Por Eduardo Martins e Gustavo Magnusson
Com a invasão da Rússia à Ucrânia na madrugada desta quinta-feira (24), os jogadores brasileiros que atuam no futebol ucraniano pedem ajuda para deixar o território sob ataque. Ao todo, são 41 atletas nascidos no nosso País que atualmente defendem equipes da Ucrânia e seis deles já passaram pelo futebol campineiro, cinco na Ponte Preta e um na base do Red Bull Brasil.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, os atletas brasileiros do Shakhtar Donetsk e do Dynamo Kyiv, os dois principais times do futebol ucraniano, pediram ajuda ao governo brasileiro para sair da Ucrânia após o início dos bombardeios das tropas militares russas. Os atletas estão juntos em um hotel na capital Kiev.
“Estamos hospedados em um hotel, reunidos com as nossas famílias, por conta dessa situação e pedimos a ajuda de vocês. Devido à falta de combustível na cidade, fronteira fechada, espaço aéreo fechado, não tem como sairmos. Pedimos apoio ao governo brasileiro para que possa nos ajudar e alcançar o maior número de pessoas possível”, disse o porta-voz do grupo de jogadores, o zagueiro Marlon, do Shakhtar Donetsk, ao lado de companheiros de time, jogadores da equipe rival e familiares.
Atletas do Zorya Luhansk, o lateral Juninho e os atacantes Cristian e Guilherme Smith também publicaram nas redes sociais um vídeo pedindo ajuda para deixar a Ucrânia.
“Estamos passando por uma situação muito difícil e pedimos a ajuda de vocês para compartilhar esse vídeo. Queremos alcançar o maior número de pessoas possível com esse vídeo. Que todos vocês possam compartilhar para que o governo brasileiro possa nos ajudar nesse momento tão difícil”, afirmou Guilherme Smith.
Atualmente no Metalist 1925, os meias Fabinho e Derek, além do atacante Marlyson, também foram às redes sociais pedir ajuda para deixar a Ucrânia.
“Estamos em um momento crítico no País e gostaríamos de sair daqui em segurança. Nossa família está preocupada e pedimos para que o vídeo seja compartilhado para sairmos daqui em segurança. Não somente nós, mas todos os brasileiros que estão por aqui”, pediu Fabinho.
“Estou passando aqui para pedir ajuda de vocês para compartilhar esse vídeo e chegar até as autoridades para que a gente possa sair daqui o mais rápido possível em segurança”, pediu Derek.
“Estou pedindo ajuda para que vocês possam ajudar esse vídeo chegar nas autoridades do Brasil para deixarmos o país o mais rápido possível e ficarmos ao lado de quem amamos”, concluiu Marlyson.
Vestindo a camisa do Metalist Kharkiv, o lateral-direito Mailton, e os atacantes Paulinho Bóia, David e Matheus Peixoto, conseguiram escapar da Ucrânia antes do início do conflito.
Como o Campeonato Ucraniano está paralisado desde dezembro do ano passado, os atletas realizavam pré-temporada em Antalya, na Turquia, e voltariam ao território ucraniano nesta quinta-feira (24), visando ao reinício da competição, que aconteceria neste próximo fim de semana. Devido à situação crítica da Ucrânia, os jogos foram suspensos.
Por conta da invasão russa, os aeroportos foram fechados, e os brasileiros permanecem na Turquia.
Meia dúzia de “ucranianos” com passado campineiro
Seis dos mais de 40 jogadores brasileiros que atuam no futebol da Ucrânia, vivendo momento de aflição devido ao recente ataque da Rússia, possuem passagem pelo futebol campineiro. O que deixa mais saudades é o volante Maycon, de 24 anos, que está no Shakhtar Donestk desde junho de 2018. Ele defendeu a Ponte Preta no segundo semestre de 2016, emprestado pelo Corinthians.
Com a camisa da Macaca, Maycon disputou 16 partidas do Campeonato Brasileiro da Série A e três da Copa do Brasil, todas como titular. Ele marcou um gol na vitória por 3 a 0 sobre o Santa Cruz, no Moisés Lucarelli, pelo Brasileirão. Sob o comando do técnico Eduardo Baptista, a Ponte Preta terminou a competição na 8ª colocação, com 53 pontos, melhor campanha da história do clube alvinegro no sistema de pontos corridos. Depois disso, Maycon retornou ao Corinthians, onde se sagrou campeão brasileiro, em 2017, e bicampeão paulista, em 2017 e 2018.
Companheiro de Maycon no Shakhtar Donetsk, há 10 anos no futebol da Ucrânia, o experiente atacante Júnior Moraes, de 34 anos, também já atuou pela Ponte Preta no passado. Naturalizado ucraniano, com diversas convocações para a seleção do país, Moraes integrou o elenco alvinegro na disputa da Série B de 2008. Emprestado pelo Santos, onde havia sido campeão paulista em 2007, inclusive marcando um dos gols na final contra o São Caetano, Júnior Moraes disputou nove jogos pela Macaca e se despediu sem nenhum gol marcado.
A elite do futebol ucraniano conta com outros dois atletas brasileiros que já passaram pelo Majestoso, mas sem tanto destaque. São eles os jovens atacantes Marlyson, de 24 anos, do Metalist 1925, e Bill, de 22, do Dnipro-1. Os dois defenderam a Ponte Preta em 2019. Marlyson disputou cinco jogos do Campeonato Paulista, sem nenhuma bola na rede, enquanto Bill foi utilizado em 10 jogos da Série B, com um gol marcado na vitória por 4 a 0 sobre o Brasil de Pelotas, no Majestoso, pela última rodada.
Além de Bill, o Dnipro-1 também conta com o atacante Felipe Pires, de 26 anos, que teve passagem pelo Palmeiras em 2019 e foi revelado pelo Red Bull Brasil, em Campinas.
O atacante Matheus Peixoto, de 26 anos, é mais um ex-pontepretano presente no futebol ucraniano. Ele atua no Metalist Kharkiv, líder disparado da segunda divisão, onde é artilheiro isolado da competição, com 14 gols.
Durante a pandemia de Covid-19, Matheus Peixoto disputou 33 jogos pela Macaca, todos na Série B de 2020, onde marcou cinco gols na campanha que quase resultou em acesso. Antes de se transferir para o futebol ucraniano, em agosto do ano passado, Peixoto estava no Juventude e era o artilheiro do Campeonato Brasileiro, com sete gols em 13 jogos.
Atualmente, não há nenhum jogador brasileiro no futebol da Ucrânia que já tenha vestido a camisa do Guarani.
Confira os nomes dos 41 jogadores brasileiros que atuam em equipes ucranianas:
Shakhtar Donetsk: Vitão, Marlon, Dodô, Vinicius Tobias, Ismaily, Maycon, Marcos Antônio, David Neres, Tetê, Alan Patrick, Pedrinho, Júnior Moraes e Fernando.
Dinamo Kiev: Vitinho
Dnipro-1: Busanello, Felipe Pires e Bill
Vorskla Poltava: Lucas Rangel
Zorya Luhansk: Juninho, Cristian e Guilherme Smith
Kolos Kovalivka: Diego Carioca e Renan Oliveira
Chornomorets Odessa: Wanderson
Metalist 1925: Fabinho, Marlyson e Derek
Metalist Kharkiv: Mailton, Paulinho Bóia, David, Matheus Peixoto
Rukh Lviv: Edson e Talles
Inhulets Petrove: William
Hirnyk Sport: Kleber Juninho e Bruno Ernandes
VPK-Ahro Shevchenkivka: Daniel Jesus e Vicente
FC Uzhhorod: Jonatan Lima
Epitsentr Dunaivtsi: Claudinei Barbosa
Chayka Kiev: Nivaldo