Antes mesmo de o novo decreto em Campinas permitir ocupação maior em restaurantes, vários desses estabelecimentos já vinham promovendo aglomerações e outros desrespeitos às regras vigentes. Em decreto publicado nesta terça-feira (17), a Prefeitura passou a permitir 100% de ocupação da capacidade desses locais, desde que respeitado um metro de distância, e sem horário estabelecido para fechamento. As casas devem obedecer ao limite estabelecido em seus alvarás de funcionamento.
A preocupação de parte da sociedade é que se instale um clima de final de pandemia, sem obediência às recomendações, e que a fiscalização não seja efetiva, principalmente por conta da circulação da variante Delta do novo coronavírus, que é apontada pelas autoridades de saúde como mais transmissível.
Na noite de último sábado, por exemplo, a reportagem flagrou um restaurante no bairro Ponte Preta com alta ocupação e sem distanciamento entre os clientes de mesas diferentes. Nos estabelecimentos dos distritos de Sousas, Joaquim Egídio, Barão Geraldo, e no bairro Cambuí, famosos pela vida noturna, a situação não é diferente, assim como em regiões mais afastadas da área central.
Durante o anúncio do novo decreto de flexibilização, vários munícipes reclamaram dessa situação na rede social do prefeito Dário Saadi (Republicanos). “Final de semana passado, os bares no Cambuí estavam abarrotados de pessoas, sem nenhum distanciamento”, disse Angel Fonseca.
“Acho precipitado liberar antes de pelo menos 70% estar com a segunda dose, pode atrapalhar o bom trabalho que vem sendo feito até agora, faltou bom senso nessa decisão”, apontou Eliane Massarotto.
“O povo está abusando prefeito. Aglomerados em eventos sem máscaras. Olha a variante. Continue chamando a atenção do povo. É desobediente”, reclamou Cristiane Beig.
Várias outras pessoas se posicionaram de forma contrária à nova flexibilização e com medo da variante Delta.
A regional Campinas da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) afirmou que desde junho está com uma campanha de conscientização chamada “A Pandemia não acabou – Respeite os protocolos e seja um estabelecimento responsável”. “São outdoors espalhados pelos principais pontos da cidade, com o objetivo de alertar empresários e a população em geral sobre a importância do cumprimento das regras e protocolos de segurança, como distanciamento, não aglomeração, respeito à capacidade de atendimento estabelecida em decretos estadual e municipal do Plano São Paulo”, explicou.
Além dos outdoors, a entidade faz alertas para seus associados em grupos de trabalho. Mas lembrou que é uma entidade sem poder de fiscalização. “Este papel de fiscalizar e punir cabe aos poderes públicos. São mais de 25 mil estabelecimentos existentes da região”, relatou Matheus Mason, presidente da entidade.
“Sabemos que existem comportamentos errados, onde a Abrasel não é conivente, e pedimos que aqueles que não operam dentro das normas e distanciamento sejam responsabilizados”, afirmou Matheus Mason.
Questionada, a Prefeitura de Campinas garantiu que haverá fiscalização quanto à capacidade dos estabelecimentos, se há presença de pessoas em pé, além de disponibilização de álcool em gel e uso de máscara. Também será fiscalizado se o estabelecimento está funcionando de acordo com o horário que está no alvará.
“Pode ainda haver força-tarefa se houver índice de contaminação alto em alguma região ou grande número de denúncias nos canais da Prefeitura. A Vigilância Sanitária também continuará a realizar ações de fiscalização em bares e restaurantes durante o período noturno entre as quintas-feiras e sábados”, ressaltou.
Decreto
A Prefeitura de Campinas publicou nesta terça-feira (17) o decreto que define a maior flexibilização do Plano São Paulo desde o início da pandemia do novo coronavírus. Pelas novas regras, bares, restaurantes, comércios e serviços de Campinas poderão funcionar com 100% de ocupação, desde que seja respeitado o distanciamento mínimo de um metro e apenas clientes sentados. Não haverá mais horário limite de funcionamento. A medida vale até 31 de outubro de 2021. Até então, a ocupação permitida era de até 80%, com horário de funcionamento até meia-noite.
“A volta do funcionamento dos bares é muito importante e esperamos uma pronta recuperação desse setor e de outras atividades correlatas, como cultura, imobiliária e fornecedores de matérias-primas”, afirma Matheus Mason.
Segundo o presidente da Abrasel, as novas regras trazem “um grande alívio” para os bares, que representam 30% dos estabelecimentos do setor de alimentação fora do lar e por 32% do faturamento antes da pandemia.