Você já agradeceu por estar vivo hoje? Você já agradeceu por ter nascido? Você já agradeceu por ter um teto, comida e uma família? Você já agradeceu por ter tido Covid e se curado? Já agradeceu por não ter sido contaminado? Já agradeceu porque enxerga, fala e anda?
Essas perguntas muitas vezes não passam por nossas cabeças. A mente, em tempos de correria e desafios hercúleos, como o que vivemos, orbita por pensamentos negativos e complexos. É comum não enxergarmos beleza, mas espinhos. É compreensível nem sempre vermos o copo mais cheio. Mas, enfim, é possível exercitar um sentimento que amplia em nós a saúde emocional, que dá vitalidade para os nossos atos, que nos coloca para o mundo sob outro ponto de vista.
É o que lembra a psicóloga Soraya Oliveira, com pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade Sorbonne, de Paris, e especialista em Dor pela Faculdade de Medicina de São Paulo. Segundo ela, a gratidão exerce um poder psicológico nas pessoas. “Ter positividade afeta a saúde mental e isso beneficia a pessoa integralmente”, afirma.
Pesquisas comprovam que agradecer fortalece o vínculo interpessoal, auxilia no bem-estar, aumenta a resiliência, reduz o estresse e ajuda a prevenir a depressão.
Em um estudo realizado com 300 adultos divididos em dois grupos, em um deles, que fez um exercício de agradecimento, apresentou melhora na saúde mental em comparação aos participantes sem essa atividade.
A palavra gratidão deriva do latim gratia. No dicionário, significa sentimento de graça experimentado por uma pessoa em relação a alguém que lhe concedeu algum favor, um auxílio ou benefício qualquer. Em outras palavras, uma forma de reconhecimento.
De acordo com pesquisadores da Harvard Medical School, em Boston, nos Estados Unidos, a gratidão é um poderoso remédio para o cérebro. O levantamento mostra que, ao experimentar o sentimento, duas partes do órgão são ativadas: pré-frontal medial ventral e o córtex na porção dorsal. As áreas estão envolvidas em percepções de recompensa, moralidade, interações sociais positivas e capacidade de entender o que o outro pensa.
Por todos esses benefícios, em 6 de janeiro é celebrado o Dia da Gratidão.
A psicóloga destaca que ser grato é muito benéfico. “Possibilita uma sensação de alegria e plenitude. A pessoa se sente completa com o que tem e com o que já conquistou. Além de valorizar a natureza também, por exemplo. Se sente em equilíbrio e com realização pessoal”, salienta a especialista.
“Quando se é ingrato, a pessoa vive se queixando, o que a impossibilita de ser feliz”, ressalta a psicóloga.
Ela analisa, ainda, que as pessoas passaram a ser mais gratas após a pandemia de Covid-19. “Em 2020 houve uma queda em se falar em gratidão, mas com a pandemia, as pessoas praticaram mais, pois estão dando mais valor à vida. Hoje em dia, existe uma cobrança também em relação àqueles que estão queixosos de algo. As pessoas cobram para que veja o que tem de bom na vida”, explica.
Soraya Oliveira conta, ainda, como as pessoas podem praticar a gratidão diariamente. “Ao acordar já devemos ser gratos por estarmos vivos. Quantas pessoas poderão não acordar bem? Então, devemos ser agradecidos por respirar sem nenhum aparelho, por ter uma casa, poder comer bem… É preciso ter gratidão pelas mínimas coisas, pois são nas coisas mais simples onde podemos encontrar a felicidade”, reforça a psicóloga.