O Instituto Nacional de Câncer (Inca) e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) promovem webinar nesta segunda-feira (31) para celebrar o Dia Mundial sem Tabaco. O tema, definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é “Comprometa-se a parar de fumar”. O evento trará apresentações e debates sobre o risco de iniciação ao tabagismo a partir do uso de cigarros eletrônicos, além da abordagem mínima ao fumante. Nesse tipo de estratégia, o profissional da saúde sensibiliza o fumante a entender a razão pela qual ele fuma, destaca os benefícios em parar de fumar e o estimula a procurar tratamento.
O principal foco da campanha é reduzir o número de fumantes e, consequentemente, a incidência de doenças relacionadas ao tabaco e o câncer no pulmão, já que o tabagismo é um dos principais fatores para desenvolver a doença. “Fumantes com pneumonia causada pelo coronavírus têm 14 vezes mais chances de progressão da doença para formas mais graves e até morte, em relação ao não fumante”, afirma a diretora-geral do Inca, Ana Cristina Pinho.
Este ano, a OMS lançou o desafio com duração de um ano listando “101 razões para deixar de fumar”. Trata-se de uma maneira de mobilizar, motivar, sensibilizar e encorajar os tabagistas a pararem de fumar.
O tabagismo é o único fator de risco totalmente evitável e responsável por mortes, doenças e alto custo ao sistema de saúde.
Segundo Vera Borges, da Divisão de Controle do Tabagismo do INCA, para atender ao tema proposto pela OMS para o Dia Mundial sem Tabaco, diversas ferramentas devem estar à disposição do fumante. “Além do tratamento intensivo, que já é oferecido nas unidades de saúde do SUS, a abordagem breve feita por todo e qualquer profissional de saúde tem grande relevância nessa jornada, dado ao seu grande alcance”, observa.
Como reforço à campanha da OMS, no Brasil, a Opas juntamente com o Inca irá disponibilizar à população, a partir de hoje, um conjunto de materiais, como cards para internet, vídeos e cartazes, de esclarecimento e de orientação sobre os malefícios do tabaco. Os materiais trazem como mote ‘Parar de fumar é uma vitória’ e alerta para as diferentes formas que o tabaco se apresenta para crianças, como fumantes passivas, jovens e adultos. A campanha também irá disponibilizar aos profissionais de saúde uma cartilha para auxiliá-los sobre como fazer de forma simples, em seu dia a dia, a abordagem mínima ao fumante.
A programação do evento deste dia 31 contará também com homenagem à secretária- executiva da Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (Conicq), Tânia Cavalcante, contemplada com o prêmio Dia Mundial sem Tabaco 2021 nas Américas, concedido pela OMS. A premiação foi em reconhecimento à sua contribuição para uma política de controle do tabaco eficaz no país, por sua ação de intercâmbio de experiências bem-sucedidas com países da América Latina e africanos de língua portuguesa e também em nível mundial, colaborando com o Programa da Organização Mundial da Saúde.
Já no dia 2 de junho, o Inca promove a webconferência “Tabagismo, Covid-19 e Reforma Tributária”. Organizado pela Secretaria-Executiva da Conicq, o encontro reunirá especialistas para debater a relação entre tabagismo e Covid-19, além de abordar como a reforma tributária pode contribuir para atenuar os problemas sanitários, sociais e econômicos gerados pelo tabagismo, incluindo seu impacto na pandemia de coronavírus.
No Brasil, há 162 mil mortes anuais precoces decorrentes do tabagismo, e o País gasta R$ 125 bilhões ao ano com doenças e incapacitações relacionadas ao uso do tabaco. Porém, as indústrias do tabaco recolhem apenas R$ 12 bilhões ao ano em impostos sobre cigarros, o que deixa um saldo negativo de R$ 113 bilhões.
O Dia Mundial sem Tabaco foi criado em 1987 pela OMS para alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. No Brasil, o Inca é Centro Colaborador da OMS para controle do tabaco, sendo responsável pela divulgação e comemoração da data.
Cartilha ensina como parar de fumar
A Fundação do Câncer lançou em seu site a cartilha Prática para Parar de Fumar, que orienta a população sobre os malefícios do tabaco. “O que a gente fez foi uma cartilha com algumas dicas para aqueles que fumam, mostrando a importância de parar de fumar e o mal que esse hábito faz à saúde da própria pessoa e dos outros. A OMS fez uma relação de 100 razões para motivar as pessoas a pararem de fumar”, afirma o diretor executivo da Fundação do Câncer, Luiz Augusto Maltoni.
A cartilha deixa claro que o tabagista é um dependente químico. “É um dependente da nicotina, e a gente entende isso como uma doença”, ressalta o médico. É preciso que o fumante se convença de que precisa de ajuda, se conscientize disso e, depois, tome a decisão de parar. “Não é simples. A gente entende isso pela própria dependência”, disse. Maltoni explica que a dependência da nicotina ocorre, inclusive, com abstinência. Por isso, é muito importante ter apoio de quem está próximo, da família, dos amigos. Para os dependentes, ele recomenda que não devem ter vergonha mas, ao contrário, precisam exteriorizar a vontade de parar de fumar, porque obterão ajuda.
Mudança de hábitos
Uma das principais recomendações para a pessoa deixar de fumar é a mudança de hábitos, porque existe todo um cenário externo que facilita o hábito de fumar. Tomar um cafezinho após o almoço é um deles. A cartilha ajuda, indicando mudanças. Em vez do café, por exemplo, beber água. “Enfim, fazer alguma coisa diferente daquilo que leva a pensar ou ter vontade de fumar. Criar hábitos saudáveis, como alimentação adequada, exercícios físicos, tomar bastante líquido”, disse o médico.
Luiz Augusto Maltoni destaca também que tanto no sistema privado, quanto no Sistema Único de Saúde (SUS), há orientações sobre locais e gente treinada para ajudar quem quer deixar de fumar. O Disque Saúde atende pelo número 136. De maneira geral, as abordagens iniciais são feitas por profissionais da saúde que conversam, compreendem o grau de dependência do fumante e definem qual o melhor caminho a seguir.
Segundo o médico, o passo inicial costuma ser uma abordagem cognitiva comportamental, sugerindo mudança de hábitos, o que, na maioria das vezes, é feito em grupo. “É interessante, porque se trocam experiências, um ajuda o outro”. Depois, as reuniões vão se espaçando, até que a pessoa consegue parar. Em alguns casos, é preciso que se acrescente tratamento medicamentoso, que é feito de duas formas: ou pela reposição de nicotina, por meio de adesivos ou de goma de mascar, “e aí vai reduzindo a dose, sempre com orientação médica”, ou ainda com uso de antidepressivo, também disponível no SUS.
*Com informações do Inca e da Agência Brasil