Numa temporada marcada por muita preocupação e sofrimento, a Ponte Preta evitou o desastroso rebaixamento à Série C com uma vitória por 1 a 0 sobre o Confiança, no dia 20 de novembro, em Aracaju, faltando uma rodada para o término do Campeonato Brasileiro.
Na sequência, já tomada pelo sentimento de alívio, a Macaca despediu-se da temporada e de sua torcida com um incrível triunfo de virada por 3 a 2 sobre o Coritiba, há exatamente um mês, no dia 26, no Moisés Lucarelli. Com o resultado positivo dentro de casa, a Ponte terminou a Série B na 11ª colocação, com 49 pontos.
Para a equipe do técnico Gilson Kleina chegar salva e tranquila à última rodada, muitos outros resultados anteriores foram determinantes durante toda a campanha, mas alguns deles tiveram caráter especial ao longo das 38 rodadas disputadas nos últimos seis meses.
Durante todo o mês de dezembro, o Hora Campinas relembra cinco partidas, uma a cada semana, que foram fundamentais para a permanência da Ponte Preta na Série B.
A série especial do Hora Campinas começou com a primeira vitória da Macaca na competição sobre o CSA, prosseguiu com o triunfo de virada nos acréscimos em cima do Londrina na noite de aniversário de 121 anos do clube e depois trouxe a partida repleta de reviravoltas diante do Sampaio Corrêa, que terminou com final feliz também nos descontos, graças aos pés calibrados dos dois laterais do time.
Perceba que até agora todos os duelos lembrados tiveram o Majestoso como palco. Neste domingo (26), no entanto, a recordação é da primeira vitória da equipe alvinegra como visitante no campeonato, já no segundo turno, encerrando um longo e incômodo jejum.
Operário 1 x 2 Ponte Preta (25ª rodada) – 22/09 – Germano Krüger (Ponta Grossa)
Última equipe a comemorar uma vitória na Série B, a qual veio somente na 8ª rodada, a Ponte Preta também foi o time que mais demorou para conquistar um triunfo fora de casa dentro do campeonato. Foram nada menos do que 25 rodadas de espera até o apito final no estádio Germano Krüger, em Ponta Grossa, onde a Macaca bateu o Operário por 2 a 1, em um jogo com contornos épicos, no dia 22 de setembro, no estádio Germano Krüger, em Ponta Grossa.
Contando todas as competições, eram exatamente cinco meses de jejum pontepretano longe de Campinas, desde a vitória por 2 a 1 de virada sobre o São Caetano, com gol salvador do atacante Moisés nos acréscimos do segundo tempo, no dia 22 de abril, no estádio Anacleto Campanella, ainda pela primeira fase do Campeonato Paulista.
Pois diante do Operário no interior do Paraná, as duas incômodas sinas foram sepultadas de uma só vez. Os três pontos tiveram um sabor ainda mais especial porque vieram na presença de cerca de dois mil torcedores rivais que ocuparam as arquibancadas do Germano Krüger, dentro da limitação estabelecida de 20% da capacidade do estádio, em decorrência das restrições da pandemia de Covid-19.
O primeiro passo para a inédita vitória pontepretana longe de casa em todo o campeonato foi largar em vantagem no placar, algo que a equipe só havia conseguido fazer em uma única oportunidade até então na Série B. Nos 12 jogos anteriores como visitante, a Macaca havia saído na frente do marcador apenas no empate por 1 a 1 com o Náutico, no dia 12 de julho, no estádio dos Aflitos, em Recife.
O golaço do volante André Luiz, em chute de fora da área cheio de curva, aos 21 minutos do primeiro tempo, abriu o caminho do triunfo sobre o Operário e representava até então apenas o quinto gol marcado pela Ponte Preta em campos adversários na Série B.
Quando a Macaca tomou o empate apenas cinco minutos depois, com gol do meia Marcelo, aproveitando rebote de cobrança de falta na trave do atacante ex-pontepretano Paulo Sérgio, o trauma como visitante voltou a assombrar o torcedor pontepretano, mas desta vez o roteiro seria diferente.
Praticamente no último lance do primeiro tempo, a Ponte reassumiu a liderança do placar graças a um lance plástico de seu principal jogador. Com todo o talento que lhe é inerente, Moisés destrancou a defesa do Operário e serviu com açúcar para Rodrigão apenas empurrar para o fundo das redes. Esse foi um verdadeiro balde de água fria sobre o adversário paranaense, que desceu para o intervalo com missão em dobro para conquistar a virada.
No segundo tempo, no entanto, a Ponte Preta teve mais sorte do que juízo. A equipe praticamente entregou a bola e se limitou a defender o resultado que interessava. Com pouca efetividade nos contra-ataques, passou a recuar cada vez mais e chamar o Fantasma, que teve várias claras de empatar a partida. Na mais incrível delas, Paulo Sérgio acertou novamente a trave. A bola correu caprichosamente sobre a linha e saiu para fora. Não é sempre que a Lei do Ex é infalível.
A situação da Ponte Preta ficou bastante complicada quando André Luiz foi expulso e mais difícil ainda quando a equipe perdeu o zagueiro Fábio Sanches, também por cartão vermelho, e precisou resistir à pressão com dois homens a menos na reta final da partida. Mesmo com oito minutos de acréscimo que deixaram o torcedor pontepretano com o cabelo em pé, a Macaca conseguiu suportar a pressão com muita marcação, superação e, como não poderia faltar, intervenções do grande goleiro Ivan.
Ele já havia sido o grande herói da Ponte Preta no Dérbi 201, que havia terminado empatado sem gols cinco dias antes. Na parte final do clássico campineiro, ele evitou o gol da provável vitória bugrina com defesa à queima-roupa em chute de Lucão do Break dentro da pequena área. O jovem arqueiro de 24 anos, nunca vazado pelo Bugre em clássicos disputados no Majestoso, garantiu o tabu de 12 anos sem derrota para o maior rival dentro do estádio pontepretano e, logo na sequência, ainda foi um dos grandes responsáveis pelo fim da maldição de cinco meses sem vitória fora de casa. Fantasma exterminado. Literalmente!