Há exatamente dois anos, no dia 10 de março de 2020, a Ponte Preta estava mergulhada em uma enorme crise dentro de campo. A equipe havia acabado de perder uma partida em casa diante da torcida, amargava um grande jejum de vitórias, tinha vencido apenas duas vezes no Campeonato Paulista e aparecia na vice-lanterna geral da competição, faltando poucas rodadas para o fim da primeira fase. Além disso, sob a então recente gestão de um novo presidente, o clube alvinegro havia demitido o técnico Gilson Kleina no meio da campanha.
Muito tempo se passou desde então, mas pouca coisa mudou pelo lados do estádio Moisés Lucarelli. A semelhança com a atual situação da Macaca impressiona, pois todos os elementos citados no primeiro parágrafo repetem-se na atual edição do Paulistão. As diferenças fundamentais são que agora faltam apenas dois jogos – em 2020, restavam três a esta mesma altura do mês de março – e que o torneio estadual, ao que tudo indica, não será paralisado em função da pandemia de Covid-19, algo que aconteceu nas últimas duas temporadas, ambas em meados de março. Outra diferença em comparação com o ano de 2020 foi a sobrevida na Copa do Brasil em meio ao furacão no Estadual.
Desde a vitória por 2 a 1 sobre a Ferroviária, em Araraquara, no dia 9 de fevereiro, portanto há pouco mais de um mês, a Macaca disputou seis jogos, acumulando cinco derrotas, incluindo a da eliminação na Copa do Brasil, e apenas um empate, contra o Mirassol, na estreia do técnico Hélio dos Anjos.
Em 2020, na soma do mês inteiro de fevereiro com o primeiro terço de março, a Ponte Preta tinha conquistado apenas uma vitória em oito jogos, contando todas as competições. Naquele período de cerca de 40 dias, a Macaca derrotou apenas o Novo Hamburgo em solo gaúcho, pela primeira fase da Copa do Brasil. Na etapa seguinte da competição, a Macaca se classificou em cima do Vila Nova nos pênaltis, após empate sem gols no tempo normal, no Majestoso. Um desempenho bem superior ao que aconteceu nesta temporada, quando a equipe alvinegra caiu de forma bastante precoce na Copa do Brasil, com derrota por 1 a 0 para o Cascavel, em território paranaense, ainda na fase inicial.
No Campeonato Paulista, no entanto, os números da Ponte Preta são bem semelhantes considerando este mesmo recorte de tempo em 2020 e 2022. Há dois anos, foram seis tropeços entre 1º de fevereiro e 10 de março, com cinco derrotas (Inter de Limeira, Palmeiras, Ituano, São Paulo e Red Bull Bragantino), e um empate (Ferroviária).
Após a sequência negativa de seis jogos sem vitória no Paulistão, a Macaca até deu uma resposta para o torcedor ao vencer o Afogados-PE por 3 a 0 e dar um grande passo rumo à classificação na Copa do Brasil. No entanto, no dia 16 de março de 2020, a Macaca perdeu o Dérbi 196 por 3 a 2 para o Guarani, no Brinco de Ouro, no último jogo do futebol brasileiro antes da paralisação do futebol brasileiro, em função da chegada da pandemia de Covid-19.
Com isso, a equipe então comandada pelo técnico João Brigatti passou mais de três meses na lanterna geral e isolada do Paulistão até o retorno do campeonato em junho. Nas duas rodadas finais, em campo neutro e com adversários mutilados com saída de jogadores, a Ponte Preta venceu Mirassol e Novorizontino, escapando do rebaixamento à Série A2 e, de quebra, avançado até as quartas de final. A Macaca eliminou o Santos em plena Vila Belmiro e só parou no campeão Palmeiras, no Allianz Parque, na semifinal.
Parece um delírio pensar que esse roteiro de quase rebaixada para semifinalista pode se repetir, mas a matemática ainda permite. Além de estar separada por dois pontos de Ferroviária, primeiro time fora da degola, a Ponte Preta está a apenas três pontos do Santo André, vice-líder do Grupo D, dentro zona de classificação às quartas de final para enfrentar o Red Bull Bragantino, já classificado em primeiro lugar da chave. O problema é que, para começar a copiar o milagre de 2020, a Macaca precisará vencer nada menos do que o Corinthians no próximo sábado (12), em Itaquera. Uma derrota pode destruir a máquina do tempo e construir a dura realidade: a iminência do rebaixamento à Série A2.