O Corpo de Bombeiros de Campinas e a Polícia Ambiental foram acionados nesta segunda-feira (22) para resgatar uma onça-parda que entrou nas dependências do Hospital Madre Theodora, em Campinas. O animal ficou acuado, dentro de uma vala localizada nos fundos do hospital, próximo ao Pronto-Socorro. A área foi interditada e ninguém se feriu.
Apesar de ter entrado nas dependências do hospital, a onça permaneceu na área externa e procurou abrigo no buraco perto do pronto-socorro. Uma operação especial foi montada pela Polícia Ambiental para realizar o resgate. O animal foi parcialmente sedado por um veterinário e em seguida retirado pelas equipes.
Segundo a Polícia Ambiental, a veterinária examinou as condições de saúde da onça após ela ter sido transportada em segurança para fora do hospital. Como o animal estava em boas condições, foi solto em uma área de preservação na região de Campinas. A Polícia Ambiental informou que a onça é um animal da fauna da região.
O animal pode ter saído da Mata Santa Genebrinha, fragmento da Mata Santa Genebra, localizada às margens da Rodovia Zaferino Vaz, próximo à entrada do distrito de Barão Geraldo. A possibilidade foi divulgada por Cidão Santos, presidente da Fundação José Pedro de Oliveira (FJPO), que administra a Mata.
Ele explicou que a onça-parda precisa de grandes territórios para circular e que o animal que invadiu a área do hospital pode ser um dos filhotes que apareceram em uma filmagem das câmeras da Mata Santa Genebra em 2021.
“Há grande chance de que seja um dos três filhotes que nasceram na Mata no ano passado. Ele pode ter migrado para aquele fragmento ambiental ao lado da Unicamp, e está vivendo por lá”, afirmou.
Cidão lembrou a importância da construção de passagens de fauna subterrâneas sob as rodovias que cortam a região para reduzir as mortes de animais por atropelamentos. “Todo mês, cerca de 30 animais são atropelados nas rodovias próximas, como cachorros do mato, onças e macacos, muitos deles ainda filhotes”, afirma.
Cidão também destacou a importância dos corredores ecológicos, que ligam fragmentos de matas, “para que os animais possam circular em toda a região, em áreas isoladas, nas Áreas de Proteção Ambiental de Campinas, nas regiões de Joaquim Egídio, Sousas e Barão Geraldo”.
Abaixo-assinado
O presidente da FJPO receberá nesta terça-feira (23), na sede da Mata, um grupo de ambientalistas que recolheu 25 mil assinaturas na região de Barão Geraldo em prol da construção das passagens de fauna em trechos de rodovias como os quilômetros 117 e 118 da Rodovia Zeferino Vaz, que registra alto número de atropelamentos.
As passagens permitem que os animais cruzem as estradas em túneis abertos sob as pistas, evitando contato com humanos e veículos “Estamos lutando para que as concessionárias, responsáveis pelas rodovias, construam de uma vez estas passagens, que são de sua responsabilidade”, disse o presidente da Mata.
“O caso desta onça é um exemplo: os animais circulam. A onça-parda acabou indo para o hospital. Mas poderia ter sido mais um caso trágico de atropelamento, se ela tivesse ido para a estrada”, afirmou.
O biólogo da FJPO, Thomaz Barrella, que fez fotos do resgate e do momento de soltura do animal pelos bombeiros e polícia ambiental, disse que as onças podem explorar uma área de até 70 quilômetros quadrados durante a vida. “A onça vai circular. A questão é: ela tem como circular de forma segura? Ela tem como atravessar as barreiras físicas que nós criamos, de forma segura? Aí há a necessidade dos corredores, da implementação de passagens de fauna eficientes”, disse Barrella.