O Dia do Árbitro é comemorado neste sábado (11), em homenagem a esse profissional absolutamente indispensável para a prática ordenada de qualquer atividade esportiva. Responsável por mediar o espetáculo dentro das quatro linhas, interpretando e aplicando as regras de forma neutra, o juiz de futebol enfrenta uma realidade árdua e desafiadora, especialmente no Brasil, com condições de trabalho ainda bastante precárias, sob constante pressão e exposição.
Inserido no universo da arbitragem há cerca de 30 anos, em paralelo ao trabalho como professor de Educação Física da Unicamp, o campineiro Antônio Rogério Batista do Prado, de 50 anos, exerce a função de analista de arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), estendendo uma grande carreira que durou 20 anos como juiz de futebol. Entre 1996 e 2016, ele trilou o apito e apareceu na súmula de centenas de jogos do futebol brasileiro.
Durante duas décadas, Rogério Prado dividiu gramado com grandes craques de diferentes gerações como Romário, Ronaldo, Robinho e Neymar.
Antônio Rogério Batista do Prado, inclusive, foi o primeiro árbitro que expulsou o atacante do PSG e da Seleção Brasileira, que acumula 11 cartões vermelhos na carreira como profissional. A máxima advertência de estreia de Neymar aconteceu em março de 2010, quando o jogador defendia o Santos.
Um ano depois, Rogério Prado se tornou o primeiro e até hoje único árbitro campineiro a apitar o clássico campineiro entre Ponte Preta e Guarani, em caráter oficial e profissional – nos tempos do amadorismo, vários juízes locais apitaram Dérbis dos Campeonatos Campineiros, assim como o árbitro campineiro Wilmar Serra apitou dois amistosos profissionais, em 1969. Rogério trabalhou no Dérbi 186, disputado no dia 16 de julho de 2011, no estádio Moisés Lucarelli, que terminou com vitória alvinegra por 2 a 0, com gols de Ricardinho e Ricardo Jesus. O jogo foi válido pela 11ª rodada da Série B. A Macaca era comandada pelo técnico Gilson Kleina, assim como hoje, decorridos 10 anos daquele duelo.
Na ocasião, um acontecimento extra-campo condenável elevou a temperatura nas arquibancadas. Durante o intervalo, o então locutor do estádio, Raul de Freitas Lázaro, proferiu as seguintes palavras em provocação à torcida visitante: “Quem é pontepretano bate palma, e quem não é cacareja e bota ovo”, conforme relata a súmula da partida, redigida pelo árbitro campineiro.
“Após o ocorrido, a torcida do Guarani, que estava localizada atrás de uma das metas, ficou revoltada, atirando vários objetos para o campo de jogo. Em seguida, a Polícia Militar interveio, porém, mesmo assim os torcedores do Guarani colocaram fogo nos banheiros, papéis e madeiras que ali estavam”, descreve o documento.
“Eu joguei a responsabilidade para os jogadores em relação a como aquilo acabaria”
“Eu joguei a responsabilidade para os jogadores em relação a como aquilo acabaria. Pedi para que continuassem se respeitando, pois assim a nossa parte teríamos feito. Felizmente, foi um jogo limpo e tranquilo, com poucos cartões amarelos. A conduta dos atletas foi irreparável. Tomei boas decisões e correu tudo bem dentro de campo. O problema mesmo foi causado por uma pessoa externa que não tinha nada a ver diretamente com o jogo”, relembra Antônio Rogério Batista do Prado, em entrevista exclusiva concedida ao Hora Campinas.
Como resultado da confusão, os dois clubes foram punidos pelo STJD com multa e perda de 10 mandos de campo, que foram reduzidos para cinco e cumpridos na sequência da Série B – mesmo assim, a Ponte Preta conquistou o acesso. Já o locutor do estádio, pivô do tumulto, foi suspenso por 180 dias.
Confira abaixo a entrevista completa com o ex-árbitro de futebol e atual analista de arbitragem da CBF, Antônio Rogério Batista do Prado:
Hora Campinas: Como foi o início da sua trajetória como árbitro de futebol?
Antônio Rogério Batista do Prado: Comecei a apitar no início dos anos 90, no campo do Ideal Futebol Clube, em Joaquim Egídio. Depois, passei a fazer jogos amistosos de categorias menores e veteranos nos clubes de Campinas, como Cultura, Hípica, Círculo Militar, Regatas e Tênis. Em 1994, eu fiz o curso de arbitragem da Liga Campineira de Futebol e trabalhei em partidas de futebol amador de Campinas, Valinhos, Vinhedo e Hortolândia. Apitei jogos do Gazeio no Campo do Mogiana, por exemplo.
Como surgiu o seu interesse pela arbitragem? Você teve incentivo de algum familiar ou amigo?
Meu pai [Geraldo Prado] apitava jogos de futebol amador da Primeira e Segundinha no campo do Ideal, mas não cheguei a vê-lo em campo porque era muito criança. Na verdade, nunca pensei em ser juiz de futebol, o que eu queria mesmo era jogar bola, mas sempre me chamavam para apitar lá no Ideal porque não tinha mais ninguém. Eu arbitrava descalço e sem camisa, somente com um apito e um par de cartões. Sem conhecimento e técnica nenhuma, só sabia o que era falta, tiro de meta e escanteio porque sempre gostei de acompanhar futebol. Quando conheci o meu amigo Amarildo [Pires Fonseca], que pegava o mesmo ônibus fretado que eu para ir ao trabalho na Unicamp, ele me convidou para apitar, mas respondi que não tinha essa pretensão e muito menos uniforme. Ele respondeu que tinha tudo: camiseta, shorts, bandeira. Só me pediu para levar chuteira. Fui convencido e comecei a apitar junto com ele nos clubes da cidade. A partir de então, comecei a reparar que eu levava jeito para a coisa e ainda por cima ganhava um pouco de dinheiro. Se você está fazendo algo bem feito e ainda sendo remunerado por isso, você vai embora, então passei a me interessar cada vez mais e procurar os cursos. Resumidamente, meu começo como árbitro teve interferência genética por causa do meu pai, que apitava jogos de futebol amador, e grande incentivo do meu amigo Amarildo, que realmente me inventou na arbitragem.
Quando você começou a apitar jogos de futebol a nível profissional?
Quando terminei o curso da Federação Paulista, em 1996, eu já fui imediatamente escalado porque havia uma carência de árbitros naquela época. Meu primeiro jogo, como quarto árbitro, aconteceu em Andradina, a uns 600 quilômetros de Campinas. Eu brinco que quem me escalou estava querendo me testar para ver se eu realmente gostava de apitar, pois me colocaram em uma cidade bem longe. Eu comecei a trabalhar em categorias inferiores, que antes eram chamadas de infantil e juvenil, hoje a nomenclatura certa é sub-15 e sub-17, mas gradualmente fui subindo até chegar no Campeonato Paulista. Em 2000, apitei o meu primeiro jogo de elite estadual. Na época, o Paulistão foi usado como experimento da dupla arbitragem, usando uma técnica de mudança de lado depois de 22 ou 23 minutos de cada tempo da partida. A transição era feita quando a bola estava em uma zona morta. Esse teste durou três anos, mas não vingou mundialmente, diferentemente do VAR, que veio para ficar.
Por que não deu certo a experiência da arbitragem dupla?
Não prosperou por causa das características de cada árbitro. Por mais que a comissão de arbitragem tentasse aproximar os perfis, não se conseguiu evitar divergências de postura, de entendimento do jogo e de firmeza na parte disciplinar, por exemplo.
Quando você entrou no quadro de árbitros da CBF e passou a trabalhar em jogos de competições nacionais?
Eu entrei na CBF em 2003, quando comecei a apitar jogos em nível nacional e viajar para fora do estado, e permaneci até 2016, ano em que atingi o limite de idade da época (45 anos). Minha estreia aconteceu em um jogo entre Portuguesa e Marília, no Canindé, pela Série B. Hoje, a Lusa está na Série A2 e na Série D, divisão que nem existia quando iniciei, enquanto o Marília está na Série A3 e fora de qualquer divisão nacional.
Quais foram as maiores dificuldades que você enfrentou para conciliar a atividade na arbitragem com o seu trabalho como professor de Educação Física?
Eu tinha que conseguir conciliar o meu trabalho de carteira assinada com os treinos, jogos e viagens da minha vida como árbitro. Uma coisa que ajudava era que antigamente as partidas aconteciam mais aos fins de semanas, então não era como hoje, que tem jogo praticamente todo os dias, de segunda a domingo. A maior dificuldade mesmo era a parte do treinamento. O horário ideal para treinar é de manhãzinha ou depois do pôr do sol, mas como eu trabalhava em dois lugares além de apitar, eu tinha que treinar basicamente no meu horário de almoço, ou seja, ao meio-dia, com sol e calor, a céu aberto. Por outro lado, quando aparecia um jogo à noite para trabalhar, eu apresentava um rendimento melhor.
Em linhas gerais, como você descreve a vida de um árbitro?
Eu costumo brincar que o árbitro é “garçom em festa de rico”. Saíamos de casa para apitar partidas com jogadores que ganhavam 500, 700 e 900 mil reais, ou até mais. A nossa paga não chega nem perto do que o jogador recebe, mas eu estava lá fazendo o meu trabalho, como um garçom em festa de milionário. Quando acabava o jogo, eu voltava para a minha vida normal, que era completamente diferente do mundo dos jogadores.
Quais os maiores craques com os quais você já dividiu gramado?
Eu já tive a oportunidade de dividir o campo de jogo com Romário, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Adriano, Robinho, Neymar, Rogério Ceni e Marcos, entre tantos outros jogadores que já foram à Copa do Mundo. Também apitei um jogo do Dunga quando ele era treinador do Internacional. Peguei uma fase bacana, com grandes nomes e jogadores vencedores que passaram pelo futebol brasileiro e mundial. Eles fizeram parte de alguma forma da minha carreira. Você se sente parte importante daquele evento, ainda mais quando o jogo passava na televisão em horário nobre, no domingo à tarde ou na quarta-feira à noite.
Qual é a sensação de estar dentro de campo e atuar junto com figuras de tamanha qualidade e importância no meio do futebol?
Uma coisa é ver pela televisão, outra é assistir na arquibancada. Outra coisa completamente diferente é estar dentro de campo e ver a facilidade que os craques tem para jogar, como eles dominam a bola, como eles se olham, o que eles falam e conversam. A convivência é algo muito diferente. Os grandes craques são os que menos reclamam, enquanto os jogadores mais desprovidos de técnica são aqueles que mais reclamam em geral. O craque é muito difícil de reclamar. O Zé Roberto, por exemplo, é um cavalheiro, super educado. O Seedorf é outro caso de jogador que ganhou tudo e muito gente boa.
Era muito gostoso apitar jogos e conviver com esses caras, ainda que por pouco tempo, mas às vezes tendo que mostrar cartão amarelo ou expulsando.
Em 2010, você se tornou o primeiro árbitro a expulsar Neymar. Quais são as suas lembranças daquela ocasião?
Foi a primeira expulsão dele no profissional e aconteceu em um duelo entre Santos e Palmeiras, na Vila Belmiro. Foi um baita jogo, com sete gols e mais de 10 minutos de melhores momentos. O Palmeiras venceu por 4 a 3 de virada. Nos minutos finais, expulsei o Neymar porque ele deu uma entrada por trás no Pierre depois de perder uma disputa de bola. Foi uma falta de jogo, não houve nada além disso.
Em 2011, você se tornou o primeiro árbitro campineiro a apitar um Dérbi oficial e profissional entre Ponte Preta e Guarani, no Majestoso. Como foi a preparação antes do jogo?
“Na verdade, a tensão maior foi pelo fato de eu ser morador de Campinas”
O pontepretano falava que eu era bugrino e o bugrino falava que eu era pontepretano, então não tinha para onde correr. Foi uma situação bastante comentada antes da partida e a mídia bateu em cima querendo descobrir para qual time eu torcia. Tive que fazer uma grande preparação, principalmente mental, para poder atuar nesse clássico. Era um dos jogos que eu mais queria apitar na minha vida, mas nunca imaginava que teria essa chance pelo fato de ter nascido e viver na cidade. Nunca tinha acontecido isso, mas tudo sempre tem uma primeira vez.
O Dérbi que você apitou terminou com vitória da Ponte Preta e ficou bastante marcado pela provocação do locutor do estádio, causando revolta nos torcedores do Guarani, que entraram em confronto com a polícia, além de arremessarem e queimarem objetos. Como foi o desafio de controlar os ânimos dos jogadores?
“Eu falei que tudo aquilo que eles fizessem em campo refletiria na arquibancada”
O estádio estava cheio, com mais de 17 mil pessoas, e as duas torcidas estavam presentes, algo que não acontece mais hoje em dia. Antes de começar o jogo, eu dividi a responsabilidade com os capitães na hora de tirar cara ou coroa. Eu falei que tudo aquilo que eles fizessem em campo refletiria na arquibancada. Pedi que a conduta e o comportamento fossem adequados, respeitando o adversário ao invés de tratá-lo como inimigo. Quando um dos times marcasse gol, orientei para que a comemoração fosse feita com a própria torcida e não houvesse provocação aos torcedores adversários com gestos porque poderia gerar confusão generalizada na arquibancada, e ninguém queria isso. Expliquei que erros e acertos iriam acontecer, tanto da minha parte quanto da parte dos jogadores, mas a maneira como cada um lidaria com isso é que iria definir e nortear o nosso trabalho. Esses são fatores que criam um clima mais tranquilo para conduzir o jogo, mas de repente apareceu aquele locutor imbecil falando o que falou no intervalo. Mesmo já estando minimamente controlada, a situação necessitou uma nova conversa com os jogadores. Joguei a responsabilidade para eles em relação a como aquilo acabaria. Pedi para que continuassem se respeitando e se comportassem no segundo tempo da mesma maneira que agiram no primeiro, pois assim a nossa parte teríamos feito. A responsabilidade de quem falou o que falou seria o tribunal que julgaria.
Felizmente, foi um jogo limpo e tranquilo, com poucos cartões amarelos. A conduta dos atletas foi irreparável. Tomei boas decisões e correu tudo bem dentro de campo. O problema mesmo foi causado por uma pessoa externa que não tinha nada a ver diretamente com o jogo, e deu no que deu.
Após o Dérbi de 2011, você apitou por mais cinco anos e meio até pendurar o apito. Como aconteceu a transição para analista de arbitragem?
Depois de passar 20 anos apitando, minha despedida aconteceu no jogo entre Atlético-PR e Flamengo, em dezembro de 2016, pelo Campeonato Brasileiro. Logo depois disso, em janeiro de 2017, o então presidente da Comissão de Árbitros da CBF, o Coronel Marinho, me ligou convidando para fazer esse trabalho de análise de desempenho de árbitros. Em seguida, realizei o curso de instrutor de árbitros e, na semana retrasada, terminei o curso de observador de VAR, responsável por observar e analisar o trabalho do VAR, protegendo o protocolo. Resumindo, hoje eu sou analista de desempenho de vídeo, analista de desempenho de campo, instrutor de árbitro e observador de VAR.
Como funciona o trabalho e a rotina de um analista de arbitragem?
Eu assisto aos jogos e produzo um relatório para a comissão da CBF, apontando os aspectos técnicos, disciplinares e físicos dos árbitros. Avalio questões como controle de jogo, controle emocional, aplicação de cartões, boa compreensão da Regra 12 (falta) e, no caso dos assistentes, da Regra 11 (impedimento). Analiso o desempenho em equipe, o trabalho do quarto árbitro, o controle das áreas técnicas, enfim, faço um apontamento geral. Reporto lances capitais, como cartão vermelho aplicado e tiro penal marcado. Não atribuímos notas numericamente falando, mas através de redação e conceitos como “ótimo”, “muito bom” e “bom”. É um relatório bem completo que tem como objetivo dar uma base para a comissão continuar escalando ou não determinado árbitro, seja mantendo ou mudando de divisão. Esse é o trabalho do analista. A escala da CBF geralmente sai com cinco a seis dias de antecedência. Eu assisto aos jogos por vídeo ou então me dirijo ao campo, se for realizado no estado de São Paulo. Na semana passada, por exemplo, estive no Moisés Lucarelli analisando a arbitragem do jogo entre Ponte Preta e Sampaio Corrêa.
Quais foram os lugares mais exóticos e inusitados que você já visitou ao longo de sua carreira como árbitro de futebol?
Estive duas vezes em Marabá, no Pará, para apitar jogos do Águia de Marabá. É uma cidade bem distante, que fica a cerca de 600 quilômetros de Belém, mas possui aeroporto. É um calor danado, existe um rio enorme que eles aproveitam como uma praia e a culinária tem alguns peixes diferentes. Foi muita gostosa a experiência que eu tive lá. Outro lugar que visitei foi Manacaparu, cidade do Amazonas onde fica um time chamado Princesa do Solimões. Eu passei sobre o Rio Negro e vi lugares lindos. Lá tem muita água, vários rios e cachoeiras. É uma pena que a gente não consegue aproveitar muito porque estamos só de passagem, mas são lugares absolutamente diferentes. Também estive em capitais como Fortaleza e Porto Alegre, entre outras diversas, mas Marabá e Manacaparu foram os dois locais que mais me marcaram, até porque são lugares que dificilmente eu iria para conhecer e passear de férias.
Quais foram os maiores perrengues que você já enfrentou como árbitro?
“Os perrengues acontecem mais em jogos de divisões menores”
Passei por alguns perrengues, como por exemplo quando apitei um jogo entre Noroeste e Marília, em Bauru. O camburão precisou encostar a parte de trás bem na porta do vestiário para que eu pudesse sair porque tinham torcedores dos dois lados querendo me matar. Outro episódio aconteceu em Rio Claro, onde o vestiário dos árbitros é virado para a rua. Jogaram um paralelepípedo no vidro da janela para entrar e roubar todas as nossas coisas. A sorte é que não tinha ninguém lá dentro na hora. O ladrão se cortou inteiro e ainda limpou o sangue na minha toalha, que nem trouxe de volta para casa. Os perrengues acontecem mais nesses jogos de divisões menores. Quanto maior o nível da partida, ainda mais se for televisionada, é mais difícil acontecer. A repercussão dos grandes jogos é que pode virar um problema, mas nesses casos fica mais por conta da mídia.
Qual é a sua grande inspiração dentro da arbitragem?
Na verdade, a gente procura extrair um pouquinho de cada árbitro em termos de condicionamento físico, controle de jogo e calma. Eu sempre fui muito fã do Wilson Seneme, que hoje é presidente da Comissão de Árbitros da Conmebol. Sempre o admirei porque era um juiz muito seguro, firme e sério. Ele apitou grandes jogos e só não foi escalado para a Copa do Mundo porque teve problema no joelho. Para quem não sabe, o Seneme foi jogador de futebol, inclusive jogou nas categorias de base da Seleção Brasileira, e depois virou um árbitro espetacular.
Para você, quem é o melhor árbitro brasileiro da atualidade?
Hoje em dia, temos bons árbitros, mas escolho o Héber Roberto Lopes, embora ele não faça mais tantos jogos por causa da idade [49 anos] e esteja trabalhando com frequência maior no VAR. Héber é um árbitro muito experiente, tem um controle de jogo muito legal e se dá muito bem com os jogadores, que o respeitam muito, sem contar que é uma pessoa fantástica. Além dele, temos outros grandes árbitros como o Raphael Claus, que é um possível mundialista, e o Marcelo de Lima Henrique, que é cinquentão, mas ainda está apitando em alto nível.
Atualmente, como está a situação da cidade de Campinas em termos de arbitragem no futebol de alto escalão?
É uma grande pena, mas hoje Campinas não tem nenhum árbitro em nível nacional, mesmo com mais de um milhão de habitantes. Eu realmente fui o último. Antes de mim, tivemos outros, mas depois não veio mais ninguém. Nesse aspecto, Santa Bárbara D’Oeste está na frente de Campinas porque tem o Raphael Claus, que está em altíssimo nível, e o Vinicius Furlan, que atua mais no VAR. É claro que temos árbitros campineiros em divisões menores e novos profissionais chegando, então pode ser que surja alguém nos próximos anos. Campinas é uma cidade grande e precisa disso.