Jaguariúna vai ganhar um novo centro de eventos que será construído na Fazenda da Barra, espaço histórico que foi recentemente revitalizado pela Prefeitura de Jaguariúna. O projeto do novo centro foi destaque do portal do Ministério do Turismo, com a confirmação pelo ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, da realização da obra em Jaguariúna com recursos do governo federal na ordem de R$ 1,77 milhão, oriundos do Ministério do Turismo.
O espaço terá 10.800 metros quadrados e contará com uma arena de apresentações multiuso com área de estar, lanchonete, sanitários, áreas funcionais para animais, veículos e equipamentos, área de carga e descarga e para trailers.
A expectativa é de que o espaço fique pronto em menos de dois anos.
“O projeto visa diversificar e incrementar o turismo no município. Esse centro de eventos poderá receber turistas de todos os lugares o ano todo. Desde eventos de cavalos de raça ao agronegócio, que podem fomentar de forma efetiva a economia local”, explica a secretária de Turismo e Cultura de Jaguariúna, Maria das Graças Hansen Albaran Santos. Segundo ela, o projeto já foi licitado e as obras deverão começar já neste mês de fevereiro.
O ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, ressaltou que a obra trará benefícios econômicos para a região, além de dar um novo equipamento para o turismo de negócios e de eventos do País. “A prioridade do nosso governo é investir em obras que realmente impactam na qualidade de vida da população e no desenvolvimento econômico das diversas regiões”, afirma o ministro.
O Ministério do Turismo destaca a relevância de Jaguariúna como cidade turística e promotora de grandes eventos, como o tradicional rodeio. Também cita o passeio da Maria Fumaça e a realização de festas e eventos, como o “Café com Viola”, festas juninas, entre outros.
“Poder executar mais uma obra em convênio com o Ministério do Turismo é algo que coroa nosso trabalho de anos na cidade. Já fizemos a Estação de Guedes, a revitalização da Fazenda da Barra, o novo portal de entrada da cidade, o Boulevard do Centro Cultural, o conjunto de deck e pedalinhos do Parque dos Lagos e agora faremos o centro de eventos”, conclui a secretária.
A história
Além de ser um referência do patrimônio cultural e arquitetônico da Região Metropolitana de Campinas (RMC), a Fazenda da Barra tem uma importância histórica no Brasil. A propriedade, hoje sob controle da Prefeitura de Jaguariúna, serviu de esconderijo para tropas federalistas vindas de Minas Gerais, até o encerramento da Revolução Constitucionalista.
Conforme consta nos registros desse episódio histórico, motivo de orgulho para todos paulistas, que encararam o governo de Getúlio Vargas, a Fazenda da Barra foi ocupada por tropas federalistas vindas de Minas Gerais, que lá permaneceram até o encerramento das hostilidades.
Esse confronto armado marcou a vida do País com combates entre tropas do Estado de São Paulo e Minas Gerais.
Os paulistas defendiam a convocação de uma nova Constituição e a deposição do governo Getúlio Vargas, considerado ditatorial. O conflito teve, inclusive, combates aqui na região e as tropas de Minas Gerais, que lutavam pela continuidade do governo Getúlio Vargas, ocuparam a Fazenda da Barra e fizeram dela um ponto de concentração e apoio logístico.
Quem passeia pelos arredores pode perceber um espaço preservado, integrado à natureza e ao verde de uma região que atrai o turismo rural, o bairro de Guedes. Bem perto da fazenda, além de chácaras e casas de moradores que estão lá há gerações, passa o Rio Camanducaia, manancial que é afluente do Rio Jaguari e bastante procurado por pescadores das imediações.
Cultura do café
A Fazenda da Barra teve origem na divisão da sesmaria do coronel Luís Antonio Souza e Bernardo Guedes Barreto. Em meados do século XIX, José Guedes de Souza, o Barão de Pirapitingüi e também tenente-coronel da Guarda Nacional, assume a liderança da fazenda que recebera de herança paterna.
Com o falecimento do proprietário, o filho, José Alves Guedes, herdou as terras e assumiu a fazenda, com 1.500 alqueires, sendo 150 alqueires utilizados para a cultura do café. A produção era alternada com a cultura de milho, feijão, arroz e outros cereais, assim como legumes para consumo interno. O restante da fazenda compreendia pastagens e floresta.
No final do sistema escravista, a fazenda recebeu grande número de italianos para trabalhar na plantação do café.
Durante a década de 1920, a movimentação na fazenda era intensa. Também aconteciam festas religiosas, pescarias e atividades esportivas e a fazenda recebia visitas constantes de amigos do casal, muitos deles envolvidos com o movimento da Semana de Arte Moderna.
Com a morte de José Alves Guedes, a propriedade foi vendida para Joaquim Machado de Souza, em 1932. Na década de 1950, a produtividade continuava intensa. Já em 2008, a sede e uma área envoltória de 16 alqueires foram adquiridas pela Prefeitura de Jaguariúna.