O que se imaginava, aconteceu. As festas de final de ano tiveram um impacto grande no sistema de saúde regional por conta do aumento dos casos de síndrome gripal. O cenário de unidades lotadas entre o Natal e o Réveillon está se repetindo na primeira semana útil de 2022. As celebrações do Ano-Novo explicam parte dessa demanda que sufoca UPAs, PS de hospitais e centros de saúde. Os especialistas entendem que a falta de distanciamento e o não uso de máscara nos encontros multiplicaram as infecções entre 2021 e este ano.
O surto de gripe que chegou no Brasil e atingiu cidades como Rio de Janeiro e São Paulo segue com força nesses últimos dias nas cidades da região de Campinas. São pacientes com sintomas como dor no corpo, febre, dor de cabeça, dor de garganta, espirros, prostração e coriza.
Em Campinas, os principais impactos ocorrem no PS do Hospital Ouro Verde, na unidade Mário Gatti da Avenida das Amoreiras, onde será organizado o Hospital Mário Gattinho (antigo Metropolitano) e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). O cenário é parecido: salas de espera lotadas e gente no chão, sentada ou deitada. Irritadiça, parte dos pacientes tem reclamado da demora.
De acordo com dados disponibilizados pela Rede Mário Gatti, nas unidades do sistema foram atendidas 2.301 pessoas com sintomas gripais entre 7h segunda-feira (3) e 7h desta terça (4), . Esse volume é 48,2% maior na comparação com as 24h anteriores (período de 7h de domingo a 7h de segunda), e 290% acima da média que vinha sendo registrada antes do surto de síndromes respiratórias iniciado nas últimas semanas de dezembro.
Todos os pacientes com sintomas sugestivos de Covid fazem o teste RT-PCR, cujo resultado leva em média quatro dias para sair. A positividade tem ficado abaixo de 5%, e a grande maioria é de casos leves, sem necessidade de internação.
VEJA OS NÚMEROS DOS ATENDIMENTOS DE QUADROS GRIPAIS NA REDE MÁRIO GATTI
7h de domingo a 7h de segunda-feira
Hospital Ouro Verde – 272
Mário Gatti-Amoreiras – 254
UPAs – 1026
Total – 1552
7h de segunda e 7h desta terça-feira
Hospital Ouro Verde – 442
Mário Gatti-Amoreiras – 349
UPAS – 1510
Total – 2301
Segundo a Rede Mário Gatti, o número de atendimentos nas quatro UPAs são gerais. Os sintomáticos respiratórios representam dois terços desse total. Os atendimentos do Ouro Verde e Mário Gatti-Amoreiras são nos gripários.
MEDIDAS QUE JÁ FORAM ADOTADAS NA ÚLTIMA SEMANA
♦ Por meio de um convênio na área de ensino entre a Rede Mário Gatti e a Faculdade São Leopoldo Mandic, as unidades de pronto atendimento Carlos Lourenço, São José e Campo Grande e Anchieta passarão a contar com alunos e preceptores do Curso de Medicina.
♦ Decreto em vigor estabeleceu que os médicos das UPAs Anchieta, São José, Carlos Lourenço e Campo Grande receberão adicional emergencial de R$ 1.004,12 para plantões realizados às segundas, sextas, sábados e domingos. O pagamento será feito até 31 de janeiro para os trabalhos diurnos (7h às 19h) e noturnos (19h às 7h). Atualmente, o adicional já é pago para os médicos das UPAs nos plantões de Natal e Ano-Novo.
♦ Foi antecipada a homologação do contrato com a entidade parceira que ficará responsável pela contratação de médicos e profissionais para atuação na UPA Campo Grande. Anteriormente, a assinatura estava prevista para o final de janeiro. Com isso, 100 profissionais de saúde, sendo 34 médicos, 17 enfermeiros e 49 técnicos de enfermagem, que atualmente trabalham na unidade, poderão reforçar as equipes de outros serviços da Rede Mário Gatti.
♦ Foi colocada em prática a reorganização dos fluxos de atendimento de sintomáticos respiratórios nos 67 centros de saúde. Todas as unidades tem atendimento desses casos em todo o período de funcionamento.
Nos demais municípios
O quadro se repete em municípios como Hortolândia, Nova Odessa, Paulínia e Jaguariúna. No Pronto Atendimento do Hospital e Maternidade Municipal de Nova Odessa, o surto fez com que a demanda aumentasse nesta segunda-feira (03) em cerca de 40% com relação a uma segunda-feira “normal”, que já são dias de grande fluxo na unidade, apontou a Secretaria Municipal de Saúde.
A Pasta aponta que “uma série de fatores extraordinários, entre eles um surto nacional de gripe causado pelo vírus Influenza A H3N2”, explica essa corrida às unidades de saúde. Em Nova Odessa, “o prazo de espera entre a classificação de risco e a consulta com o médico superou as 2h na manhã desta segunda-feira”. A Prefeitura adotou medidas para acelerar o atendimento.
Segundo o secretário Silvio Corsini, este aumento na procura por pacientes de síndrome gripal vem sendo registrado desde o último sábado, dia 1º de janeiro – mas ele não responde sozinho pela situação desta segunda-feira, 03/01.
“Está 40% acima da média das segundas-feiras – que historicamente já é a mais alta. Está tendo sim um aumento na procura de pacientes com síndrome gripal, agravado agora pela chegada da nova variante da gripe comum, a H3N2, cujo contágio e disseminação são muito mais rápidos que da H1N1. A situação vem se mantendo desde sábado (1º/01), quando tivemos aqui um atendimento típico de uma segunda-feira, um aumento expressivo”, explicou.
Do total de pacientes com sintomas respiratórios, apenas dez testaram positivo para Covid-19, confirmando a prevalência de casos de gripe (muito provavelmente de H3N2) em Nova Odessa.
Parte das visitas são desnecessárias
Segundo o secretário de Saúde de Nova Odessa, cerca de seis de cada dez atendimentos por outras patologias são “pessoas em busca de atestado médico, ou seja, gente que não precisaria estar em um pronto-socorro de hospital”. Ele adverte que muitos pacientes estão procurando o HMNO desnecessariamente acompanhados, indo contra a orientação dos serviços de Saúde em geral desde o início da pandemia de Covid-19, em 2020.
Em Paulínia, A Prefeitura montou um posto avançado para atendimentos dos casos. A superlotação nos hospitais é geral.
Há situações ainda de pacientes com quadros leves ne região de Campinas, que buscam atendimento desnecessariamente, sobrecarregando as unidades.
Em Jaguariúna, o fenômeno se repete, com um aumento significativo de casos de gripe. Nas plataformas digitais oficiais, a Prefeitura tem feito alertas sucessivos sobre prevenção. Os posts sao publicados nas redes sociais e cobram que a população adote os protocolos sanitários básicos, os mesmos que têm sido adotados na pandemia da Covid-19, como distanciamento social, uso constante de máscaras e higienização regular das mãos.
Cuidados reforçados
Diante do aumento nas últimas semanas de pessoas com síndrome respiratória que têm procurado atendimento nas unidades de saúde do município, a Prefeitura de Hortolândia orienta a população a reforçar os cuidados para evitar a gripe. A Secretaria de Saúde reforça para que a população se conscientize sobre a importância de manter os protocolos sanitários, que incluem uso de máscara, distanciamento e higienização constante das mãos com álcool em gel. Ao adotar essas medidas, as pessoas ajudam a diminuir a transmissão da doença para pessoas de seu convívio pessoal.
A diretora de atenção especializada da Secretaria de Saúde, Fátima Gomes, salienta que também é importante que a população tenha uma alimentação saudável. Dentre os alimentos recomendados estão as frutas, em especial aquelas ricas em vitamina C, dentre as quais laranja, acerola, manga e banana. “Ter uma alimentação saudável ajuda a fortalecer o sistema imunológico contra a gripe e outras doenças”, ressalta Fátima.
Outra medida destacada pela diretora é manter o corpo hidratado com a ingestão de água. A recomendação é de dois litros por dia. A hidratação ajuda a manter o bom funcionamento do organismo e a manter úmidas as vias áereas do sistema respiratório.
“Outra dica importante é que as pessoas procurem manter o ambiente de suas casas bem arejado e limpo”, salienta Fátima.
A Prefeitura ainda solicita para que a população evite formar aglomeração nas unidades de saúde, ajudando assim a diminuir a disseminação da gripe. Em caso de necessidade, ou de consulta já marcada, a orientação é para que o paciente vá à unidade desacompanhado. A presença de acompanhantes é recomendada para crianças, idosos ou pessoas com deficiência ou dificuldade de locomoção.