A apresentação do Programa SuperAção, de melhorias para o Ensino Fundamental de Campinas, nesta quinta-feira (19), pela Prefeitura, expôs em números a extensão dos danos causados pela pandemia do coronavírus na rede municipal. Cerca de 15% dos alunos do ciclo 1 (4º e 5º anos) não estão com a alfabetização consolidada e 40% dos alunos do ciclo 2 (6º e 7º anos) têm defasagem em matemática. O reordenamento curricular proposto pela Secretaria de Educação é individualizado – haverá um plano em execução em cada uma das 45 escolas de Ensino Fundamental do município.
O anúncio do plano veio acompanhado do detalhamento dos investimentos em educação. Segundo o prefeito Dário Saadi, são da ordem de R$ 150 milhões, e incluem, além da contratação de pessoal, a aquisição de 65 mil equipamentos eletrônicos como tablets e chromebooks.
“Esse é um plano completo de ação para mitigar os efeitos da pandemia na aprendizagem. Campinas foi corajosa por levantar esses números por meio de uma ampla avaliação”, afirmou Dário.
Luis Roberto Marighetti, diretor pedagógico da Secretaria de Educação de Campinas, explicou que o déficit de alfabetização envolve diferentes níveis, assim como o de matemática, constatados a partir de avaliações realizadas entre novembro de 2021 e janeiro deste ano em 19 mil alunos.
“A pandemia e a ausência das atividades presenciais prejudicaram o processo de aprendizagem. Mas isso foi em níveis diferentes de escola para escola. A atuação por meio da lógica do reforço e da recuperação poderia consolidar as desigualdades” acredita.
Marighetti detalhou que o programa tem dois objetivos: reorganizar percursos formativos – currículos e conjunto de conteúdo – e ampliar a oferta de atividades e oportunidades de aprendizagem aos alunos, utilizando contraturno e plataformas como possibilidades.
“Quando olhamos os dados de cada escola, notamos que o impacto foi muito diferente em cada uma delas. Quase impraticável um plano implementado de maneira igual”, reforçou, lembrando que os planos serão reavaliados ao longo do período para ver a necessidade de ajustes
O programa se baseia e quatro pilares, conforme explicou o secretário de Educação, José Tadeu Jorge. Na categoria de recursos humanos, serão contratados 600 estagiários ao longo do ano para utilização específica na área pedagógica, mais do que o dobro do número habitual. A ideia é que todas as salas de ciclo 1 e ciclo 2 possam ter um estagiário. Também foi ampliado o quadro de professores adjuntos, com mais 60 profissionais, e contratados 35 psicólogos, além da disponibilização de cargos suplementares, caso a escola entenda que seja necessário ampliar a oferta de atividades.
Na área de recursos tecnológicos, houve incremento da internet para uso pedagógico nas escolas.
“Todos os alunos do Fundamental 1 e 2, EJA e educação especial estão recebendo um Chromebook. Terão em suas casas e também na escola o equipamento. São 22 mil alunos que deverão receber esses equipamentos”, confirmou o secretário de Educação.
No bloco de formação, o foco foi a formação no sentido de atualizar conhecimento ou atribuir mais conhecimento para esse processo educacional. O secretário informou que os investimentos nessa área quase dobraram.
Por fim, o bloco de acolhimento. “A pandemia mudou a vida das pessoas de várias maneiras, que extrapolam a educação. Atingiu de maneira diferente a aprendizagem e o comportamento. A ausência das atividades nas escolas causou uma série de dificuldades, que exigem muita atenção. Intolerância, violência, bullying se acentuaram e é preciso uma nova adaptação a toda essa vivência no interior das nossas escolas”, disse.