A primeira semana da volta às aulas presenciais na rede municipal de Educação de Campinas para alunos do Ensino Fundamental terminou de maneira satisfatória, de acordo com a Administração Municipal. Na média, cerca de 20% dos alunos compareceram às unidades escolares. Porém, um caso suspeito de Covid-19 surgiu em uma escola da região Sul. Ainda assim, o cronograma de retorno não será alterado. Nesta segunda-feira (3) é a vez das creches retomarem as atividades.
“O retorno às atividades presenciais nas escolas de Ensino Fundamental transcorreu dentro da normalidade, com toda atenção aos protocolos de segurança e acolhimento aos alunos e familiares que optaram por retornar. Em média, cerca de 20% dos alunos que poderiam voltar, efetivamente, compareceram”, informou José Tadeu Jorge, secretário de Educação.
Ainda segundo ele, não houve incidentes significativos nessa primeira semana da volta às aulas. “A avaliação dos procedimentos será permanente e até o momento não há razões que justifiquem alterações”, declarou.
O sindicato dos servidores informou que na última quinta-feira (29), em uma de suas fiscalizações, descobriu que uma funcionária foi afastada por suspeita de infecção pelo vírus. Ainda assim, o secretário confirmou que está mantido o retorno de até 35% das crianças matriculadas no Ensino Infantil.
O sindicato criticou o fato de a Prefeitura ter autorizado o retorno das aulas presenciais em meio à pandemia. Diz que essa decisão foi tomada sem que o ciclo de vacinação dos funcionários fosse completado (1ª e 2ª doses); nem que tivesse sido adotado um programa de vacinação em massa para a comunidade acadêmica.
“O Sindicato é contra a volta das aulas presenciais no pico da pandemia”, informa nota do sindicato dos servidores
“A primeira suspeita de caso de Covid-19 em menos de uma semana de retomada das aulas presenciais mostra o erro do governo municipal. O Sindicato é contra a volta das aulas presenciais no pico da pandemia e sem a tomada de todos os cuidados para evitar a contaminação pelo novo coronavírus”, diz a nota. A entidade diz que a situação será informada ao Ministério Público do Trabalho (MPT).
Por meio de uma nota, a Secretaria de Educação diz que segue todas as recomendações indicadas pelas autoridades de saúde, entre as quais, afastar imediatamente funcionários ou alunos que apresentem qualquer sintoma gripal. De acordo com a nota, os casos são automaticamente reportados aos serviços de saúde competentes para o acompanhamento e adoção das medidas preconizadas.
Carla Regina Pereira, de 28 anos, não permitirá que os filhos Antony, de 4 anos, e Arjen, de apenas 1, retornem para as escolinhas. “Não mandarei por medo deles contraírem o vírus. O Antony já tem asma e fico com receio de mandar para creche porque sei que é difícil para uma criança obedecer às regras da vigilância, distanciamento dos amiguinhos, usar máscara o tempo todo, creio que irá ser bem puxado. Então, sendo assim, eu prefiro mantê-los em casa, mesmo sabendo que também podem pegar a Covid, mas o cuidado é diferente. Para o Arjen, o risco é maior, pois na idade dele não usam máscara, ficam mais expostos à sociedade e ao vírus”, avalia.
Professores
O Hora Campinas entrou em contato com alguns professores para ouvir a avaliação deles sobre a primeira semana de aulas e se consideram que é o momento ideal para o retorno, mas eles se recusaram a falar por medo de represálias.
O Coletivo de Educadoras e Educadores da Rede Municipal de Campinas divulgou carta aberta contra o retorno presencial nas escolas de Campinas. “Entendemos que nossa cidade encontra-se em um momento muito difícil de controle dos casos da Covid-19, momento que exige manutenção e ampliação das medidas de proteção às vidas, visto que, segundo dados epidemiológicos, Campinas tem o maior índice em taxa de incidência do vírus e de mortalidade em todo o estado de São Paulo”, traz trecho da carta.
“Entendemos que nossa cidade encontra-se em um momento muito difícil de controle dos casos da Covid-19”, carta aberta do Coletivo de Educadores
O Coletivo ainda aponta que o sistema de saúde público e privado vem apresentando alta taxa de ocupação de leitos. “Diante desta crise sanitária e hospitalar na cidade, vimos, por meio desta carta aberta, tornar público nosso REPÚDIO AO RETORNO PRESENCIAL NAS ESCOLAS no pior momento da pandemia”, afirma. “A existência das novas variantes mais contagiosas e o aumento do nível de circulação de pessoas na cidade, com o anúncio de reabertura de comércios concomitante à reabertura de escolas, em meio às condições pandêmicas enfrentadas, aumentará a catástrofe sanitária em Campinas”, argumenta.
Região
Na contramão, outras cidades da região decidiram adiar o retorno presencial dos alunos. Em Indaiatuba, por exemplo, a previsão é de que isso só ocorra na segunda quinzena de maio, mas mantém depende de avaliação da situação.
A Prefeitura de Hortolândia, por sua vez, que também retornaria com o ensino presencial em maio, decidiu estabelecer o retorno apenas para junho. Segundo a Administração, a medida foi tomada em razão do monitoramento constante da pandemia do Coronavírus na região. Em Hortolândia, a vacinação dos profissionais da Educação, tanto da rede pública, quanto da iniciativa privada, está na fase inicial, beneficiando, num primeiro momento, os que têm 47 anos ou mais e atuam na Educação Infantil ou Ensino Médio.