Há exatamente 25 anos, numa manhã de domingo, dia 7 de dezembro de 1997, mais de 20 mil torcedores da Ponte Preta fizeram a festa no estádio Moisés Lucarelli, em Campinas, com direito a invasão no gramado logo após o apito final do duelo contra o Náutico, que terminou em empate em 1 a 1, pela última rodada do quadrangular final da Série B. Chegava ao fim uma agonia que já durava 11 anos na Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro.
De lá para cá, a Macaca amargou três rebaixamentos à Série B, o primeiro em 2006, o segundo em 2013 e o mais recente em 2017, mas nunca voltou a ficar mais do que cinco anos fora da elite nacional. Em 2023, no entanto, a equipe alvinegra chegará a seis temporadas consecutivas afastada da Série A, lutando para retornar o mais rápido possível e deixar no passado aquele doloroso período entre 1986 e 1997.
Em um misto de alívio e alegria, a arquibancada do Majestoso explodiu e “transbordou” com a certeza do retorno da Ponte Preta à elite nacional após pouco mais de uma década afastada da principal competição do futebol brasileiro.
Em 1997, a Ponte Preta precisava apenas de um ponto para garantir o acesso. Caso fosse derrotada dentro de seus domínios, a vaga na elite ficaria com o Náutico. A disputa também envolvia o América-MG, que estava na ponta da tabela e terminaria com o troféu, abrindo espaço para apenas mais um time ser promovido, numa época em que apenas dois subiam.
O meia pontepretano Claudinho, cria do Majestoso, abriu o placar para os donos da casa aos 11 minutos do segundo tempo, mas logo na sequência o atacante Chapecó deixou tudo igual para o Timbu. Apesar da pressão dos visitantes, que jogavam com um homem a mais devido à expulsão do zagueiro Renato Carioca ainda no primeiro tempo, os jogadores da Macaca conseguiram segurar o resultado e festejaram ao lado da torcida.
Com apenas 32 anos de idade, o então diretor de futebol Marco Antonio Eberlin, atualmente presidente do clube, comemorava seu primeiro grande feito como dirigente da Ponte Preta.
Com uma mistura de talento, raça e vibração, marcas que acompanham o clube alvinegro desde o início de sua história, a Ponte Preta segurou a pressão do Náutico e o resultado de empate que necessitava para conquistar o acesso e o retorno à elite nacional após 11 anos.
Ex-jogador e ídolo do Santos, o treinador José Macia, o Pepe, somava apenas o seu quinto jogo no comando da Ponte Preta, após ser contratado para comandar a equipe na reta final do campeonato, substituindo Antônio Augusto Pereira, o popular “Pardal”. Ao todo, a Macaca conquistou 13 vitórias e sete empates em 23 confrontos na Série B de 1997.
Foram apenas três derrotas de um time que contava com os meias Grizzo como um verdadeiro “carregador de piano” e o habilidoso Marcelo Borges como “maestro”. A zaga e o setor de proteção tinham a consistência dos experientes Renato Carioca e Marcus Vinicius, enquanto o ataque dispunha do velocista Sérgio Araújo arrancando pelas beiradas do campo.
Começava ali uma série de boas temporadas que culminaria em mais um acesso duas temporadas depois, desta vez à elite estadual, em 1999, seguido de resultados surpreendentes tanto no Campeonato Brasileiro, chegando à semifinais em 2001, quanto na Copa do Brasil, ficando na 3ª posição naquele mesmo ano.
Campanha com participação de Adrianinho
Integrante mais jovem do elenco pontepretano em 1997, com apenas 17 anos, o ex-meia Adrianinho não chegou a entrar em campo na partida decisiva contra o Náutico, que resultou no acesso da Macaca, mas participou de outros jogos da campanha naquela edição da Série B que o torcedor alvinegro guarda com muito carinho na memória.
“Eu era muito jovem, tinha acabado de fazer 17 anos, mas tive a oportunidade de participar de alguns jogos dessa campanha, embora tenham sido poucos”, contou Adrianinho, atualmente com 42 anos, aposentado do futebol, em contato com a reportagem do Hora Campinas.
“O time estava na segunda divisão do Brasileiro e do Paulista, passando por grandes dificuldades e problemas financeiros. Mesmo assim, meus ídolos eram os jogadores da Ponte”, relembra Adrianinho, cuja estreia na equipe profissional da Macaca aconteceu justamente na Série B de 1997, quando o clube alvinegro conquistou o acesso após 11 anos longe da elite nacional.
Dezessete anos depois, vivendo a sua segunda passagem pela Ponte Preta, Adrianinho foi coroado com mais um acesso à Série A, desta vez com participação efetiva: 28 jogos e três gols na Série B de 2014.
Após conquistar a vaga com quatro rodadas de antecedência, a Macaca chegou à última rodada apenas dois pontos atrás do líder Joinville, ainda brigando pelo inédito título.
Beneficiada pela derrota da equipe catarinense para o Oeste, em jogo simultâneo realizado no dia 29 de novembro de 2014, a Ponte precisava apenas de uma vitória sobre o Náutico, na Arena Pernambuco, para soltar o grito de campeão entalado na garganta.
Faltando um minuto para o apito final, o jogo estava empatado por 1 a 1 quando a bola caiu nos pés de Adrianinho, aos 48′ do segundo tempo. A poucos metros do gol, ele tentou limpar a marcação, mas se atrapalhou e não conseguiu concluir a gol, desperdiçando a chance de se tornar o herói do primeiro troféu nacional do clube alvinegro. O lance atormenta a torcida pontepretana até hoje.
Confira abaixo a ficha técnica do empate em 1 a 1 entre Ponte Preta e Náutico, que garantiu o retorno da Ponte Preta à elite nacional, em dezembro de 1997, no Majestoso:
Ponte Preta (1): Fabiano; Jorge Luís, Renato Carioca, Marcelo Souza e Serginho; Ezequiel, Fabinho, Grizzo e Marcelo Borges (Valmir); Claudinho (Dionísio) e Régis (Sergio Araújo). Técnico: Pepe.
Náutico (1): Nei, Canjerê (Sidicley), Ricardo, Humberto e Paulo César; Fernando, Jailson, Marcelo (Dedé) e Alemão (Germano); Robson e Chapecó. Técnico: Hugo Benjamin.
Gols: Claudinho (PON), aos 11′, e Chapecó (NAU), aos 12′ do 2º tempo.
Data: 7 de dezembro de 1997 (domingo pela manhã).
Local: Estádio Moisés Lucarelli, Campinas (SP).
Público: 20.622 pagantes.
Renda: R$ 143.776,00.
Juiz: Ubiraci Damásio.
Cartão vermelho: Renato Carioca, aos 11′ do 1º tempo.