A irmã e a advogada que representa a família do menino de 11 anos que foi hostilizado no grupo da Escola Estadual Aníbal de Freitas em Campinas, ao propor um estudo sobre grupos LGBT, pediram o afastamento da diretora e da mediadora da escola. A solicitação foi feita durante reunião na tarde desta terça-feira (15) na Diretoria de Ensino da Região Leste, que fica ao lado da escola. Além disso, os familiares exigem uma retratação pública da escola, admitindo que errou na forma como tratou o caso, que ocorreu na última sexta-feira (11). O episódio teve repercussão nacional e foi abordado em diversos portais e perfis na internet. A frente da escola amanheceu com cartazes colados em apoio ao aluno.
A advogada Silvia Pelegrino, que assiste a família nesse caso, fez algumas considerações durante a reunião. “Nós fomos à Diretoria de Ensino da Região Leste, que fica ao lado da escola, conversamos com os responsáveis e pedimos a retratação da escola de forma pública em mídias sociais e televisivas. Não só retratação no sentido de pedir desculpa para o aluno, isso é o mais óbvio, mas uma retratação no sentido de eles confirmarem que houve um erro da escola, eles admitirem o erro do procedimento da escola”, diz.
Ela afirma que a funcionária da escola que se apresentou como coordenadora e intimidou a criança no grupo da escola e depois em ligação telefônica, na verdade é mediadora. “Só depois soubemos que na verdade ela é mediadora e não coordenadora”, diz.
De acordo com ela, vai ser aberto um procedimento administrativo. “Relatamos tudo o que aconteceu e vamos aguardar a solução. Vai ser aberto um procedimento administrativo e pedimos também o afastamento da diretora e da mediadora. Pediremos também a retratão dos pais no grupo da escola porque alguns pais de alunos intimidaram o estudante”, afirma.
Ainda segundo a advogada ficou claro que é preciso algum tipo de capacitação dos profissionais da escola. “Foi demonstrado que a escola precisa de uma capacitação para acolhimento do aluno e também para acolhimento de assuntos que são tidos como polêmicos e que não deveriam ser”, diz. Ela informou que acionou a Comissão de Diversidade da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Campinas, para acompanhar os desdobramentos do caso.
Vários cartazes com frases de apoio à criança foram colocados na frente da escola em solidariedade ao menino. Na internet, milhares de comentários e compartilhamentos. A Secretaria Estadual de Educação foi procurada para responder sobre as solicitações da família e da advogada. Assim que se manifestarem a reportagem será atualizada.
“Esses profissionais da escola demonstram não estar capacitados para tratar de um assunto que é tido como polêmico, mas principalmente não estão capacitados no acolhimento da criança porque em nenhum momento alguém da escola foi a favor dele no grupo”, Silvia Pelegrino, advogada.
Entenda o caso
Um menino de 11 anos sofreu preconceito e intimidação na Escola Estadual Aníbal de Freitas, no Jardim Guanabara, em Campinas, ao sugerir que o tema LGBT fosse debatido em um trabalho escolar, segundo a família. O caso aconteceu na última sexta-feira (11) em um grupo de mensagens do colégio. Um boletim de ocorrência foi registrado e a família espera que medidas sejam tomadas com relação ao episódio.
A criança vive com a irmã Danielle Cristina de Oliveira, que fez um desabafo em uma rede social. Ela afirmou que nunca imaginou que passaria por uma situação como essa. “O meu irmão de apenas 11 anos fez uma sugestão no grupo da escola de fazer um trabalho falando sobre LGBT. Ele foi massacrado com tanto preconceito, como se ele tivesse cometendo um crime”, disse.
Danielle disse que falou com a coordenadora da escola sobre a conversa com a criança. “Ela falou para mim o seguinte: você não acha um absurdo ele querer saber sobre o LGBT? eu falei que não, pois aqui na minha casa nós não temos preconceito e já ensino o meu irmão a não ter também”, esclareceu.
A Secretaria Estadual de Educação, em nota enviada ao Hora Campinas, afirmou que repudia qualquer tipo de preconceito, que enviou um supervisor à unidade para apurar o caso e que colocou suporte psicológico à disposição do estudante.
A responsável pela criança reprovou a atitude da coordenadora. “Ela deveria ter ligado diretamente para os responsáveis e não coagir uma criança do jeito que ela fez. O meu irmão está triste. Ele já me pediu desculpa umas mil vezes, como se ele tivesse feito algo de errado, ele chora e eu choro junto”, escreveu.