Dados do Sisnov (Sistema de Notificação de Violências) divulgados nesta sexta-feira (3) pela Prefeitura, indicam uma queda de 16% no número de registros de violência contra a mulher em Campinas na comparação entre os anos de 2020 e 2019.
Segundo os dados apurados no estudo, foram 1.415 casos em 2019 contra 1.179 em 2020. Já no ano de 2021 – de janeiro a junho – foram registradas mais 597 notificações.
Os técnicos das secretarias de Assistência Social e Saúde, responsáveis pela elaboração do levantamento, no entanto, avaliam que o dado não traduz a realidade. De acordo com o documento, os especialistas acreditam que a pandemia do coronavírus tenha contribuído para uma redução nas notificações.
“A queda ocorreu durante o período no qual houve adoção de medidas temporárias e emergenciais de prevenção de contágio pelo novo coronavírus (covid-19), ocorridas no início de 2020, que determinaram o isolamento social, suspensão das atividades escolares, trabalho em home-office, e a consequente menor procura por atendimento à saúde”, diz o documento.
“No contexto pandêmico, infere-se que dados de notificação são insuficientes para revelar a realidade da violência contra a mulher”, conclui.
De acordo com o estudo, a subnotificação das ocorrências em Campinas repete o padrão encontrado no Brasil e em outros países do mundo, que, apesar de registrarem um aumento nos casos de violência contra a mulher, também apresentaram dificuldades nos canais de denúncia oficiais segundo pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Outros dados
O documento mostra também que a maioria dos casos (205 registros, 34,3% das ocorrências) são de violência física, seguido por casos de violência sexual (170 registros, 28,5% dos casos). Em terceiro lugar estão os caso de tentativa de suicidio e suicídio (87 registros, 14,6% dos casos). Outras duas formas observadas foram negligência (65 ocorrências, 10,9% dos casos) e violência psicológica (49 ocorrências, 8,2% dos casos).
O boletim revela igualmente que na maioria dos casos é o cônjuge o autor da violência (127 casos, 21,3%). A autoagressão é a segunda maior ocorrência, segundo o boletim (93 dos casos, 15,6%). A faixa etária mais frequente está entre 20 e 59 anos (306 casos, 51,3%), seguida pela faixa de 10 a 19 anos (145 casos, 24,3%).
O Sisnov ainda traz que o maior número de ocorrências este ano foi registrado na região noroeste da cidade (143 ocorrências, 26,2% dos casos), seguido de perto pela região sul (137 ocorrências, 25,1% dos casos). A região com menor incidência foi a região leste (67 ocorrências, 12,3% dos casos).