O renomado astrônomo Nelson Alberto Soares Travnik, 87 anos, morreu em Campinas na manhã desta quinta-feira (7). Ele estava internado no Centro Médico. Travnik foi um homem da ciência e do universo. Era referência em sua área, prestigiado e reconhecido como uma autoridade no assunto. Em seu blog pessoal, o astrônomo lembra que estava atuando na astronomia desde 1954, ou seja, há sete décadas. Astronomia é a ciência natural que estuda corpos celestes (estrelas, planetas, cometas, galáxias) e fenômenos que se originam fora da atmosfera da Terra.
Natural de Petrópolis (RJ), residia em Campinas desde 1976. Com a ajuda de mais dois amigos, fundou o Observatório Astronômico Flammarion (1954-1976) na cidade mineira de Matias Barbosa. Em 1976 transferiu-se para Campinas, a convite do renomado astrônomo Jean Nicolini (1921-1991) para integrar a equipe do recém-inaugurado Observatório Municipal de Campinas, o primeiro no gênero a ser construído no Brasil.
Em 1985 participou da fundação do Observatório Municipal de Americana e em 1992 do Observatório Astronômico de Piracicaba. Em 1996 aposentou-se do Observatório Municipal de Campinas, passando então a atuar somente nos observatórios de Americana e Piracicaba.
Seu extenso currículo inclui entre outros o de observador credenciado da NASA-JPL durante as missões Apollo (1968-1972) na Lua.
Particularmente sobre essa ajuda, Travnik integrou um grupo seleto de cientistas que avaliavam e observavam os fenômentos que ocorriam na Lua e que poderiam atrapalhar o pouso dos astronautas. Essa contribuição para ajudar a Nasa ocorreu quando o astrônomo trabalha no Observatório Astronômico Flammarion, em Matias Barbosa.
O astrônomo escreveu o livro “Os Cometas”, Editora Papirus, de Campinas, em 1985. Instituiu ainda no mesmo ano o Programa Brasileiro de Observadores do Cometa Halley.
Foi agraciado com título de cidadania pelas prefeituras de Matias Barbosa, Americana e Campinas além do título de louvor e mérito científico pelas cidades do Rio de Janeiro, Itapira , Piracicaba e Campinas, este último ao lado do físico mundialmente conhecido César Lattes.
Seu currículo aponta ainda que ministrou cursos em universidades e deu cursos de capacitação para professores visando estender o assunto a um maior número possível de estudantes.
Em Londrina (PR, em novembro de 2009, foi agraciado com o prêmio “Jean Nicolini” por seu trabalho científico “Contribuição dos Astrônomos Brasileiros no Projeto Apollo – NASA – JPL”.
Seu nome consta do “Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica”, de Ronaldo Mourão.
No dia 8 de abril de 2011 a Fundação Douglas Adriani de Campinas inaugurou o seu Observatório Astronômico Nelson Travnik, homenageando assim o astrônomo que prestou relevantes serviços ao País.
Nota do prefeito
O prefeito de Campinas, Dario Saadi, lamentou a morte do astrônomo Nelson Travnik. Ele disse que o astrônomo foi um “homem que se destacou por sua paixão pelo universo. Travnik atuou no Observatório Municipal de Campinas até 1996, quando se aposentou.
“Nelson foi meu amigo e hoje quero agradecer pela contribuição dele à ciência como pesquisador e escritor. Minha solidariedade à família pela perda.”, disse Saadi.
Relação com a imprensa
Nelson Travnik construiu uma sólida relação com a imprensa ao longo dos anos. Disponível para entrevistas, exigia rigor nos temas e nas abordagens. Era meticuloso e detalhista, características e qualidades de todo bom pesquisador. A ciência era a alma de seus textos, escritos que enviava com assiduidade aos editores de Opinião de jornais e revistas.
As entrevistas que dava para os repórteres eram mais que respostas às perguntas. Eram verdadeiras aulas de astronomia.