A tensão gerada pela polarização política e acirrada após o resultado das eleições no último domingo (30) não dá trégua. Nas ruas, famílias, locais de trabalho e escolas os tentáculos da divisão e do ódio parecem expandir e se fortalecer por esses dias.
Numa escola particular de Valinhos, a violência se manifestou entre adolescentes e revelou um cenário ideológico que extrapola os limites do posicionamento político.
Em um grupo de WhatsApp denominado “Fundação Antipetismo” um estudante de 15 anos recebeu ofensas racistas e foi ameaçado de morte, segundo sua mãe. O caso provocou reação da Polícia Civil.
“Tudo começou após a apuração da eleição, já na segunda-feira”, relata a advogada Thaís Cremasco, mãe do garoto. “Meu filho foi inserido nesse grupo, ofendido e recebeu a ameaça”. O grupo é formado por alunos do Colégio Visconde de Porto Seguro, em Valinhos, onde o adolescente estuda.
“Conforme os prints que fizemos, encontramos mensagens de discurso de ódio contra diferentes grupos sociais, como mulheres, negros, homossexuais, nordestinos, pobres, além de apologia ao nazismo, ou seja, antissemitismo, com imagens de Hitler inclusive”, relata a advogada.
Thaís registrou um Boletim de Ocorrência na segunda-feira (31) e disse na terça (1º) que entrará com uma ação cível na Justiça requerendo indenização. “O valor seria revertido para ONGs que combatem o racismo”, explica a advogada.
A direção da escola também foi acionada pela mãe que, segundo ela, não tomou posicionamento. A Polícia Civil começou uma investigação e o caso será encaminhado para o juizado da infância e juventude pelo fato dos envolvidos serem menores de 18 anos.
Racismo recorrente
Segundo Thaís, não é a primeira vez que seu filho é vítima de racismo no Colégio Porto Seguro. Uma outra filha dela, de 12 anos, que estuda na mesma escola, também já recebeu ofensas, conta a advogada.
“Já chamaram ela de escrava e fizeram gozações com termos ‘cor de pobre’ e ‘cabelo feio’. A mãe relata também que o filho já defendeu uma menina chamada de ‘macaca’ dentro do colégio.
A advogada garante que não irá trocar seus filhos de escola e pede a expulsão dos agressores. “Eles já tiveram que sair de uma escola pelo mesmo motivo e agora é a vez dos ofensores saírem”.
Escola se posiciona
Em nota, a direção do Colégio Porto Seguro afirma “repudiar qualquer ação e ou comentários racistas contra quaisquer pessoas.”
Também garante “não admitir nenhum tipo de hostilização, perseguição, preconceito e discriminação.”
E acrescenta que “o colégio costuma realizar palestras, orientações educacionais e projetos sobre a diversidade de opinião, de raça e gênero para alunos e comunidade escolar.”