O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que agressões como a ocorrida contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e seus familiares, no aeroporto de Roma, Itália, precisam ter respostas duras e punição severa, de forma a inibir as manifestações de ódio estimuladas pelo neofascismo que renasceu e foi colocado em prática no Brasil.
A declaração foi feita nesta quarta-feira (19) durante coletiva de imprensa pouco antes de o presidente embarcar para o Brasil. Lula participou, em Bruxelas, da 3ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE).
A agressão contra Moraes e sua família teria sido feita pelo empresário Roberto Mantovani Filho e sua esposa, Andrea Mantovani, e o genro, Alex Zanatta Bignotto, que são de Santa Bárbara D’Oeste.
O caso foi divulgado no último fim de semana pela imprensa.
Nesta terça-feira (18) o casal Roberto Mantovani Filho e Andrea Mantovani prestou depoimento na Delegacia da Polícia Federal (PF) em Piracicaba e negou as agressões.
No domingo (16), o corretor de imóveis Alex Zanatta Bignotto já havia prestado depoimento na PF.
Segundo as reportagens, o grupo teria chamado o ministro de “bandido e comunista”. Ao questionar os insultos, o filho do ministro foi agredido por um dos acusados. Moraes estava na Itália para participar de uma palestra na Universidade de Siena.
Lula associou a agressão ao “ódio surgido durante o processo eleitoral”. Segundo ele, há uma “vontade majoritária entre as pessoas”, de que esse ódio seja extirpado. “Essa gente que renasceu no neofascismo colocado em prática no Brasil tem de ser extirpada. Vamos ser muito duro com essa gente, para eles aprenderem a voltar a ser civilizados”, disse o presidente.
“Precisamos punir severamente pessoas que ainda transmitem ódio, como o cidadão que agrediu o ministro Alexandre de Moraes no aeroporto em Roma. Um cidadão desse é um animal selvagem. Não é um ser humano. Ele pode não concordar com a pessoa, mas não tem de ser agressivo, xingar ou desrespeitar”, disse.
Defesa nega empurrão
Em entrevista a jornalistas que aguardavam por informações do lado de fora do prédio da Polícia Federal sobre os depoimentos, o advogado Ralph Tórtima, que defende o casal, disse nesta terça (18) que Mantovani negou ter havido um empurrão.
“Em um depoimento realmente muito esclarecedor, o senhor Roberto [Mantovani] deixou claro que jamais proferiu, em momento algum, qualquer ofensa direcionada ao ministro. Ele reconheceu que houve um entrevero com um jovem que estava no local e que este jovem, ele sequer sabia quem era. Somente quando desembarcaram [no Brasil] e foram abordados pela Polícia Federal no aeroporto é que tomaram conhecimento que se tratava de um filho do ministro”, disse o advogado.
“Ele nega ter havido um empurrão. Ele diz que, em razão de ofensas que eram proferidas à sua esposa, ele afastou essa pessoa [filho de Moraes], que ele sequer sabia quem era. Mas era uma pessoa que fazia ofensas bastantes pesadas, muito desrespeitosas, à sua mulher”, disse o advogado.
Após o episódio, a defesa do casal Mantovani negou qualquer agressão ao ministro. “Roberto Mantovani Filho e sua esposa lamentam, sinceramente, todo o acontecido, estando convictos da existência de equívoco interpretativo em torno dos fatos. Esclarecem que as ofensas atribuídas como se fossem de Andréa ao ministro Alexandre de Moraes foram, provavelmente, proferidas por outra pessoa, não por ela”, declarou a defesa.
*Com Agência Brasil