O empresário Celso Palma confirmou nesta quarta-feira (26) à CPI da Propina as denúncias que fez ao Ministério Público contra o presidente afastado da Câmara de Campinas, Zé Carlos (PSB), e o assessor Rafael Creato. Ele reforçou ter sido pressionado a liberar dinheiro para que o contrato com o Grupo Mais, empresa que opera a TV Câmara, fosse mantido.
Palma é o primeiro a depor à CPI que investiga o suposto esquema de cobrança de propina por parte de Zé Carlos junto a empresas terceirizadas. O vereador Marcelo Silva (PSD), que seria ouvido às 14h desta quarta-feira, teve o depoimento adiado para as 14h do dia 1/11, terça-feira.
Sabatina
Num depoimento que durou mais de quatro horas, Celso Palma complicou a vida do vereador Zé Carlos. O empresário afirmou que teve quatro conversas com o presidente da Câmara e Creato para a renovação de contrato, mas a manutenção do vínculo foi condicionada ao pagamento.
Palma disse que não aceitou pagar a propina e Zé Carlos só não rompeu o acordo por falta de tempo para a realização de uma nova licitação.
Hoje, o Grupo Mais mantém um contrato de 4,7 milhões com a Câmara. A empresa venceu três licitações para prestar serviço desde 2014
“Não vai colaborar com a equipe? Não vai ajudar”. Essas seriam as frases, segundo o empresário, que Zé Carlos falava a ele sobre o seu contrato. Ainda de acordo com Palma, a Câmara construiu um relatório sobre a prestação do seu serviço que tinha o objetivo de pressioná-lo a pagar a propina.
Ele conta que até chegou a aceitar concordar em pagar R$ 36 mil por mês para conseguir construir provas contra o parlamentar. “Eu aceitei mesmo sabendo que não pagaria”, disse ele. Segundo o MP, nenhum valor foi pago.
O empresário ainda afirmou acreditar que outros vereadores também se beneficiam com o recebimento de propina. Mas não soube especificar os nomes.
Zé Carlos e Creato
Zé Carlos se afastou da presidência em 26 de setembro, após a divulgação dos áudios que compõem a investigação. O afastamento teve 30 dias de duração e o vereador decidiu, ao fim dele, não retornar para a função para que a CPI tenha liberdade para trabalhar, segundo seu advogado, Ralph Tórtima Filho.
Já Rafael Creato pediu exoneração do cargo de subsecretário de Relações Institucionais da Câmara. A saída foi publicada no dia 27 de setembro em Diário Oficial.
LEIA MAIS SOBRE O ASSUNTO
Zé Carlos renuncia à presidência da Câmara, mas segue como vereador