Três anos depois, o técnico João Brigatti repetiu o roteiro de assumir o comando da Ponte Preta em um momento bastante delicado e também a façanha de fazer a equipe dar a volta por cima contra todos os prognósticos.
Para quem não se lembra, em 2020, a Macaca não vencia há sete jogos, tinha sido derrotada pelo maior rival Guarani por 3 a 2 de virada e amargava a vice-lanterna do Campeonato Paulista, posição em que ficou durante quatro meses por causa da paralisação do futebol por causa da pandemia de Covid-19.
No retorno da competição, a Macaca conseguiu emendar vitórias sobre Mirassol e Novorizontino nas duas últimas rodadas, evitou a queda à Série A2 e ainda se classificou ao mata-mata do Paulistão, avançando até às semifinais.
Desta vez, o quadro parecia ainda mais grave e, ao contrário daquela ocasião, não havia muito tempo para contornar a situação. A Ponte amargava 10 jogos de jejum e quatro sem fazer gol, sofria com salários atrasados, havia entrado na zona de rebaixamento da Série B e tinha apenas três rodadas para conquistar duas vitórias e evitar o maior desastre da história do clube: o rebaixamento à Série C.
“Tinha muita gente dentro do próprio clube que não acreditava que a Ponte ia escapar”, disse Brigatti, em entrevista coletiva concedida após a vitória por 3 a 0 sobre o CRB, no último sábado (25), no estádio Moisés Lucarelli, em Campinas. O resultado positivo garantiu a Macaca na Série B.
Pois a história se repetiu e Brigatti mais uma vez cumpriu a missão de salvar um time desacreditado que parecia fadado ao fracasso. A comemoração dele foi bastante efusiva, indo até o alambrado, tirando a camisa e presenteando um dos 10 mil torcedores que compareceram ao Majestoso para apoiar o time.
“A grande maioria da nossa torcida nos incentivou do início ao final e nos ajudou demais, mas tem uma minoria que ainda precisa aprender o que é a camisa da Ponte Preta e o que é torcer para esse clube. A torcida da Ponte é uma torcida de pessoas sofridas. Meu filho hoje sofreu demais aqui na arquibancada. Ver ele nas sociais daquela maneira chega a emocionar’, disse o comandante pontepretano.
“Contra o Avaí, perdemos a partida, mas falei que não merecíamos e que a gente não iria cair. Dentro de uma construção de equipe, você tem que buscar o lado positivo. Fomos buscar resultados contra Tombense e Juventude para depender da gente na última rodada”, celebrou Brigatti.
“Dou os parabéns para todos, mas hoje vou deixar minha humildade de lado e bater palmas para mim. Pode ter certeza que não teria outro treinador que salvaria a Ponte do rebaixamento. Se fosse qualquer outro, até chegar e conhecer o elenco, não iria conseguir”, acredita Brigatti.
“Na situação que pegamos o grupo moralmente e animicamente, praticamente você não conseguia dar treino, pois os atletas não reagiam. Para a gente mudar esse cenário, foi muito complicado. Vocês não têm noção do nível de estresse. É um absurdo. Dá dor de cabeça, urticária, insônia. Eu não durmo e não consigo conviver com derrota”, descreveu Brigatti.
“Nós encontramos um elenco totalmente destruído pelo lado emocional, mas fomos construindo aos poucos no dia a dia. Foram dias difíceis demais, mas jamais desistimos. O principal foi passar credibilidade de que a gente conseguiria reverter essa situação”, acrescentou Brigatti.