Na segunda participação em Olimpíadas, após estrear como país-sede no Rio de Janeiro, em 2016, o badminton brasileiro fez história e conquistou a primeira vitória olímpica nos Jogos de Tóquio. A façanha coube ao jovem atleta Ygor Coelho, de 24 anos, que bateu Georges Julien Paul, das Ilhas Maurício, por 2 sets a 0 (21/5 e 21/16). Na sequência, o brasileiro foi derrotado pelo favorito e anfitrião japonês Kanta Tsuneyama por 2 a 0 (21/14 e 21/8) e acabou eliminado ainda na primeira fase do torneio individual masculino.
O badminton foi introduzido no programa olímpico nos Jogos de Barcelona, em 1992
Mesmo assim, o resultado demonstra uma evolução em relação ao desempenho da modalidade nos Jogos Rio-2016, quando Ygor Coelho tinha apenas 19 anos e se despediu da competição sem nenhuma vitória, assim como aconteceu com a jovem Lohaynny Vicente, à época com 20, na categoria simples feminina.
Desta vez, em Tóquio, a única mulher representante do país no badminton foi a atleta Fabiana da Silva, de 33 anos. Natural de Niterói, ela atua pelo Clube Fonte São Paulo, referência nacional da modalidade, em Campinas. Na sua primeira participação em uma competição olímpica, após integrar a equipe reserva nos Jogos do Rio-2016, Fabiana estreou com derrota para a ucraniana Mariya Ulitina por 2 sets a 0 (14/21 e 20/22). Na segunda rodada, a brasileira foi eliminada pela norte-americana Zhang Beiwen por 2 a 0 (21/9 e 21/10). Todos os jogos aconteceram no pavilhão esportivo Musashino Forest Sports Plaza, a oeste de Tóquio, em Chofu.
Embora tenha se despedido com duas derrotas, sem vencer nenhum set, Fabiana da Silva considera que a estreia nas Olimpíadas serviu para adquirir experiência. “Fiquei feliz com a minha participação nos Jogos Olímpicos. Meu objetivo era ganhar um jogo na fase de grupos, isso não aconteceu, mas dei o meu melhor em cada jogo e cada ponto. Acredito que alguns detalhes fizeram a diferença, principalmente no jogo contra a ucraniana. Estrear em Olimpíada sempre bate uma ansiedade muito grande, mas jogar com as tops mundiais é uma experiência incrível e levarei como aprendizado”, analisou Fabiana, em contato com a reportagem do Hora Campinas.
Em uma edição olímpica bastante singular por conta das restrições impostas pela pandemia de Covid-19, com ausência de público nos estádios e ginásios, além da adoção de severos protocolos de saúde, Fabiana da Silva salienta que as circunstâncias adversas não tiraram a beleza e o encanto de disputar um evento tão importante e grandioso.
“É claro que foi diferente por não ter tido público, mas a sensação de estrear em Jogos Olímpicos em nada mudou para mim. A emoção de estar ali jogando era a mesma”, afirma Fabiana.
A atleta de badminton viveu um momento particularmente especial no dia 27 de julho, quando comemorou o aniversário de 33 anos na mesma data em que disputou o segundo e último jogo decisivo da fase de grupos. “Foi muita emoção para um dia só. Na verdade, meu desejo de aniversário estava sendo realizado. Meu melhor presente foi estar nos Jogos Olímpicos e jogando. Não poderia pedir mais nada do que isso. O COB fez uma surpresa com um bolo e cantou parabéns para mim e também para uma atleta de tênis de mesa [Caroline Kumahara] que, assim como eu, estava fazendo aniversário naquele dia”, revela Fabiana da Silva. “Foi sensacional estar no meio dos melhores atletas do mundo e conviver com eles na Vila Olímpica”, acrescenta.
“Eu nunca tinha visitado o Japão e foi incrível, tudo muito bem organizado. Os voluntários dos Jogos eram super simpáticos, atenciosos e prestativos. Não podíamos sair da Vila para conhecer a cidade, então tudo que vi foi no trajeto do transporte que nos levava até o nosso local de competição. Estava muito calor, realmente quente”, descreve Fabiana.
Volta para casa
Após permanecer durante duas semanas no Japão, entre os dias 17 e 30 de julho, Fabiana da Silva ainda não voltou para Campinas. Ela está no Rio de Janeiro, sua terra natal, onde desfruta de período de descanso. “A princípio, estou de férias. Logo após Tóquio, retornei para visitar minha família, pois havia muito tempo que não passava algumas semanas com eles”, relata a atleta de badminton.
No dia 6 de agosto, Fabiana da Silva participou de um desfile a céu aberto em carro de bombeiro, em Niterói, ao lado de outros atletas locais que disputaram as Olimpíadas de Tóquio, como as velejadoras Martine Grael e Kahena Kunze, que conquistaram o bicampeonato olímpico em Tóquio. Já na última sexta-feira (20), Fabiana da Silva recebeu condecoração em evento oficial no Palácio da Cidade, no Rio de Janeiro, com a presença do prefeito Eduardo Paes, em homenagem aos atletas olímpicos do estado.
Futuro
De olho nas Olimpíadas de Paris, em 2024, a Confederação Brasileira de Badminton (CBBd) anunciou a convocação dos 16 atletas que iniciarão as próximas atividades da Seleção Adulta. A lista, divulgada na última sexta-feira (20), conta com a presença de Matheus Voigt e Tamires dos Santos, ambos do Clube Fonte São Paulo.
O primeiro desafio que a nova equipe enfrentará será o Brasil International Series, entre os dias 9 e 12 de setembro, no Complexo Esportivo de Badminton da UFPI, em Teresina, no Piauí. Comandada pelo técnico português Marco Vasconcelos, a Seleção Brasileira treina em Americana, na Região Metropolitana de Campinas (RMC).
Com destino indefinido, Fabiana da Silva projeta o futuro do badminton brasileiro e deseja que a modalidade continue crescendo no país, com investimento e resultados. “Para o próximo semestre, ainda estou conversando e analisando novos rumos e metas. O ciclo de Paris será mais curto, então o planejamento já tem que ser feito pensando primeiramente na classificação dos atletas. Espero que tenhamos mais atletas classificados e quem sabe alguma dupla”, almeja Fabiana.