Relatos sobre a ação de um grupo que supostamente simula vendas de artigos de culinária para atrair e sequestrar pessoas em Campinas circulam em vários grupos de WhatsApp desde o final do ano passado.
Segundo os depoimentos, os supostos golpes acontecem principalmente em estacionamentos de supermercados e shoppings, mas também há comentários de ocorrências na porta das casas.
Responsáveis pelos estabelecimentos citados nas conversas pelo aplicativo dizem que já “ouviram falar” dos casos e estão reforçando a segurança em suas dependências. A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo não informou se existe uma investigação a respeito. Em Campinas, a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) chegou a iniciar uma apuração dos relatos, mas o trabalho não teve sequência.
Os depoimentos nos grupos de WhatsApp são de alerta e caracterizam a ação de uma suposta quadrilha. De acordo com as conversas, a abordagem é feita por pessoas de “boa aparência” e “bem vestidas”. De forma educada, elas convidam a “vítima” para ir até um carro estacionado nas proximidades onde “panelas”, “cafeteiras” e outros artigos de culinária estariam à disposição para venda.
Os argumentos para atrair o interesse pela compra são variados. Segundo os relatos, nenhum deles se identifica como vendedor. São pessoas que dizem estar de passagem pela cidade e que estariam vendendo algumas sobras antes de retornarem ao seu local de origem.
Uma usuária relata que uma colega se interessou pela compra e, ao se dirigir até o veículo onde os supostos artigos estavam à venda, foi rendida por um grupo e obrigada a realizar várias transferências via pix enquanto circulava de carro pela cidade. A mesma usuária afirma que após saber do caso da colega, foi abordada no estacionamento de um supermercado. Assustada, recusou o convite e saiu do local rapidamente. Diz ainda que procurou informar o estabelecimento sobre a abordagem suspeita, mas não encontrou nenhum segurança no estacionamento na ocasião.
Os demais relatos aos quais o Hora Campinas teve acesso também são de pessoas que foram abordadas, mas, desconfiadas, se livraram do suposto golpe ao serem alertadas anteriormente por conhecidos ou mesmo em conversas pelo app.
Investigação
O delegado José Glauco Ferreira afirma que iniciou uma investigação sobre o caso no final do ano passado, mas o trabalho foi interrompido após mudanças nos comandos das delegacias do Estado.
No início deste ano, Ferreira se transferiu da 1ª DIG (Delegacia de Investigações Gerais) para o comando da 2ª DISE (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) de Campinas.
“Estávamos iniciando o trabalho, em busca de alguma ocorrência formalizada em Campinas, mas só tínhamos conversas de WhatsApp”, diz Ferreira. “Depois, houve essas transferências entre os delegados e não sei se o trabalho teve sequência.”
O atual comando da DIG afirma que não há nenhuma investigação relacionada ao caso em andamento no setor.