A Secretaria de Saúde de Campinas enumerou ao menos sete razões para manter o uso de máscara nas escolas, contrariando decisão da Câmara, que aprovou Projeto de Lei do vereador Marcelo Silva (PSD) que tornava facultativa a proteção entre os estudantes. Dos motivos citados, o mais contundente talvez seja a superlotação das unidades hospitalares pediátricas. Desde 30 de março, conforme os boletins divulgados diariamente pela Saúde, crianças aguardam em filas por vagas nos hospitais.
No último dia 5, a espera foi a mais longa de todas: 30 crianças ocupavam um lugar nas emergências enquanto esperavam a disponibilização de um leito no SUS Municipal. Entre os dias 18 e 22 de abril, a unidade pediátrica do Hospital de Clínicas da Unicamp bloqueou o atendimento por livre demanda durante 72 horas, na tentativa de desafogar o sistema.
Por conta da alta de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) das crianças, os boletins epidemiológicos emitidos diariamente pela Secretaria de Saúde passaram a incluir dados específicos sobre a pediatria, em 23 de março, quando o sistema começava a dar sinais de uma possível sobrecarga.
O que chamou a atenção em Campinas foi o fato de as síndromes respiratórias terem aumentado em número antes mesmo das mudanças climáticas que favorecem essas doenças – clima frio e seco. Levantamento da Secretaria de Saúde de Campinas mostrou que o número de crianças internadas com SRAG aumentou 102,73% em um mês, de fevereiro para março deste ano. Passou de 73 casos para 148.
Desde março, praticamente todas as 34 vagas de UTI do SUS Municipal se mantêm ocupadas. No SUS Estadual, a oferta varia de duas a uma vaga. A situação mais grave é de enfermaria. De 23 de março até essa quinta-feira (12), apenas um dia, em 7 de abril, não houve espera de crianças por vaga.
No documento em que esclarece sobre os motivos para vetar a flexibilização de máscara nas escolas, o Comitê Municipal de Enfrentamento da pandemia cita ainda outro motivo importante para a negativa: a baixa cobertura vacinal de crianças, tanto para Covid quanto para influenza.
Somente 41,3% do público de 5 a 11 anos de idade de Campinas completaram o ciclo vacinal contra a Covid. Pouco mais da metade dessa população (57,2%) tomou a primeira dose. Da população adolescente (12 a 17 anos), 64,9% estão totalmente imunizados. Em contrapartida, 96,6% da população adulto (a partir de 18 anos), se protegeram com as duas doses.