Com apenas três vitórias em 20 jogos à frente da Ponte Preta, o técnico Hélio dos Anjos já não hesita mais em afirmar que este é o trabalho mais complicado de toda a sua carreira em mais de 30 anos como treinador, ultrapassando a marca de 20 clubes no currículo.
Mesmo há cerca de quatro meses no comando da Macaca, o técnico de 64 anos ainda não conseguiu corrigir problemas crônicos que a equipe carrega desde o Campeonato Paulista, como dificuldade de criação e escassez de gols. Desde a chegada de Hélio ao Majestoso, no fim de fevereiro, o time marcou 12 gols e passou em branco em 11 ocasiões.
A Ponte Preta possui o pior ataque da Série B, com apenas nove gols marcados, ao lado de Vila Nova e CSA, adversário desta próxima quinta-feira (7), às 19h, em Maceió. A Macaca vive um curioso paradoxo, já que o atacante Lucca é o artilheiro da competição, com sete gols, ao lado de Diego Souza, do Grêmio.
“Eu tenho uma preocupação grande, pois não é fácil fazer campanha de recuperação na Série B. A gente já precisava estar com pelo menos 20 pontos”, lamenta Hélio dos Anjos.
Na 19ª colocação da Série B, com apenas 14 pontos, a Ponte Preta não vence há cinco jogos e vem de três empates consecutivos, sendo o último deles com o Tombense, por 0 a 0, no último domingo (3), no estádio Moisés Lucarelli, em Campinas.
Para piorar, a Macaca não vence há mais de dois meses diante da torcida no Moisés Lucarelli. A última vitória dentro de casa aconteceu no dia 30 de abril, quando a Macaca bateu o Brusque por 2 a 0, no Majestoso.
Nos últimos cinco jogos como mandante, a equipe alvinegra amargou duas derrotas e depois empatou três vezes em sequência, marcando apenas um mísero gol nestes quase 500 minutos de futebol.
“Eu sonhei com 28 pontos no primeiro turno e agora estou sonhando com 24. Se a gente chegar nisso nos próximos três jogos, vamos para o segundo turno precisando de 21 ou 22 para escapar. Vai ser uma guerra, mas estamos criando uma casca. Quem sabe no segundo turno a gente esteja mais preparado para as dificuldades. A Ponte está começando a ficar do jeito que acho certo agora, com a saída de alguns jogadores e a chegada de outros”, destaca Hélio dos Anjos”, espera Hélio dos Anjos.
Dentro de casa, a Ponte Preta apresenta um aproveitamento levemente superior a 40% na Série B, mas precisa elevar o índice para escapar do rebaixamento. “Se fizermos de 55% a 60% de aproveitamento em casa, é um número razoável para não cair. São os pontos que lamentamos no nosso trabalho, como as derrotas para o Londrina e para o Novorizontino”, aponta.
“Vou falar com toda a sinceridade: cheguei à conclusão na semana passada que este é o trabalho mais difícil que peguei na minha carreira”, elegeu Hélio dos Anjos, que tem 64 anos de idade, metade deles como treinador de futebol.
Ao todo, Hélio dos Anjos possui três vitórias, oito empates e nove derrotas em 20 partidas à frente da Ponte Preta, o que corresponde a um baixo aproveitamento de 28,3%. “Acham que estou feliz com o meu aproveitamento de apenas três vitórias? A única coisa que falo publicamente é que tive proposta, mas não saí porque tenho um objetivo. Se eu quisesse sair, já tinha saído”, disse Hélio.
Apesar da pressão cada vez maior pelo fraco desempenho da equipe dentro de campo, Hélio dos Anjos afirma não se sentir fritado pelas arquibancadas. “Eu vou ser sincero. A torcida da Ponte está me respeitando muito e não estou vendo essa cobrança de louco. Normalmente, o que acontece é ser chamado de burro. Eu me sinto ofendido, pelo nível de trabalho e de vida que tenho, mas isso faz parte do futebol brasileiro. A cobrança tem que ser em cima de mim mesmo. A responsabilidade é minha”, releva.
“Quando não acontece o gol, você tem que escutar da torcida que o time é sem vergonha. Em hipótese alguma esse time é sem vergonha. Sem vergonha é aquele que não se dedica. E eles trabalham muito”, garante Hélio.
“Não tenho nada a reclamar da disposição tática e dedicação dos jogadores, mas futebol é gol. Se não sai, o treinador não treina, escolhe errado, é burro. Trabalhamos muito a parte ofensiva, mas estou com problema sério, já falei com eles e publicamente”, assume Hélio dos Anjos.
“A gente está estabilizando na parte defensiva, mas não estamos matando, e temos que matar, principalmente em casa. Isso cria instabilidade no trabalho, para quem comanda e para os comandados. A gente vai apertando a corda no pescoço”, pontua.
“Esse ano é muito difícil para o clube e acredito que, com a manutenção, a Ponte vai conseguir estabilizar em todos os sentidos no próximo ano. A necessidade do time se manter na Série B é muito grande. É o respaldo que a Ponte vai ter para se recuperar no ano que vem”, conclui o treinador da Macaca.