A tragédia que vitimou uma professora e feriu quatro pessoas durante o ataque cometido por um aluno a um colégio da capital paulista deu dimensão a ocorrências em duas escolas estaduais de Campinas nesta quinta-feira (30). Boatos em redes sociais e grupos de WhatsApp sobre um possível atentado nesta quinta à escola João Lourenço Rodrigues, no Cambuí, fizeram com que policiais fossem chamados para reforçar a segurança no local. Também pela manhã, a identificação de um indivíduo, possivelmente um morador de rua, dentro da escola São Judas Tadeu, no Jardim Satélite Íris, deu margem a boatos de que um homem armado pretendia cometer um atentado contra alunos e funcionários.
As informações sobre as duas ocorrências foram confirmadas por pais de alunos e pela Secretaria de Educação de São Paulo. Na João Lourenço Rodrigues, as aulas não foram suspensas, porém, muitos alunos faltaram. Já na São Judas Tadeu, não houve aulas no período da manhã. À tarde, a instituição foi reaberta, mas com muitos alunos ausentes.
Nos dois casos, mensagens em grupos de WhatsApp e redes sociais se encarregaram de levar pânico aos pais de alunos. No colégio do Cambuí, post encaminhado com frequência nos grupos falava sobre um bilhete deixado em uma carteira anunciando um “massacre” no local no dia 30 de março. O autor dizia que não mandaria seus filhos à escola e pedia para que outros pais fizessem o mesmo.
Uma outra mensagem distribuída em grupos de pais continha informações como se fosse um comunicado da direção do colégio. A nota afirmava que “na noite de ontem (quarta-feira), a diretoria identificou a mensagem escrita à mão na mesa de um aluno: “massacre dia 30”. A Polícia Militar foi acionada e um BO (boletim de ocorrência) foi lavrado.”
Também informava que “técnicos da secretaria de educação foram acionados e confirmaram que não havia nenhum planejamento de ataque, que se tratava de uma “brincadeira” de um aluno, já identificado”. A direção da escola negou ter enviado comunicado via WhattsApp aos pais e a Secretaria de Educação do Estado informou que tudo não passou de boato.
Mesmo assim, viaturas da Polícia Militar ampliaram o patrulhamento na escola na manhã desta quinta-feira. Houve aula nos dois períodos, mas a escola confirmou que muitos alunos faltaram.
A ocorrência na Escola Estadual São Judas Tadeu foi confirmada pela Secretaria de Educação, que enviou a seguinte nota:
“Ao notar a presença do indivíduo na quadra da escola, antes do início das aulas, a gestão da unidade acionou a Polícia Militar. Nenhum estudante ou servidor foi ameaçado e as aulas seguem normalmente. A Diretoria de Ensino de Campinas Oeste e a unidade escolar estão à disposição da comunidade escolar para mais esclarecimentos”, diz a Secretaria.
Conforme a Secretaria de Educação, o indívuo se tratava possivelmente de um morador de rua, que não foi localizado pela polícia. Também não há confirmação de que ele estivesse armado. O órgão reforçou que o incidente ocorreu antes do início das aulas.
“Recebi uma mensagem por intermédio de meu filho, de uma rede social, que na data de hoje teria um massacre na escola. Liguei na escola para saber se era verdade ou alguma fake news, porque com tantas coisas que estão acontecendo não dá para você pagar para ver, ficar esperando. Soube então pela escola que de fato teve essa mensagem que a diretora viu, tomaram providências, que estava tudo resolvido e que estava a critério dos pais mandarem ou não seus filhos”, descreveu a mãe de um aluno da Escola Estadual João Lourenço Rodrigues.
Em um vídeo que circulou pelo WhastApp, uma mãe informa que chegou pela manhã à escola no Satélite Íris para deixar o filho e que se assustou com a quantidade de policiais. Ela relata que um homem armado com uma faca estava dentro da escola. “Aqui está muito perigoso, fiquei com o coração namão, não vou deixar meu filho aqui não”, disse ela.
Ataques
Um aluno de 13 anos matou uma professora e feriu outras quatro pessoas, na segunda-feira (27), na Escola Estadual Thomázia Montoro, na Vila Sônia, em São Paulo. O estudante anunciou nas redes sociais que faria o ataque. Um briga na escola na sexta-feira anterior envolvendo o autor do ataque teria motivado a tragédia.
O estudante de 13 anos iniciou o ataque logo após a abertura dos portões da escola, por volta das 7h20. Ele entrou em duas salas de aula, com a faca em mãos e usando máscara de caveira. A professora Elisabete Tenreiro foi morta com pelo menos dez facadas. A mãe de uma estudante contou a policiais que Elisabete interferiu na confusão da última sexta-feira, iniciada pelo agressor ao fazer xingamentos racistas contra outro aluno.
No dia seguinte (28), um adolescente de 15 anos foi apreendido por policiais na Escola Municipal Manoel Cícero, na Gávea, Rio deJaneiro. Segundo estudantes, ele tentou esfaquear colegas e foi contido por outros alunos e funcionários.