As Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs) estão, cada vez mais, sendo discutidas e estudadas no mundo todo. Isso porque, com o avanço da tecnologia, os diagnósticos tornaram-se mais claros e precisos e sua prevalência já é de 100 casos confirmados para cada 100 mil habitantes, no Brasil. Há mais de 20 anos, a Organização Brasileira de Doença de Crohn e Colite (Gediib) dedica-se a reunir médicos e profissionais da área da saúde especialistas nesse assunto, com objetivo de proporcionar mais qualidade de vida aos pacientes acometidos.
Anualmente, desde 2019, a entidade promove a Semana Brasileira de Doenças Inflamatórias Intestinais (Sebradii), um evento que reúne profissionais a nível mundial para discutir sobre as DIIs. Este ano, o evento retoma o formato presencial, sem deixar o on-line, e acontece entre os dias 24 e 28 de agosto em Campinas, reunindo médicos do mundo todo.
“A Sebradii é um evento muito amplo, que tem o objetivo de reunir profissionais renomados do mundo todo, a fim de discutirmos juntos as Doenças Inflamatórias Intestinais, casos de pacientes, soluções, novas tecnologias em procedimentos, tratamentos e medicamentos. Um momento de muita troca de conhecimento e evolução para todos”, informa o presidente da Gediib, o médico coloproctologista e cirurgião do aparelho digestivo, Rogério Saad-Hossne.
Entre os destaques a nível mundial estão Marc Ferrante (Bélgica), Samir Shah (EUA), Joana Torres (Portugal), Jana Al Hashash (EUA). Ainda dentro da ampla programação do evento está o 2º Fórum Latino-americano PANCCO, inclusive com um projeto de certificação de centros de excelência/referência em DII à nível Latino-americano, tendo a Colômbia como primeiro país a passar pelo processo de certificação de qualidade.
As doenças inflamatórias intestinais (DII) constituem um grupo heterogêneo de doenças inflamatórias do trato digestivo, de caráter imunomediado, cujos principais representantes são a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. As apresentações clínicas variam, dependendo da extensão, gravidade e forma de apresentação, sendo os principais sintomas a dor abdominal, diarreia e sangramento nas fezes.
Nas formas mais graves o portador da doença pode apresentar comprometimento sistêmico como perda de peso e febre ou complicações graves com necessidade de cirurgias.
Embora ainda sejam consideradas como doenças raras, cuja prevalência deva ser menor que 65/100 mil habitantes, dados mais recentes demostraram o aumento do número de casos de DII no Brasil nos últimos anos, de 52 chegando a taxa de 100 pacientes/100 mil habitantes, sendo 56,53% com retocolite ulcerativa e 22,68% com doença de Crohn.
A tendência de aumento já é de 9,57 casos novos, para cada 100 mil habitantes por ano. A consequência deste crescimento irá impactar direta ou indiretamente em todo o sistema público e privado de saúde do País, que, aliado às dificuldades atuais de acesso, impactarão na qualidade de vida dos pacientes.
A diferença principal entre a doença de Crohn (DC) e a retocolite ulcerativa ( RCU) está no local em que se instalam e na profundidade da inflamação, respectivamente: da boca ao ânus, podendo gerar fístulas (ligações) e estenoses (estreitamentos) por atingir todas as camadas do intestino, na DC; e restrita a mucosa (superficial) do reto e do intestino grosso, na RCU.
O diagnóstico é estabelecido a partir dos sintomas como diarreia, sangramento e dor abdominal, e de exames complementares como de sangue, de fezes, tomografia ou ressonância magnética, sendo a colonoscopia com biópsia o principal deles para se estabelecer o diagnóstico.
A doença, que atinge mais os jovens entre 17-40 anos, pode comprometer a qualidade de vida de seus portadores e levar a quadro de incapacidade funcional, com afastamento de até 314 dias do trabalho pelo INSS, em estudo nacional que avaliou um período de 5 anos.
Mais informações sobre a 3ª Sebradii no site https://sebradii.com.br/ .