Sessenta e quatro anos dedicados ao jornalismo impresso dizem tudo sobre Antonio João Boscolo, gráfico, arquivista e portador das memórias mais longevas do cenário da imprensa campineira. Nesta quinta-feira (9), Boscolo, como era conhecido, faleceu aos 82 anos de idade, ainda como funcionário do jornal Correio Popular. O velório começa às 11h30 desta sexta-feira (10), no Cemitério da Saudade, em Campinas, onde o corpo de Boscolo será sepultado às 15h30.
Em seu trabaho de uma vida toda, Boscolo compilou fatos da cidade ao mesmo tempo em que ajudou a compor a história do jornalismo campineiro. Foi o raro personagem capaz de ser protagonista e coadjuvante.
Boscolo transitou pela redação do jornal campineiro nas mais diferentes tarefas, e sempre com tempo para uma pausa em alguma mesa. Gostava de trocar ideias com jornalistas sobre fatos e paixões, como a Ponte Preta. Também não esquecia de perguntar da família dos colegas de trabalho e pedir opinião sobre o desfecho de temas que o preocupavam.
Presenteava a todos com histórias sobre o que só ele viu, um passado de sindicalismo, de prensa, de chumbo, de tipografia, de coisas que a maioria das pessoas daquela redação nem tinha ouvido falar, mas que Boscolo conhecia como ninguém.
Operação de linotipo, fotocomposição, microfilmagem, foto digital, hermes. O jornalismo mudava e Boscolo participava das transformações. Deixava para trás memórias do impresso e criava novas passagens. Viveu o antes e o depois da era digital e conseguiu atravessar fases distintas da escrita jornalística sem lamentar o que ficava para trás.
Como responsável pelo Centro de Documentação (Cedoc), seu último cargo no jornal, Boscolo não precisava de indicativos, e nem de programas, para saber exatamente onde se encontravam as imagens, ainda em papel fotográfico, que ajudaram a moldar sua própria história. O arquivo era a terra de Boscolo. Foi lá onde trabalhou nos últimos 30 anos.
Memórias não faltarão ao amigo Boscolo. De todas as épocas, cargos e passagens do jornalismo campineiro.