Com a confirmação de mais duas vítimas, Campinas chegou a quatro mortes por febre maculosa este ano, uma a menos que em 2021. A Secretaria Municipal de Saúde retirou da lista uma das vítimas fatais, um homem de 30 anos que provavelmente se contaminou na Praça da Paz, na Unicamp, mas que é morador de Amparo.
A secretaria informou que no mês passado ocorreram mais duas confirmações de morte por febre maculosa no município e disse que “um dos casos informados na última divulgação se tratava de um morador de Amparo”.
São seis confirmações de maculosa no município e quatro óbitos. Duas pessoas infectadas se curaram da doença. São dois homens, de 43 e 27 anos, ambos infectados possivelmente no distrito de Sousas. No ano passado foram confirmados 11 casos e cinco mortes. Em 2020, foram sete casos e cinco óbitos.
Os meses mais secos e frios do ano consistem no período de sazonalidade da doença, que é endêmica na Região Metropolitana de Campinas.
O sucesso da resposta à contaminação pela maculosa depende do início rápido do tratamento, uma vez que a bactéria destrói a parede do vaso sanguíneo. O tratamento é realizado com um antimicrobiano específico. A partir do 7º dia de doença, a lesão torna-se, geralmente, irreversível, segundo informações da Fundação Oswaldo Cruz.
Casos de contaminação em Campinas
– Homem de 18 anos, soldado do Exército, lotado no 28º Batalhão de Infantaria Mecanizada. Início dos sintomas em 20 de abril. O local provável de infecção é uma área do Exército na Fazendo Chapadão, região Norte do município. Morreu no dia 24 do mesmo mês
– Mulher, 36 anos. Início de sintomas em 28 de julho. O provável local de infecção fica na região Sul. Morreu em 4 de agosto.
– Mulher, 45 anos. Primeiros sintomas em 1º de julho. O provável local de infecção fica na região Leste. Morreu em 5 de julho.
– Homem, 43 anos, com início de sintomas em 27 de maio. O provável local de infecção fica na região Leste. Evoluiu para cura.
– Homem, 27 anos, teve os primeiros sintomas em 3 de junho. O provável local de infecção fica na região Leste. Evoluiu para cura.
– Homem, 66 anos, com primeiros sintomas no dia 24 do mês passado. Morreu em 30 de junho. O provável local de infecção fica na região Leste.
Ações
A Secretaria Municipal de Saúde informou que programou diversas ações de prevenção contra a febre maculosa para setembro e outubro em Campinas. Entre as atividades, estão a continuação das visitas casa a casa na Vila União, região Sudoeste, para dar orientações aos moradores sobre os cuidados com a doença.
Em 12 de setembro está prevista capacitação para farmacêuticos dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf) do Distrito Noroeste. Na região Leste, em outubro, haverá uma capacitação com o Núcleo de Ação Educativa Descentralizada (Naed) Leste. A data ainda não foi definida.
A Pasta informou ainda que realiza constantes ações de prevenção. Desde o início deste ano mais de 50 atividades foram feitas com a população, setores da educação e redes de saúde pública e privada. Também há diversas ações intersetoriais que acontecem semanalmente em Campinas.
Saiba mais
Infecção grave, causada por uma bactéria e transmitida pelo carrapato conhecido como estrela, a febre maculosa tem sazonalidade nos meses mais secos e frios do ano. O período entre maio a outubro é o de maior risco de contaminação.
O quadro clínico é marcado por início brusco, com febre alta e dores de cabeça, podendo haver dores musculares intensas e prostração.
Na evolução da doença, podem ocorrer hemorragias, náuseas e vômitos. As manifestações clínicas surgem após um período de incubação que leva em média 7 dias, podendo variar de 2 a 15 dias, conforme Elba Lemos, Chefe do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
O surgimento de lesões na pele, no 3º ao 5º dia de doença, aumenta o grau de suspeição, muito embora existam casos nos quais este sinal pode não ser detectado – no caso de pacientes idosos, submetidos a tratamento específico precocemente, ou mesmo em pacientes negros, pela dificuldade de se observar as manchas negras, por exemplo.
Apesar de ser considerada uma doença de baixa frequência no Brasil, a taxa de mortalidade é elevada devido à falta de diagnóstico adequado e de tratamento precoce.
Os sintomas são facilmente confundidos com os de outras doenças, o que faz com que informações passadas pelo paciente sobre presença em áreas de risco de maculosa sejam determinantes para o sucesso do tratamento.
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