Pela primeira vez neste ano, a pandemia do coronavírus deu sinais de que está perdendo força em Campinas. Indicadores apresentados nesta terça-feira (6) pelo prefeito Dário Saadi (Republicanos), em uma entrevista on-line, mostram que houve redução em indicadores importantes como os quadros de síndromes gripais; diminuição na fila de espera por leitos; queda na taxa de reprodução do vírus e redução no número de mortes entre os idosos. Por conta disso, a Prefeitura iniciou a flexibilização do decreto que impôs restrições na Fase Emergencial, que só termina no dia 11 de abril.
Flexibilização atinge basicamente o funcionamento do setor de comércio e serviços.
O sistema drive-thru, que estava permitido apenas para o setor de alimentação, será ampliado. A partir desta quarta-feira (7), passa a vigorar para todas as atividades econômicas, como casas de material de construção, por exemplo.
Já o serviço de bares e restaurantes, que hoje tem liberado apenas o serviço de entrega (o chamado delivery), também ganha um novo fôlego. Os comerciantes poderão permitir a retirada no estabelecimento. A retirada, no entanto, terá de ser feita apenas no lado de fora. Não será permitida essa atividade no interior do bar ou restaurante.
Índices
Apesar do recorde de 69 mortes em 24h registrado nesta terça-feira (6), a secretaria de Saúde considerou animadores os novos índices em meio à pandemia do coronavírus. Concluiu, por exemplo, que a taxa de reprodução do vírus em Campinas está entre 0,7 e 0,8. Segundo a diretora do Devisa, Andrea Von Zuben, “isso mostra que a pandemia entrou em uma fase de controle”.
Outro fator animador, segundo ela, foi a queda acentuada no número de mortos acima de 85 anos após a vacinação. Caiu de 40% em 2020 para 12,3% agora.
“Os leitos continuam lotados, mas a pressão diminuiu bastante”, reforçou o presidente da Rede Mário Gatti, Sérgio Bisogni.
O número de pessoas que aguardam vaga para internação nos hospitais da cidade também apresentou queda. Segundo o secretário de Saúde, Lair Zambon, a fila de espera, que há menos de duas semanas chegou a ter 226 pessoas, nesta terça (6) contava com 65. “Estamos começando a equilibrar o jogo”, disse o secretário. “Esperamos que nos próximos 10 dias, conseguiremos equilibrar completamente o jogo”, acrescentou. Ele lembrou que as 69 mortes notificadas hoje, foram de agravamentos ocorridos duas ou três semanas atrás.
“Já podemos começar a pensar na rede de atendimento não covid, como a retomada das cirurgias eletivas, que ainda estão represadas”, acrescentou Bisogni. “Não estamos cantando vitória, mas esse é o resultado do esforço que fizemos lá atrás, quando impusemos restrições mesmo antes do governo do São Paulo”, disse o prefeito. “Mas não vamos baixar a guarda, porque essa pandemia é imprevisível”, avisou ele.
Outro lado
A liberação de retirada de comida nos bares e restaurantes (take away), anunciada pelo prefeito foi bem recebida pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em Campinas e Região. A medida havia sido solicitada pela entidade no dia 22 de março. Hoje, bares e restaurantes podem operar somente com delivery e drive thru (até às 20h, seguindo o Plano Emergencial).
Segundo a Abrasel, o sistema é caro, pois prevê pagamento de taxa de até 25% para os aplicativos, além de exigir grande infraestrutura. Por causa disso, excluía grande parte dos 86% dos micro e pequenos estabelecimentos comerciais, diz a Abrasel.
“A permissão de retirada no estabelecimento traz um pequeno alívio para estes estabelecimentos e os e de médio e grande porte, uma vez que o setor vem operando com grandes prejuízos e sem caixa para pagamento de contas e salários dos funcionários”, disse a entidade em nota.