A inflação, a guerra da Rússia e Ucrânia, além das medidas impostas pela China, como lockdown em grandes cidades, em decorrência do programa Covid Zero, que ameaça causar desabastecimento de matérias-primas em escala global, são as principais preocupações da indústria regional para os próximos meses. Os dados fazem parte da Pesquisa de Sondagem Industrial de Abril, apresentada pela Regional Campinas do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).
O diretor do Ciesp-Campinas, José Henrique Toledo Corrêa, afirmou que a Sondagem apontou diminuição no volume de produção para 29% das indústrias em abril e queda no faturamento para 35% dos que responderam ao questionário. Para Corrêa essa retração da indústria regional é reflexo do conflito no Leste Europeu, “que se arrasta sem previsão de solução”. Recentemente o lockdown nas grandes cidades chinesas, por conta da Covid-19, trouxe mais problemas para as cadeias de abastecimento globais, com impactos também na indústria, acrescentou Corrêa.
O levantamento também mostrou que o custo das matérias-primas subiu para 62% das empresas, o que já é um reflexo da inflação.
“Temos a inflação mundial que está ligada a paralisação mundial por conta dos lockdowns, em 2022 os preços das commodities subiram bastante. E a gente tem o fato mais recente que é o lockdown da China. Os portos chineses estão fechados, fazendo com que o custo e o preço de muitos insumos que são fundamentais para a indústria subam. Sem contar a variação da taxa de câmbio que tem relação com isso tudo”, disse Corrêa.
O diretor do Departamento de Comércio Exterior do Ciesp-Campinas, Anselmo Riso, apresentou um painel preocupante, com o acúmulo de contêineres parados nos principais portos chineses, o que pode comprometer as cadeias produtivas em escala global.
“Tememos que isso provoque o desabastecimento de semicondutores e eletroeletrônicos, o que afetará a todos os setores da economia mundial, inclusive o agribusiness, nas próximas semanas ou meses”, acrescentou o especialista em comércio exterior.
A retenção de contêineres nos portos também provocou o aumento nos custos dos fretes de cargas com prejuízos para toda a cadeia produtiva. Os contêineres estão parados nos portos e quando as empresas conseguem encontrar algum disponível, o custo está 50% maior.
Indicadores
Na Sondagem Industrial do Ciesp-Campinas foram apontadas as principais preocupações da indústria regional, que podem afetar os negócios nos próximos meses.
Para 65% das empresas, a ‘variação da taxa de câmbio’ é uma dessas preocupações. Os ‘reflexos geopolíticos do conflito Rússia e Ucrânia’ foram respondidos por 18% das associadas.
A ‘taxa de inflação’ e a ‘instabilidade causada pelas eleições’ ficaram empatadas na terceira posição, cada uma delas com 6% das respostas.
Balança Comercial Regional
Em relação aos números da Balança Comercial Regional, em março de 2022 o valor exportado foi de US$ 303,3 milhões – 30,9% maior que em março de 2021. Já as importações no mesmo mês foram de US$ 1,103 bilhão – 14,7% maior do que em março do ano passado. O saldo em março de 2022 foi negativo em US$ 800,2 milhões – 9,6% maior do que o registrado em março de 2021.
A corrente de comércio exterior regional (soma das exportações e importações) em março de 2022 foi de US$ 1,406 bilhão – 17,9% maior que no mesmo mês do ano passado.
Em março os principais municípios exportadores da Regional Campinas do Ciesp foram, pela ordem: Campinas (25,1%), Paulínia (24,7%), Sumaré (13,2%), Mogi Guaçu (9%) e Santo Antônio de Posse (5,7%).
Já os municípios que mais importaram foram: Paulínia (37,7%), Campinas (28,1%), Jaguariúna (10,5%), Sumaré (7,4%) e Hortolândia (6,4%). O percentual do município refere-se a sua participação em relação ao total da Regional no Balanço Mensal.