Uma rouquidão, alteração na voz ou dor persistente para engolir podem parecer sintomas de doenças leves do dia a dia, mas os médicos aconselham uma investigação. Muitas vezes confundidos com os de uma gripe, os sinais podem ser indicativos de tumores de cabeça e pescoço, que ocupam a quarta posição entre os tipos de câncer mais frequentes nos homens brasileiros e, por desinformação e diagnóstico tardio, podem ser fatais.
Para mudar essa realidade, os oncologistas do Grupo SOnHe ressaltam a importância do “Julho Verde”, campanha dedicada à conscientização das pessoas sobre a prevenção de uma doença que é silenciosa.
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima 10.900 novos casos de câncer de cavidade oral e 6.570 de laringe para o ano de 2023. Esses são os tumores com origem na boca (cavidade oral), nariz (nasofaringe, cavidade nasal e seios paranasais), garganta (orofaringe, hipofaringe, laringe) e nas glândulas salivares, todos referentes à cabeça e ao pescoço.
Além de rouquidão e dor na garganta, outros sintomas que podem indicar o problema são feridas persistentes na boca, emagrecimento sem causa definida, nódulo no pescoço, dor de ouvido ou na cabeça e tosse persistente. No entanto, esses tumores, em sua fase inicial, são silenciosos e não indicam sintomas na maioria das vezes, alertam os especialistas. “Por isso, a importância de consultas regulares com dentista ou médico”, ressalta o oncologista David Pinheiro Cunha do Grupo SOnHe.
No Brasil, cerca de 70% dos casos de câncer de cabeça e pescoço são descobertos já em estágios avançados. O número é alto, avisam os especialistas, e supera aos casos envolvendo os de próstata, intestino e pulmão, os três mais frequentes no Brasil entre os homens, respectivamente.
Cunha ainda destaca que não existe, para os tumores com origem na boca, nariz e garganta, um exame de rastreamento mais específico para a detecção precoce do problema, o que amplia a necessidade de avaliação médica regular.
“O toque retal é o teste indicado para detectar câncer de próstata e a colonoscopia pode identificar o câncer colorretal (de intestino). Já para o diagnóstico do câncer que envolve as regiões do pescoço e garganta, é preciso realizar uma avaliação da cavidade oral e exames de imagens (tomografia ou ressonância), mas para a confirmação será sempre necessária uma biópsia”, destaca Cunha.
Se descoberto no início, as chances de cura são de 90%, diz o oncologista. Já em estágio avançado, essa possibilidade diminui consideravelmente. “Se o tumor estiver numa região localizada, uma cirurgia pode ser feita. Nesse caso, as perspectivas de cura são de 50%. Mas se o quadro já configurar uma metástase (ocasião em que as células cancerosas se deslocam para outros órgãos), a chance de cura cai para 5%.”
Cunha esclarece que a incidência do câncer de pescoço e garganta é maior nos homens do que nas mulheres. O estilo de vida e o fato de as pessoas do sexo masculino terem o hábito de “se cuidarem menos” são as justificativas.
Fatores de Risco
O principal fator de risco é o tabagismo, apontam os oncologistas, que também alertam para o uso do narguilé. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que consumir uma rodada do narguilé é equivalente a fumar 100 cigarros.
O etilismo é o segundo fator de risco mais importante. Também está relacionado com a quantidade ingerida durante a vida. Um estudo revela o aumento de 5 a 6 vezes no risco de desenvolver o câncer de cabeça e pescoço com consumo de álcool superior a 50 g/dia.
O terceiro fator descoberto mais recentemente e que ganha cada vez mais importância é a infecção pelo vírus HPV, o mesmo relacionado ao câncer de colo de útero, vagina, vulva, ânus e pênis. Dentre os 150 subtipos, o mais prevalente ao câncer de cabeça e pescoço é o subtipo 16.
A orofaringe (garganta) é o local mais acometido. Diferentemente dos outros fatores de risco, ele é responsável por câncer em pacientes mais jovens e sem hábito de tabagismo e etilismo
Para reduzir os riscos de desenvolver esse tipo de câncer, deve-se evitar o cigarro, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, usar preservativo durante o ato sexual, tomar a vacina contra o HPV, manter alimentação equilibrada, realizar higiene oral e fazer o acompanhamento médico de rotina, que pode indicar alguma alteração nos exames e a consequente investigação, orientam os especialistas.
Tratamento
A incorporação da cirurgia robótica no tratamento é um dos muitos avanços dessa área e possibilitou procedimentos menos invasivos e com menores sequelas. Na radioterapia, as novas técnicas trouxeram maior precisão de tratamento nas áreas acometidas pelo tumor, possibilitando maiores doses e poupando os tecidos e órgãos saudáveis.
“Na Oncologia, tivemos a aprovação da imunoterapia para os pacientes com metástases ao início do tratamento. Estes medicamentos estimulam o sistema imune a combater as células tumorais, proporcionando aumento no tempo de vida associado a menores efeitos colaterais”, explica Cunha.
Os avanços no tratamento têm permitido maiores chances de cura, preservando a funcionalidade dos órgãos e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. “Mas, apesar dessa evolução, a melhor estratégia continua sendo a não exposição aos fatores de risco, manter um estilo de vida saudável e fazer acompanhamento médico para o diagnóstico precoce”, direciona o Grupo SOnHe.
Sobre o Grupo SOnHe
O Grupo SOnHe – Oncologia e Hematologia é formado por oncologistas e hematologistas que fazem atendimento oncológico alinhado às recentes descobertas da ciência, com tratamento integral, humanizado e multidisciplinar em importantes centros de tratamento de câncer em Campinas, como o Hospital Santa Tereza, Hospital Madre Theodora, Hospital Puc-Campinas, Radium Instituto de Oncologia, além do UNACON, em Americana.
O Grupo oferece excelência no cuidado oncológico e na produção de conhecimento de forma ética, científica e humanitária, por meio de uma equipe inovadora e sempre comprometida com o ser humano. O SOnHe é formado por 14 especialistas sendo três deles com doutorado e três com mestrado. Fazem parte do grupo os oncologistas André Deeke Sasse, David Pinheiro Cunha, Vinícius Correa da Conceição, Vivian Castro Antunes de Vasconcelos, Rafael Luís, Susana Ramalho, Leonardo Roberto da Silva, Higor Mantovani, Débora Curi, Isabela Pinheiro, Amanda Negrini, Laís Feres e pelas hematologistas Lorena Bedotti e Jamille Cunha. Saiba mais: no portal www.sonhe.med.br e nas redes sociais.