Não há consolo para uma eliminação como essa. A Seleção Brasileira parecia ter a vaga na semifinal da Copa do Mundo FIFA nas mãos, restando três minutos de jogo na prorrogação. Mas a Croácia, com seu incrível espírito competitivo, forçou a disputa dos pênaltis e se colocou novamente entre os quatro melhores.
Agora, com base no que o Brasil mostrou em cinco jogos no Catar 2022, só resta olhar para o futuro. Ainda que a equipe esteja se despedindo do técnico Tite e de seu capitão Thiago Silva e de Dani Alves, há uma reserva de talento, especialmente entre seus atacantes, para tocar com otimismo o próximo ciclo rumo ao torneio que terá como anfitriões Canadá, Estados Unidos e México.
Para o único país pentacampeão mundial, cada revés numa Copa pode suscitar o ímpeto por reformulação total, num sentimento de terra arrasada. Dessa vez não é o caso.
Se Neymar não está pronto para dizer qual o seu status em relação à Seleção, o próximo técnico – qualquer que seja o escolhido – já assumirá um time com fartura de opções ofensivas. Ainda que esses prováveis protagonistas, mesmo, não estejam com cabeça para pensar nisso.
“Não vai doer só hoje, vai doer por vários dias, por mais oportunidades que a gente, que é mais jovem, vá ter de novo”, disse o atacante Antony ao FIFA+. “Temos muitos jogadores jovens, mesmo, vamos ter outras oportunidades. Mas não dá nem para imaginar algo para daqui a quatro anos. É até difícil pensar na próxima.”
O jogo e o lance capital
De volta ao jogo contra a Croácia, a eliminação não pode necessariamente ser creditada à inexperiência. A maneira como ocorreu o gol de empate da Croácia, num contra-ataque, leva a crer que o time talvez pudesse ter controlado mais a bola, sido mais precavido em suas subidas. Mas isso não passa somente pela juventude de parte do elenco.
“Isso que dói bastante. A gente correu na prorrogação, fizemos o gol, mas tomamos. Quando pegava a bola, eu corria para cima, para segurar um pouco e tentar dar uma segurada na partida. E defender também”, diz Antony.
“Talvez o árbitro pudesse ter dado uma falta em cima do Fred, depois de um carrinho perigoso, e aí não teríamos tomado o contra-ataque. São detalhes que podem decidir um jogo de Copa do Mundo, e levamos o gol”, afirma Neymar ao FIFA+.
Já para Thiago Silva, mesmo sem ter assistido ao replay do lance, era muito fácil relembrar em detalhes o momento da finalização de Bruno Petkovic, que recebeu a assistência de Ivan Perisic.
“Quando olhei para trás, vi o Marquinhos com dois, tentei meio que fechar o primeiro pau para que ele pudesse de alguma forma pegar aquela bola para trás. E a bola ainda desvia um pouquinho nele”, recorda. “O Alisson estava bem posicionado, e aquele desvio com certeza tirou dele a possibilidade de defesa.”
“É bem complicado. Fica aqui meu agradecimento a todos. Sou um cara muito realizado e tenho orgulho imenso dessa equipe. O troféu não veio para coroar essa geração, mas fica meu agradecimento por todo o esforço que fizemos”, completa.
Nesse ponto, só cabe uma distinção. O estafe em torno da Seleção é unânime em falar sobre a autenticidade da união de seu elenco. Era um grupo bastante coeso. Mas não dá para tratar seus integrantes como de uma mesma geração. Para muitos deles, o jogo está só começando.