje foram feitas em cima de um público em torno de 350 mil pessoas que tinha o sedentarismo como característica”, explica. “E daqui dez anos, muito do que era prescrito vai cair por terra, pois as atividades físicas inseridas no dia a dia dessas pessoas elevam a imunidade, a qualidade de vida e acabam com o sedentarismo.”
A parceria com a Unicamp teve início em 2021, a partir de dois projetos apresentados por alunos da FEF na disciplina “Aprofundamento em Futsal”. “Procuramos levantar algumas ideias sobre como trabalhar com os atletas com Síndrome de Down e a parceria passou a ser desenvolvida”, conta o professor da FEF Sergio Augusto Cunha.
Segundo Carvalho, que curiosamente completa 60 anos de idade nesta terça-feira, o Futsal Down da Ponte trouxe uma inovação na modalidade no Brasil, que existe desde 2003. “Antes, as equipes formadas tinham como objetivo o alto rendimento. No nosso caso, como a ideia foi proposta por um grupo de pais, a visão leva em conta prioritariamente o desenvolvimento humano. E várias novas equipes que estão surgindo agora no Brasil vêm adotando o nosso modelo, com a abertura para o público feminino e crianças, a partir de 4 anos.”
E o alto rendimento vem na esteira do crescimento humano dentro da Ponte.
“O nosso atleta Renato Gregório foi eleito em abril de 2022 o melhor do mundo pela segunda vez consecutiva. E em quatro anos de existência, já conseguimos um título e chegar a duas finais de campeonatos importantes, como a Copa do Brasil e a Copa CBF Expo”, relata Carvalho, cuja meta é trabalhar para que exista até o final de 2023 pelo menos uma equipe de Futsal Down em cada capital do país. Os benefícios ele conhece de perto.
“Em 26 anos, meu filho nunca foi convidado para uma festa de um amigo de escola. Mas aqui no nosso time, cada atleta novo que chega é recebido no corredor de acolhimento, no qual todos gritam o nome dele e o aplaudem. Isso faz toda a diferença.