Quantas coisas no futebol seriam diferentes se não fossem os acréscimos? O Campeonato Brasileiro de 2023 é um grande retrato disso. Na Série A, o Botafogo chegou a abrir uma vantagem de 13 pontos na liderança, mas estagnou e vem acumulando sucessivos tropeços, entre eles uma histórica derrota de virada por 4 a 3 para o Palmeiras, sofrendo o quarto gol aos 53 minutos do segundo tempo. Depois disso, o time carioca ainda deixou escapar uma vitória sobre o Red Bull Bragantino, ao tomar o gol de empate em 2 a 2 aos 50′.
No último fim de semana, o Botafogo voltou a frustrar a sua torcida ao ceder empate em 1 a 1 ao Santos, tomando um gol no estouro do tempo regulamentar. O roteiro se repetiu nesta quarta-feira (29), com ainda mais requintes de crueldade, pois o Glorioso abriu o placar com um pênalti já dentro dos acréscimos, mas deixou o Coritiba empatar no lance seguinte. Os resultados custaram a ponta da tabela.
O Palmeiras, por outro lado, venceu dois jogos por 1 a 0 graças a gols marcados no último lance contra Cruzeiro e Goiás. Esses dois triunfos agora se mostram fundamentais para a equipe do técnico Abel Ferreira só depender das próprias forças para conquistar o bicampeonato.
Na Série B, a história é ainda mais cheia de exemplos. Não é exagero dizer que pelo menos dois times conquistaram o acesso graças a gols nos acréscimos em jogos espalhados pelo campeonato.
Na Série B, a história é ainda mais cheia de exemplos. Basta lembrar que, há algumas semanas, o Juventude venceu o Ituano por 2 a 1 com um gol de pênalti aos 56 minutos do segundo tempo, o que se provou decisivo para o acesso do time gaúcho. O Atlético-GO, por sua vez, anotou nada menos do que seis gols nos acréscimos que resultaram em vitórias ou empates ao longo do campeonato. Ao todo, foram sete pontos que fizeram toda a diferença para que a equipe goiana subisse com a pontuação mágica de 64.
Já o Novorizontino, que acabou em quinto lugar e deixou de conquistar o acesso por causa de um mísero ponto, lamentará para sempre a derrota por 2 a 1 de virada para o campeão Vitória, tomando um gol de pênalti no último lance do jogo, pela antepenúltima rodada. Isso sem falar no pênalti perdido contra o Atlético-GO, também no ato final da partida, em confronto direto na 35ª rodada.
A briga contra o rebaixamento à Série C também não ficou devendo gols nos acréscimos que mudaram o destino das equipes envolvidas e beneficiaram especialmente a Ponte Preta, que chegou à última rodada dependendo apenas de uma vitória dentro de casa sobre o CRB. A Macaca venceu por 3 a 0 e exterminou o fantasma que a assombrou durante todo o campeonato.
Rebaixado em 17º lugar, com 39 pontos, o Sampaio Corrêa sofreu três gols nos acréscimos que lhe tiraram pontos importantes em três partidas diferentes. Tudo começou no dia 29 de julho, quando estava vencendo o Atlético-GO por 2 a 0, mas acabou sucumbindo ao adversário e sofreu o empate aos 53′ do segundo tempo.
Já no dia 2 setembro, a equipe maranhense derrotava o ABC por 1 a 0, mas deixou a vitória escorrer pelas mãos ao tomar um gol do meia Matheus Anjos, ex-Ponte Preta, aos 46′. Por fim, no dia 4 de novembro, o Sampaio vencia o Tombense por 1 a 0, mas ficou com um jogador a menos, tomou o empate e depois a virada, aos 49′.
Se tivesse segurado pelo menos dois desses três resultados acima, o Sampaio Corrêa teria evitado a queda à Série C, independentemente da goleada por 4 a 1 sofrida para o Sport, na última rodada.
Se não fossem todos esses gols nos acréscimos, a Ponte Preta teria acabado atrás de Sampaio Corrêa e Chapecoense, e consequentemente teria sido rebaixada à Série C. Voltamos à pergunta que abre o primeiro parágrafo: quantas coisas no futebol seriam diferentes se não fossem os acréscimos?
Apesar de ter se salvado do rebaixamento graças a um triunfo sobre o já campeão Vitória na última rodada, a Chapecoense também deixou escapar pontos nos acréscimos em três jogos distintos, o que poderia ter lhe custado a permanência.
A equipe catarinense perdeu para o Atlético-GO por 1 a 0, com gol do atacante Matheus Peixoto, ex-Ponte, aos 50 minutos do segundo tempo. A Chape também deixou de vencer o Ceará, ao tomar o gol de empate em 1 a 1 aos 53′. Depois, ainda perdeu por 2 a 1 para o Tombense, sofrendo o gol da derrota aos 47′.
Na sequência, o Tombense emendou três derrotas seguidas, incluindo uma por 1 a 0 para a Ponte Preta, que quebrou um jejum de 10 jogos sem vitória da Macaca. O resultado tirou a equipe do técnico João Brigatti e devolveu a equipe mineira ao Z4.