Lá se vão duas décadas desde o último título mundial conquistado pela Seleção Brasileira, que inicia daqui a menos de 24 horas uma nova busca pela taça de futebol mais cobiçada do planeta para colocar fim a esse longo jejum e comemorar o inédito hexacampeonato. A estreia acontece diante da Sérvia, na tarde desta quinta-feira (24), às 16h (horário de Brasília), no Estádio Lusail, mesmo palco da final da Copa do Mundo de 2022, no Catar.
Há exatamente 20 anos, sob o comando do técnico Felipão, o Brasil venceu todos os sete jogos da Copa do Mundo de 2002, disputada no Japão e na Coreia do Sul, mas a caminhada brasileira foi repleta de percalços até a classificação para o primeiro Mundial da história disputado no continente asiático e em dois países-sede.
Durante aquele ciclo de quatro anos, que começou após a traumática derrota por 3 a 0 para a França, na final da Copa de 1998, e culminou na inesquecível conquista do penta com vitória por 2 a 0 sobre a Alemanha na decisão de 2002, foram três treinadores diferentes.
As constantes trocas provocaram muitas dificuldades durante as Eliminatórias Sul-Americanas, com a classificação confirmada apenas na última rodada. Uma história muito diferente do atual momento, com o técnico Tite há mais de seis anos à frente da Seleção Brasileira e uma campanha praticamente irretocável no último torneio qualificatório.
Comandante da Seleção Brasileira no período entre a demissão de Vanderlei Luxemburgo, em 2000, e a chegada de Felipão, em 2001, o técnico Emerson Leão foi o responsável pela convocação de dois jogadores da Ponte Preta: o volante Mineiro e o atacante Washington, chamados juntos para o duelo contra o Peru, pelas Eliminatórias da Copa.
Na ocasião, os dois atletas eram os principais destaques da Macaca na grande campanha que a equipe alvinegra fazia na temporada. Em 2001, talvez o melhor ano do clube neste século, a Ponte Preta chegou às semifinais do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil, além de se classificar para as quartas de final do Campeonato Brasileiro, à época decidido por meio de mata-mata.
No torneio estadual, sob o comando do técnico Nelsinho Baptista, a Ponte Preta sucumbiu diante do Botafogo, de Ribeirão Preto, que terminou como vice-campeão, perdendo a decisão para o Corinthians. O Timão, por sinal, foi a equipe que eliminou a Macaca da Copa do Brasil, mas depois o Grêmio levou a melhor na final. Já no Brasileirão, a equipe alvinegra então comandada pelo técnico Vadão caiu para o Fluminense.
Centroavante goleador, Washington fechou aquele ano de 2001 como artilheiro do Paulistão, com 16 gols, e também da Copa do Brasil, com 11 tentos. Ele ainda marcou 18 gols no Campeonato Brasileiro, totalizando incríveis 45 gols em 49 jogos.
Antes da dupla Mineiro e Washington, em 2001, a Ponte Preta não tinha – e nunca mais teve – dois jogadores convocados simultaneamente para a Seleção Brasileira desde 1982, quando o técnico Telê Santana levou o goleiro Carlos e o zagueiro Juninho Fonseca para a Copa do Mundo, na Espanha, onde o Brasil encantou, mas foi eliminado pela Itália com uma dolorosa derrota por 3 a 2, no fatídico jogo que ficou conhecido como “Tragédia do Sarriá”.
Com as presenças de Mineiro e Washington, ambos saindo do banco de reservas e entrando no decorrer da partida, o Brasil não conseguiu passar de um empate em 1 a 1 com o Peru, em duelo realizado no dia 25 de abril de 2001, no estádio do Morumbi, em São Paulo, pela 12ª rodada das Eliminatórias Sul-Americanas.
Anteriormente, em outubro de 2000, Mineiro já havia sido convocado pelo próprio Leão para o duelo contra a Colômbia, também pelas Eliminatórias, mas ele não entrou em campo na ocasião.
Por outro lado, Washington aparecia pela primeira vez em uma lista de convocados. O último atacante pontepretano que havia servido a seleção brasileira tinha sido Chicão, convocado para as Olimpíadas de 1984, em Los Angeles, depois de ser bicampeão e artilheiro da Copa São Paulo de Futebol Júnior, em 1981 e 1982, e vice-artilheiro do Campeonato Paulista em 1983.
Com duas passagens pela Ponte Preta, a primeira em 1998, por empréstimo junto ao Caxias, e a segunda de 2000 a 2002, em definitivo antes de se transferir para o futebol turco, Washington é o 7º maior artilheiro da história da Ponte Preta, com 82 gols. Ele aparece atrás de Dicá, Paulinho, Chicão, Osvaldo, Bibe e Baltazar. Washington também é o segundo maior artilheiro da Macaca neste século, com 59 bolas nas redes a partir de 2000. Ele vem logo na sequência de Roger, que soma 67.
A história de Washington na Seleção Brasileira ganhou mais um capítulo ao ser convocado novamente por Leão para a disputa da Copa das Confederações de 2001, vencida pela então campeã do mundo França, e continuou até às vésperas da Copa do Mundo de 2002, mas Felipão não incluiu o jogador na lista final. Ao todo, Washington disputou 10 jogos e marcou três gols com a amarelinha.
Mineiro, por sua vez, retornou à Seleção em 2004 e integrou o grupo brasileiro na Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, sendo convocado pelo técnico Carlos Alberto Parreira para o lugar de Edmílson, cortado por lesão. Após o Mundial, com a chegada de Dunga, Mineiro ainda ganhou mais algumas oportunidades com a amarelinha, no início do ciclo da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul.
Apenas três anos depois de ter ficado de fora da Copa do Mundo de 2002, no Japão e na Coréia do Sul, Mineiro marcou o gol da vitória por 1 a 0 sobre o Liverpool, que garantiu ao São Paulo a conquista do título mundial em 2005, no estádio Internacional de Yokohama, em Tóquio, mesmo palco do pentacampeonato da Seleção Brasileira, com dois gols de Ronaldo sobre a Alemanha.
Ao todo, entre 2001 e 2008, Mineiro disputou 25 jogos com a camisa verde e amarela, incluindo ainda participação na Copa América de 2007, vencida pelo Brasil com direito a vitória por 3 a 0 em uma memorável decisão contra a Argentina.