O corpo docente da Escola Estadual “Professor Aníbal de Freitas” divulgou uma carta aberta à população, nesta sexta-feira (18), na qual se posiciona sobre a denúncia de preconceito e intimidação contra um aluno de 11 anos da escola, depois de ele sugerir um trabalho com o tema LGBT. No documento, os profissionais declararam que nunca nutriram qualquer tipo de preconceito ou discriminação e salientam que o episódio ocorrido na última sexta feira (11) não fez e não faz parte da metodologia e do caráter dos docentes.
Confira o conteúdo da carta, assinada pelo corpo docente da instituição de ensino:
“Embasados por trabalhos realizados ao longo de mais de uma década, nós professores desta UE, nos sentimos muito à vontade ao declarar que jamais nutrimos em nossa equipe, qualquer tipo de preconceito ou discriminação e salientamos que o episódio ocorrido com o estudante do 6° ano do Ensino Fundamental – na última sexta feira (11/06/2021) – não fez e não faz parte da nossa metodologia e muito menos do nosso caráter. Dessa forma não faz sentido as acusações e a hostilidade a nós direcionadas por parte das mídias sociais e da imprensa.
Queremos esclarecer também que permanecemos calados até o presente momento, por motivos profissionais, onde estávamos nos resguardando até adquirirmos base legal, que nos assegurasse ao cargo que ocupamos, para só então divulgarmos esta carta; também porque os fatos não nos foram completamente esclarecidos como o esperado pelos responsáveis ao ocorrido. Este corpo docente preza e incentiva ao protagonismo dos estudantes, bem como sempre prezou por um ambiente educacional livre de qualquer preconceito ou discriminação e estamos comprometidos em intensificar nossos esforços para promover atividades com temáticas diversificadas que possam continuar contribuindo para a inserção de nossos alunos na sociedade atual.
Desejamos muito que o lamentável fato ocorrido não afaste o nosso aluno de seus objetivos e sonhos para a transformação de uma sociedade mais justa e acolhedora; da mesma forma estamos de braços abertos para o acolher e juntos traçarmos caminhos que o leve à realização de suas metas.
A atitude tomada com relação ao fato ocorreu sem o conhecimento prévio e, portanto, sem análise e consentimento desta equipe docente.
Lamentamos muito tudo que se seguiu desde então e esperamos que o episódio tenha um desfecho justo de acordo com as normas legais que caibam ao caso e para o bem comum de todos os envolvidos, direta ou indiretamente nessa situação.
Nos tempos difíceis pelos quais estamos passando, nosso desejo é apenas e tão somente o de continuar desenvolvendo nosso trabalho com a mesma dedicação, responsabilidade, empatia e carinho como sempre fizemos e por isso sempre tivemos o reconhecimento da sociedade e de nossos superiores. Que continuemos em Paz!”
O caso
Um menino de 11 anos sofreu preconceito e intimidação na Escola Estadual Aníbal de Freitas, no Jardim Guanabara, em Campinas, ao sugerir que o tema LGBT fosse debatido em um trabalho escolar, segundo a família. O caso aconteceu na última sexta-feira (11) em um grupo de mensagens do colégio. Um boletim de ocorrência foi registrado.
A criança vive com a irmã Danielle Cristina de Oliveira, que fez um desabafo em uma rede social. Ela afirmou que nunca imaginou que passaria por uma situação como essa. “O meu irmão de apenas 11 anos fez uma sugestão no grupo da escola de fazer um trabalho falando sobre LGBT. Ele foi massacrado com tanto preconceito, como se ele tivesse cometendo um crime”, disse.
Ainda segundo ela, a coordenadora da escola ligou para o garoto na noite de segunda-feira. “Ligou para ele por volta das 20:30, acabando com ele, falando para ele retirar o comentário, que no caso foi uma sugestão de estudo, se não iria remover ele do grupo da escola, falou para ele que era inapropriado/inadmissível/que era um absurdo ele ter colocado no grupo, que ele precisava de tratamento”, contou.
A Secretaria da Educação de SP (Seduc SP) afastou nesta quarta-feira (16) a diretora e a mediadora da Escola.