A Prefeitura de Campinas reabriu nesta terça-feira (22) o agendamento para pessoas a partir de 43 anos e incluiu na relação gestantes e puérperas, grupos cuja procura pela imunização contra a Covid-19 está abaixo das expectativas. O presidente do Hospital Maternidade de Campinas, Marcos Miele, explica que a instituição tem solicitado à equipe médica para que contribua com as orientações necessárias às pacientes para se vacinarem.
Em todo o país, as dúvidas pela falta de informação têm ocasionado a baixa procura pela vacina por grávidas e puérperas (período de 45 dias pós-parto). Embora nenhuma vacina seja 100% eficaz contra a doença, elas representam uma importante proteção para esse grupo de mulheres.
Desde o início da pandemia da Covid-19, em março de 2020, o Hospital Maternidade de Campinas registrou três óbitos (duas puérperas e uma gestante), concentrados entre março e abril deste ano, período em que esteve com a sua capacidade máxima de leitos de UTI exclusivos para pacientes com Covid-19 ocupada. O aumento significativo de internações e óbitos de gestantes e puérperas no país, neste início de 2021, fez com que o Ministério da Saúde as incluísse nos grupos de riscos para que tivessem prioridade no calendário da vacinação.
“As gestantes dividem o sistema imunológico com a criança, tornando-as mais vulneráveis não apenas para a Covid-19, mas para qualquer outro tipo de doença. Embora pela própria característica da gravidez a gestante tenda, naturalmente, a se proteger mais pela preocupação com o feto, com acesso à vacinação elas estarão melhor protegidas contra essa doença”, explica o médico.
De acordo com Marcos Miele, o evento com a vacina AstraZeneca (risco de trombose) e o atraso da inclusão das gestantes e puérperas nos grupos de risco atrapalharam o acesso à informação por essa população sobre a necessidade de se vacinar. “As dúvidas fazem com que elas ainda resistam em tomar a vacina. Por isso nós, médicos ginecologistas e obstetras, precisamos contribuir, oferendo todos os esclarecimentos necessários”, orienta.
“Estamos aqui, na linha de frente, vivenciando os casos graves da doença, e não temos dúvida nenhuma de que a vacina é um grande avanço para proteger essa população de grávidas e puérperas. Se compararmos o risco x benefício para esse público, é muito menos arriscado tomar a vacina que pode não ser 100% eficaz, como nenhuma o é, mas acaba oferecendo a proteção, mesmo que parcial, contra a invasão do coronavírus”, esclarece.
Segundo ele, a maioria das gestantes que chegam à Maternidade de Campinas não está vacinada. Elas começam agora a querer se informar sobre a vacina. “O pessoal do nosso Pronto Atendimento tem esclarecido sobre a possibilidade e necessidade da imunização. Mas, precisamos estender essas informações aos pré-natalistas e às Unidades Básicas de Saúde para fomentar a vacinação nas gestantes”, diz.