O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi hostilizado por três brasileiros nesta sexta-feira (14) no Aeroporto Internacional de Roma, na Itália. Segundo a Polícia Federal, os agressores são de uma mesma família de Santa Bárbara D’Oeste. O filho do ministro chegou a levar um golpe no rosto.
A PF identificou os três agressores como Andreia Mantovani, Roberto Mantovani Filho e Alex Zanatta.
O episódio aconteceu por volta de 18h45 no horário local (13h45 no horário de Brasília). Andreia teria chamado Moraes de “bandido, comunista e comprado”. Logo depois, Roberto Mantovani Filho gritou e agrediu fisicamente o filho do ministro. Com o impacto no rosto, os óculos do rapaz chegaram a cair no chão. Após a ação, os três teriam prosseguido com os xingamentos.
Moraes estava na Itália para realizar uma palestra na Universidade de Siena.
Os envolvidos foram abordados pela PF ao desembarcarem no Brasil na manhã deste sábado (15). A identificação foi com base em reconhecimento facial. Os três responderão a inquérito policial, que já foi aberto e irá apurar os crimes de agressão, ameaça, injúria e difamação.
Roberto Mantovani Filho classificou o caso como “nada de mais”, de acordo com o jornal “O Estado de S. Paulo”. Ele também chegou a afirmar que “viu o ministro sentado numa sala, mas não dirigiu palavra a ele”, segundo o jornal “Folha de S. Paulo”.
Quem são?
Roberto Mantovani Filho chegou a concorrer à Prefeitura de Santa Bárbara D’Oeste em 2004. Atualmente, ele é filiado ao PSD e um reconhecido apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro. Também já foi presidente do União Agrícola Barbarense Futebol Clube. É marido de Andréia. Já Alex Zanatta seria genro de Mantovani Filho, casado com Bruna Mantovani. Ele é dono de uma corretora de imóveis, também em Santa Bárbara D’Oeste.
Manifestações
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, usaram as redes sociais para condenar a agressão.
“Até quando essa gente extremista vai agredir agentes públicos, em locais públicos, mesmo quando acompanhados de suas famílias? Comportamento criminoso de quem acha que pode fazer qualquer coisa por ter dinheiro no bolso. Querem ser ‘elite’ mas não tem a educação mais elementar”, criticou Dino em sua conta no Twitter.
Pacheco usou a mesma plataforma para condenar o ato. Ele considerou “inaceitável” a agressão sofrida pelo magistrado e sua família e afirmou que tal comportamento distancia do país do progresso.
“Mais do que criminoso e aviltante às pessoas, às instituições e à democracia, esse tipo de comportamento mina o caminho que se visa construir de um país de progresso, civilizado e pacífico”, disse Pacheco.
“Todos os lados precisam colaborar para que o antagonismo fique no campo das ideias e das ações legítimas. Se a Nação, ainda dividida, não é capaz de substituir o ódio pelo amor, que o faça ao menos pelo respeito”, acrescentou o senador.
Vários outros parlamentares se manifestaram. As deputadas Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) estão entre eles. “O ato é fruto do ódio e da ignorância desses que sempre alimentaram um projeto autoritário, antidemocrático e violento para o nosso país”, disse Jandira.
Já o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que é autor de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que atribui ao STF a competência para julgar ações antidemocráticas, afirmou que tentará votar o texto em agosto.
“A agressão de ogros contra Alexandre de Moraes mostra que é hora de punir os crimes de ódio, alguns já tipificados. Vamos enquadrar a intolerância política, como propus no ‘pacote da Democracia’. Vou procurar o relator Veneziano do Rego e o Presidente para votarmos em agosto”. (Com Agência Brasil)