“Eu não tenho mais forças.” A expressão de cansaço da campineira Karin Rachel Aranha Mohamed Fayz resume sua luta na busca pelo filho Adam, de 3 anos. Um mês depois do início do maior pesadelo de sua vida, ela tenta não desistir. Desempregada e vivendo de ajuda numa casa de apoio, em Campinas, Karin ainda espera por respostas para poder resgatar a criança, levada pelo pai para o Egito de forma ilegal.
O drama de Karin começou no dia 20 de setembro, quando ela retornou ao Brasil após passar dez meses em Londres, na Inglaterra, a trabalho. Com saudade, ela esperava rever o filho Adam, que havia ficado com o pai, o egípcio Ahmed Tarek Mohamed Fayz, durante todo o período. Mas o que ela encontrou foi outro cenário: o apartamento no Jardim São Vicente, em Campinas, estava vazio e destruído e seus documentos e o dinheiro na conta bancária também haviam sumido. No dia seguinte, ela recebeu mensagens de Ahmed, afirmando que o casamento havia acabado, e vídeos dele com o filho, na cidade do Cairo, no Egito.
Desde então, Karin iniciou uma batalha para ter o filho de volta. Mas o que ela sente é o garoto cada vez mais distante. Na primeira semana após a ocorrência, a campineira ainda recebia vídeos de Adam enviados pelo pai dele. Há cerca de 20 dias, no entanto, ela não tem mais nenhuma informação da criança. Ahmed a bloqueou em todas as redes sociais.
Batalha jurídica
Com a ajuda de uma vaquinha solidária, Karin contratou há dez dias um escritório de advocacia especialista em casos semelhantes ao de Adam. E o primeiro passo dos advogados Jamil Itani e Júlio Ballerini foi acionar mais de 60 instituições. Eles esperam por respostas.
“Enviamos ofício, por exemplo, para o consulado dos Estados Unidos, pois o Adam tem cidadania norte-americana, para o COI (Comitê Olímpico Internacional), já que o pai dele é atleta internacional (judoca) e para a Comissão de Direitos Humanos do Vaticano”, diz Itani, acrescentando que o Itamaraty e consulado do Egito também foram acionados.
As ilegalidades envolvidas são diversas, segundo Itani. “Pela lei brasileira, eles não poderiam ter saído do Brasil sem uma autorização da mãe”, esclarece o advogado, que também aponta no caso a prática de crimes de sequestro, violação do Estatuto da Criança e do Adolescente, subtração de bens comuns, além de violência patrimonial e psicológica.
Abalada emocionalmente, Karin diz que se sente perdida nessa batalha. “É tanta coisa que escuto que não sei mais de nada. É uma instituição jogando a responsabilidade para outra”, reclama a campineira, que tenta não perder a esperança de rever o filho. “Só sei que a saudade é imensa.”
Vaquinha virtual
“Ajude a Regatar o Adam” é o nome da vaquinha virtual criada por Karin para tentar regatar o filho. O ID da vaquinha é 3174719. Doações também podem ser feitas por meio da chave PIX [email protected] .