O Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campinas tem uma interessante programação de filmes para este mês. A agenda começou no dia 1 e segue ao longo das próximas semana.
As sessões das várias curadorias do Cineclube do MIS ocorrem às sextas, sábados e domingos e também às quartas-feiras. São dois espaços para projeção: Sala de Exibição e Sala Glauber Rocha. As sessões de cinema são gratuitas e seguidas de debates sobre as produções.
O MIS Campinas fica no Palácio dos Azulejos, na Rua Regente Feijó, nº 859 , no centro da cidade, próximo à Catedral Metropolitana.
Veja abaixo a programação para sexta, sábado e domingo:
♦ Sexta-feira, 07/10 – TRAINSPOTTING (1996) – 19h30 – 18 anos
Direção de Danny Boyle
Reino Unido, Colorido, 94 min., legendado
Curadoria de Ricardo Pereira
Ciclo “Cinema & Literatura”
Em Edimburgo, na Escócia, vive Renton (Ewan McGregor), um jovem usuário de heroína que leva uma vida despreocupada, dividindo-se entre seu romance com a estudante colegial Diane (Kelly MacDonald) e os encontros com seus quatro amigos viciados: Sick Boy (Johnny Lee Miller), um imoral desenhista de HQs fanático por Sean Connery; Tommy (Kevin McKidd), um atleta responsável; Spud (Ewen Bremmer), um bobalhão de bom coração e Begbie (Robert Carlyle), um violento sociopata. Baseado no romance homônimo de Irvine Welsh.
♦ Sábado, 8/10 – VIVER A VIDA (1962) – 15h30 – 16 anos
Direção de Jean-Luc Godard
França, PB, 85 min., legendado
Curadoria de Ricardo Pereira, Claudia Amoroso Bortolato, Carlos Tavares e João Buhrer
Mostra “Godard, o subversivo”
Nana (Anna Karina) trabalha em uma loja de discos, mas sonha em se tornar uma atriz de cinema. Depois de se separar do namorado, ela se entrega à prostituição e se envolve com Raoul (Sady Rebbot), um cafetão, que lhe ensina os truques do ofício. Com o tempo ela decide deixar aquele trabalho, mas Raoul não está disposto a abrir mão de uma de suas mercadorias mais lucrativas. O quarto filme de Godard nasceu de um período de crise e incerteza em sua vida e carreira. Seu casamento com Anna Karina passou por uma enorme tensão em seu primeiro ano depois que ela sofreu um aborto espontâneo. Ao mesmo tempo, Godard começou a questionar e criticar seus próprios métodos de filmagem e o conteúdo de seu trabalho. Enquanto seus colegas da Nouvelle Vague estavam se movendo em direção ao cinema comercial mais mainstream, ele estava se movendo em direção a um trabalho mais político e intransigente. “Viver a Vida” era o avanço pelo qual ele vinha trabalhando.
♦ Sábado, 8/10 – O DESPREZO (1963) – 17h30 – 16 anos
Direção de Jean-Luc Godard
França, colorido, 105 min., legendado
Curadoria de Ricardo Pereira, Claudia Bortolato, Carlos Tavares e João Buhrer
Mostra “Godard, o subversivo”
Adaptando livremente o romance homônimo de Alberto Moravia, Godard conta a história de Paul Javal (Michel Piccoli) que ganha o desprezo de sua esposa (Brigitte Bardot) quando submete seu talento como escritor aos objetivos comerciais de um produtor americano vivido por Jack Palance, ao aceitar o trabalho bem remunerado de empobrecer o roteiro de uma adaptação da Odisseia de Homero dirigida pelo venerado Fritz Lang (interpretando a si mesmo). Muito de “O Desprezo” é estruturado no contraste entre o clássico e o moderno, embora o que Godard quer dizer com “clássico” seja complexo e parcialmente heterodoxo. O “moderno” é mais fácil de especificar: é a vulgaridade e a ganância promovidas pelo dinheiro, e a psicologização neurótica de Paul sobre os motivos de Ulisses para deixar Penélope e demorar tanto para voltar à Ítaca.
♦ Sábado, 8/10 – A GRANDE TESTEMUNHA (AO AZAR BALTHAZAR) (1966) – 19h30
Direção: Robert Bresson
França, PB, 95 min., legendado
Curadoria de Tanael e Danilo
Cineclube Verve
O ciclo de vida do burro Balthazar, assim batizado em aspersão, é modelo típico da estética cinematográfica bressoniana. O animal ocupa posições e funções determinadas pelas circunstâncias históricas, pelo uso de que se servem os humanos. No entanto, os dilemas do tempo inscrevem-se no corpo de Bathazar, esculpindo uma memória.
♦ Domingo 9/10 – CIDADÃO KANE (1941) – 16H – LIVRE
Direção de Orson Welles
EUA, PB, 119 min., legendado
Curadoria de Claudia Bortolato
Sessão de Domingo
Cidadão Kane é o primeiro filme de Orson Welles (1915-1985), que embora não tão bem recebido em seu lançamento, hoje consta das listas de muitos críticos e cinéfilos como o melhor filme de todos os tempos. Há quem não goste de listas dos melhores filmes, mas não se pode negar a engenhosidade e criatividade de Welles, como a inovação na estrutura narrativa, que no filme não se concentra na ação, mas sim no estudo de um personagem, e ao lado de seu diretor de fotografia Gregg Toland (1904-1948), Welles inovou na técnica ao trazer à luz e aperfeiçoar a técnica cinematográfica de profundidade de campo, mantendo o foco simultâneo de todos os elementos em cena, estejam eles no primeiro plano, centro ou segundo plano. Um marco na história do cinema. Muito do insucesso em seu tempo se deve à propaganda negativa lançada sobre o filme, e sobre o próprio Welles, pelo poderoso empresário estadunidense – William Randolph Hearst (1863-1951) – principal inspiração para a criação do protagonista (Charles Foster Kane). Mankiewicz (1909-1993), o roteirista que foi recentemente filmado biografado em Mank – 2020, criou diálogos diretamente das anotações de Hearst. Xanadu, a residência de Kane, foi inspirada no Hearst Castle. Rosebud, a última palavra falada por Kane em seu leito de morte, é o fio condutor de uma pesquisa jornalística e uma história contada a partir de depoimentos dos que com Kane conviveram.