A Polícia Civil cumpre nesta quarta-feira (5) mais uma etapa da Operação Raio X que investiga desvios de recursos na área da saúde. A investigação tem como alvo o ex-governador de São Paulo Márcio França e nomes ligados a ele, como seu irmão, o médico Cláudio França. Campinas é uma das cidades alvo de mandados de busca e apreensão. A ação conjunta com o Ministério Público de São Paulo e a Corregedoria Geral da Administração estadual cumpre 34 mandados de busca e apreensão em vários municípios do estado.
Além de Campinas, os alvos estão localizados na capital paulista, na Baixada Santista, em Bauru, Araçatuba e Presidente Prudente.
De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo (SSP), as investigações que levaram à operação desta quarta-feira estão sob segredo de Justiça e não serão divulgados detalhes para “garantir a autonomia do trabalho policial”.
O ex-governador de São Paulo, Márcio França, se manifestou pelo Twitter. Ele vê motivação política.
“Não há outro nome para uma trapalhada, por falsas alegações, que determinadas “autoridades”, com “medo de perder as eleições”, tenham produzido os fatos ocorridos nesta manhã em minha casa”, disse na rede social.
França negou ter relação com qualquer irregularidade que esteja sob apuração. “Eu não sou alvo de nenhuma operação, pois sou advogado particular, não tenho relações nem vínculo com serviços públicos. Não tenho relação com a área médica ou de saúde. Tenho 40 anos de vida pública, não respondo a nenhum processo criminal”, enfatizou pelo Twitter.
Histórico
A Operação Raio X foi deflagrada em setembro de 2020, quando foram cumpridos 237 mandados de busca e apreensão e 64 de prisão em municípios de São Paulo e em 57 cidades de outros estados, como Pará, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
À época, foi divulgado que a ação seria o resultado de dois anos de investigação que apontou a existência de um esquema de corrupção envolvendo agentes públicos para desvio de dinheiro em contratos de gestão de saúde com organizações sociais. Segundo a apuração, as licitações com as organizações que fazem a administração de hospitais e outros equipamentos de saúde eram fraudadas ou superfaturadas.
Condenações
Em dezembro de 2021, o Ministério Público de São Paulo informou que 12 pessoas acusadas em envolvimento nas fraudes apuradas pela Operação Raio X foram condenadas a penas que chegam a 21 anos de prisão. Eles teriam celebrado contratos superfaturados na administração de equipamentos de saúde em cidades do Interior paulista, como Birigui e Penápolis.
Segundo os promotores, interceptações telefônicas e análises do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicaram que o grupo desviava dinheiro público com preços acima da média e com pagamentos por serviços não prestados, justificados com notas fiscais falsas.
(Agência Brasil)