Derrotada pelo Comitê Olímpico Russo nas semifinais das Olimpíadas de Tóquio, além de perder a disputa da medalha de bronze para a Argentina, a Seleção Brasileira Masculina de Vôlei não terminava fora do pódio olímpico há 21 anos.
Desde que a famosa Geração de Prata conquistou a primeira medalha olímpica da história do voleibol brasileiro, nos Jogos de Los Angeles, em 1984, o Brasil só havia ficado sem medalha outras três vezes: nas Olimpíadas de Seul, em 1988, Atlanta, em 1996, e Sydney, em 2000.
Assim como aconteceu em Tóquio, há duas semanas, o Brasil também perdeu a decisão do terceiro lugar para a Argentina no torneio olímpico de 1988. A Seleção ainda foi derrotada pelo mesmo rival sul-americano na edição de 2000, de forma precoce, nas quartas de final.
Apesar de mais um doloroso revés para a Argentina e o gosto amargo em deixar o Japão sem nenhuma medalha no peito, o ciclo olímpico do vôlei masculino brasileiro terminou com saldo positivo e vencedor.
A avaliação é feita pelo jogador mais experiente da Seleção, o central Lucão, de 35 anos, que defenderá a equipe campineira do Vôlei Renata na próxima temporada, após ter sido campeão e melhor jogador da última Superliga, jogando pelo Taubaté.
Medalhista de prata em 2012 e ouro em 2016, Lucão viajou para Tóquio como um dos sete remanescentes da equipe campeã olímpica no Rio de Janeiro. Desde a saída de Bernardinho e a chegada de Renan Dal Zotto, a Seleção Brasileira obteve resultados expressivos como o vice-campeonato mundial, em 2019, e o título da Liga das Nações, conquistado em junho deste ano, um mês antes das Olimpíadas.
Iniciando o seu quarto ciclo olímpico com a Seleção Brasileira, Lucão foi convocado para disputar o Torneio Sul-Americano, em setembro. A competição acontecerá no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília. O Brasil estreia contra o Peru no dia 1º de setembro (quarta-feira), às 19h, e enfrenta a Venezuela no dia seguinte, no mesmo horário. A grande decisão, que pode reeditar o duelo contra a Argentina, será no dia 5 de setembro (domingo).
“É um recomeço depois de um ciclo olímpico que a gente pode considerar vitorioso, bem vitorioso”, analisa Lucão.
“É claro que a Olimpíada não foi como a gente queria. Entramos como um dos favoritos, conseguimos chegar entre os quatro melhores, mas infelizmente não veio aquela medalha tão sonhada e merecedora pelo trabalho que foi feito durante todo o ciclo. É uma coisa que fica de aprendizado. O voleibol está muito igual e parelho hoje em dia, com sete a oito equipes trabalhando no mesmo nível em termos internacionais”, apontou Lucão, em entrevista à reportagem do Hora Campinas.
Em busca da manutenção da hegemonia
Desde 1951, quando a competição continental começou a ser realizada, o Brasil venceu 32 das 33 edições do Torneio Sul-Americano de Vôlei. A Seleção só não foi campeã em 1964, quando não participou por conta da turbulência política que o país vivia na época, com o golpe militar.
Com 12 anos de experiência na Seleção Brasileira, Lucão acumula cinco títulos sul-americanos no currículo, sendo o primeiro deles conquistado em 2009, na Colômbia, quando o Brasil bateu a Argentina no jogo decisivo por 3 sets a 1. Na época, a equipe argentina contava com o levantador Demián González, que disputará a sua quinta temporada pelo Vôlei Renata, agora como companheiro de Lucão.
“A Seleção Brasileira nunca perdeu um Sul-Americano e é claro que a gente não quer ser a primeira seleção a perder. Vamos botar tudo dentro de quadra para que isso não aconteça. Eu não sei se a Argentina e as outras seleções virão completas, mas de qualquer forma é uma responsabilidade grande que nos foi passada”, afirmou Lucão, que também participou das conquistas sul-americanas de 2011, 2013, 2015 e 2017.
Liderança e exemplo para os jovens
Além de Lucão, o Vôlei Renata também será representado pelo ponteiro Adriano na disputa do Torneio Sul-Americano. Estreante na seleção principal, o jovem atleta de apenas 19 anos é outra cara nova do elenco campineiro, após se destacar pelo Vôlei Um/Itapetininga e ser eleito a grande revelação da Superliga.
Multicampeão, Lucão servirá como referência para jovens jogadores como Adriano tanto na equipe quanto na Seleção. “A gente vai ficando mais velho e percebendo as nossas responsabilidades. O maior exemplo que podemos dar é estar sempre rendendo bem em quadra, 100% dedicado e focado, não só em treinamentos, como também em jogos, para que eles possam ver e seguir”, destacou o experiente central.
Atual campeão estadual, o Vôlei Renata estreia no Campeonato Paulista contra o Climed/Atibaia na próxima quarta-feira (25), às 15h30, no Ginásio do Taquaral. “A comunidade toda de Campinas pode contar comigo no que for preciso para levar o nome da cidade ao Brasil inteiro. Dedicação não vai faltar e os títulos serão consequência do trabalho”, disse Lucão, que entrará em quadra com a camisa da equipe campineira somente em setembro, após o término do Torneio Sul-Americano.