Ladrão, mentiroso e insano. Essas foram as ofensas mais repetidas entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na noite desta sexta-feira (28), no último debate entre os candidatos à presidência da República antes das Eleições do segundo turno, no domingo (30). Primeiro a falar, o atual presidente garantiu que aumentará o salário mínimo para R$ 1.400,00 caso seja reeleito, numa cartada final na tentativa de reverter a vantagem de Lula, líder nas pesquisas de intenção de voto. E, após o debate, disse que respeitará o resultado das urnas, contrariando expectativas de que poderia não aceitar a derrota. Já Lula lamentou a ausência de uma discussão de propostas durante o debate promovido pela Rede Globo.
Depois de garantir aumento do salário mínimo em caso de reeleição, Bolsonaro questionou seu adversário de forma irônica e agressiva a respeito das alegações da campanha petista de que o atual presidente ameaça eliminar benefícios garantidos pelo trabalhador. Lula, por sua vez, ressaltou, repetindo várias vezes, que seu adversário não aumentou o salário mínimo acima da inflação.
Reproduzindo o tema religioso que norteou a campanha de ambos no segundo turno, Lula chegou a fazer uma prece para o adversário: “Pai, perdoe os ignorantes, pois eles não sabem o que fazem”, chegou a dizer o ex-presidente. Bolsonaro também usou a religião no debate. “Será que vou ter que fazer um exorcismo aqui para você parar de mentir, Lula?”
O atual presidente chamou o adversário de bandido. “Você deveria ficar em casa e não estar disputando uma eleição”, atacou. A metralhadora foi apontada até para o apresentador do debate, quando o petista disse que estava absolvido pela Justiça. “Só se foi o William Bonner que te absolveu”, ironizou Bolsonaro, que ainda se colocou como vítima do sistema. “TSE (Tribunal Superior Eleitoral), rede de televisão poderosa, como essa aqui, todos estão contra mim”.
Segundo bloco
Após o tema livre do primeiro bloco, o segundo foi baseado em assuntos específicos escolhidos pelos candidatos. Mesmo assim, as ofensas e ataques não pararam. Combate à pobreza e respeito à Constituição foram temas escolhidos, mas outras questões também foram levantadas. “Lula, você é abortista”, acusou Bolsonaro. “Se há alguém a favor do aborto aqui, essa pessoa é você”, respondeu o ex-presidente, que chegou a pedir desculpas ao público. “É com essa insanidade que o Brasil vem sendo governado há quatro anos”, atacou.
Terceiro bloco
No terceiro bloco, o debate voltou a ser baseado no tema livre. E Lula levantou a questão da saúde, chamando a atenção para a pandemia, cuja gestão de Bolsonaro chegou a ser bastante criticada. “Você negou vacina para a população”, afirmou o ex-presidente, que recebeu o contra-ataque. “Você não esteve preocupado com a saúde no seu governo. Sua preocupação foi em construir estádios”, falou Bolsonaro, referindo-se à organização da Copa do Mundo e Olimpíada durante a gestão do PT. Segurança e violência contra a mulher foram outras questões levantadas, sempre com foco no ataque ao adversário. O nome do ex-deputado Roberto Jefferson, preso no último domingo por tentativa de homicídio de policiais federais, também foi inserido no debate. E ambos negaram serem amigos do prisioneiro, após acusações.
Quarto bloco
No quarto bloco, os ataques diminuíram. Os temas criação de emprego e meio ambiente chegaram a ser discutidos e propostas foram apresentadas, porém superficiais e sempre mostrando uma intenção em provocar o adversário. Bolsonaro insistia na ironia e Lula no pedido de desculpas ao público em função da postura do atual presidente.
Nas considerações finais, Lula afirmou que no seu governo o país viveu o melhor momento dos últimos tempos. “Era uma época de paz e sem brigas”, definiu, na intenção de “cutucar” seu rival. O atual presidente, por sua vez, fez referência “à segunda vida que ganhou em Juiz de Fora”, lembrando o ataque à faca do qual foi vítima na cidade mineira na campanha de 2018. “Quero agradecer a Deus e dizer que sou a favor da família brasileira”, afirmou.