O Papa Francisco criticou nesta sexta-feira (22) o “fanatismo e a indiferença” perante os migrantes que procuram uma vida melhor na Europa e agradeceu às organizações que os acolhem após as travessias do Mediterrâneo.
Durante uma visita ao porto francês de Marselha, Francisco presidiu um momento de oração silenciosa num memorial dedicado aos marinheiros e migrantes que morreram no mar, rodeado do clero local e por representantes de organizações de resgaste de refugiados.
Na viagem de avião para Marselha, onde ficará este fim de semana, o Papa já tinha lamentado a “crueldade e a falta de humanidade” com que a Europa está tratando o drama dos migrantes que chegam à ilha italiana de Lampedusa.
Hoje, Francisco criticou o “fanatismo e a indiferença” com que os migrantes são tratados e lamentou as mortes de quem procura fugir da pobreza, dos conflitos e da miséria.
“Este lindo mar tornou-se um enorme cemitério, onde muitos irmãos são privados do seu direito a uma sepultura”, disse o chefe da Igreja Católica.
Francisco agradeceu às organizações de resgate pelo esforço que têm feito na tentativa de salvar vidas de migrantes e criticou aqueles que procuram evitar estas missões, com argumentos que disse serem “gestos de ódio, disfarçados de atos de equilíbrio”.
O Papa disse que é um “dever da humanidade” ajudar quem atravessa o mar para a Europa e apelou a uma nova atitude perante este flagelo.
“Não podemos resignar-nos a ver seres humanos tratados como mercadorias de troca, presos e torturados de forma atroz”, disse o Papa, acrescentando que “quando os rejeitamos” são novamente torturados, recordando na sua mensagem, embora sem os citar, os campos de refugiados na Líbia.
“As pessoas que, quando abandonadas nas ondas, correm o risco de se afogar, devem ser ajudadas. É um dever da humanidade, é um dever da civilização”, disse Francisco, depois de o governo italiano de Giorgia Meloni ter anunciado mais medidas restritivas na recepção aos migrantes.
Em Marselho, Francisco pediu para as pessoas não se habituarem a “considerar os naufrágios como notícias e os mortos como números”, dizendo que essas vítimas “são nomes e apelidos, são rostos e histórias, são vidas despedaçadas e sonhos despedaçados”.
“Penso nos numerosos irmãos e irmãs afogados no medo, junto com as esperanças que carregavam nos seus corações. Diante de tal drama, as palavras não servem. São precisas ações. Mas primeiro é necessária a humanidade: silêncio, lágrimas, compaixão e oração”, acrescentou o Papa.
O Papa chegou a Marselha para participar na terceira edição dos Encontros Mediterrânicos, uma iniciativa em que 60 bispos e jovens de vários países debatem vários temas relacionados com a região.
(Agência Lusa)