O Ministério Púbico de São Paulo (MP-SP) vai apurar as responsabilidades no caso das três mortes de bebês na Maternidade de Campinas, após um surto de diarreia na UTI Neonatal da instituição. Inquérito foi aberto e o promotor Daniel Zulian se reuniu com os gestores da instituição. O Hospital informou nesta quinta-feira (2) que encaminhou ao Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) da Prefeitura de Campinas a escala médica dos neonatologistas horizontalistas, após tratativas emergenciais com a Secretaria Municipal de Saúde, na tentativa de reestabelecer os serviços de UTI.
Desde o dia 16 de fevereiro, apenas 20 dos 36 leitos da UTI da Maternidade estão autorizados a receber pacientes. Seis dias antes do bloqueio, a Maternidade de Campinas notificou a Prefeitura a respeito das mortes de dois bebês acometidos por diarreia. O laudo sobre a causa ainda não está pronto. A Maternidade informou que uma das mortes ocorreu em 6 de fevereiro e a outra, dia 9. No dia 24, um terceiro óbito foi confirmado.
O hospital centenário de Campinas realiza cerca de 750 partos por mês, dos quais 60% pelo SUS. É a maior maternidade do interior do estado e também a que dispõe de maior número de leitos de UTI Neonatal. Desde a interdição, a Secretaria de Saúde e a Maternidade tentam medidas para efetivar o desbloqueio dos leitos, ocorrido por falta de profissionais para atender à demanda médica.
“Após a Prefeitura de Campinas ter assegurado um pequeno aporte financeiro para reverter emergencialmente essa crise referente à questão dos leitos na UTI Neonatal, alguns médicos neonatologistas da própria Maternidade de Campinas assumiram o compromisso de cobrir toda a escala, se cotizando e, assim, permitir a continuidade do atendimento”, informou a Maternidade nesta quinta-feira, em nota.
A direção do Hospital reforça – sem prejuízo de todas as ações já adotadas – a necessidade do recebimento tanto de novos recursos do poder público, quanto de doações por meio da campanha “Campinas Nasce Aqui” para que possa superar a crise financeira pela que atravessa.
O MP, em inspeção já realizada no hospital, constatou problemas como a falta de profissionais médicos, deficiências de estrutura e processos trabalhistas que podem comprometer a qualidade dos serviços. No final do ano passado, a Maternidade teve aprovado pela justiça o pedido de recuperação judicial.